Homicídio

72% dos crimes na Região Metropolitana de SL são praticados com arma de fogo

Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, dos 200 homicídios dolosos ocorridos de janeiro a julho deste ano, 144 foram a tiros, a maioria cometidos por integrantes de facções criminosa, por ordem do Tribunal do crime

Ismael Araújo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
Armas de fogos é o instrumento mais usados nos homicídios dolosos na Ilha
Armas de fogos é o instrumento mais usados nos homicídios dolosos na Ilha (Armas)

SÃO LUÍS - Dos 200 homicídios dolosos ocorridos nos sete meses deste ano na Região Metropolitana de São Luís, 72% foram ocasionados por arma de fogo, segundo dados divulgados no site da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Um total de 144 pessoas foram assassinadas a tiros. A média é de 20 mortes por mês. De acordo com informações da polícia, a maioria desses casos teve participação de integrantes de facções criminosas. Os “faccionados” denominados como “disciplina”, “torre” ou “sintonia”, têm a missão de guardar as armas de fogo usadas nas ações criminosas.

No mês passado, por exemplo, dos 14 homicídios dolosos registrados, 13 foram praticados com arma de fogo. O mais recente teve como vítima um adolescente de 16 anos, fato ocorrido na noite do dia 31 de julho no bairro Recanto Verde, área da Vila Itamar. De acordo com as informações da polícia, o menor foi julgado e condenado à morte pelo “Tribunal do Crime”.

O menor teria cometido um furto no bairro e por isso acabou penalizado. Ele foi assassinado em via pública com vários tiros, um deles na cabeça. O caso está sendo investigado pela Superintendência Estadual de Homicídios e Proteção a Pessoas (SHPP). Até a tarde desta sexta-feira, 3, três menores de 15 anos tinham sido apreendidos.

Segundo o boletim de ocorrência, mais de 17 “faccionados” invadiram o Recanto Verde e dispararam tiros em via pública. O adolescente foi atingido nas proximidades da Rua Santo Antônio, no bairro. A polícia também informou que depois de matarem a vítima, os criminosos fugiram por uma área de matagal. A polícia foi acionada e realizou ronda na área.

Mais três adolescentes também foram mortos a tiros no mês passado na Ilha. Um deles no dia 25, na Cidade Olímpica. Outros dois casos no dia 14, no bairro Outeiro da Cruz e na Vila Funil. As vítimas tinham 15 anos.

Bala perdida

De acordo com as informações da polícia, um tiroteio promovido por integrantes de facções criminosas na área do Coroadinho causou a morte de duas pessoas inocentes no mês de junho. Uma das vítimas foi o adolescente Rudson Vitor Pires Fernandes, de 16 anos, fato ocorrido na tarde do dia 20.

O adolescente vinha da escola quando foi baleado. A poucos metros do local do crime existe um posto da Polícia Militar, que está abandonado. O prédio está sendo destruído por bandidos. As laterais do posto policial estão pinchadas, a vidraça quebrada e a porta de frente fechada.

Antes, no dia 17, foi assassinada Tatiana Santos do Carmo, a Tati, de 25 anos, na presença de sua filha de 4 anos, e do sobrinho. Ela foi atingida na cabeça por criminosos que trocavam tiros no bairro. Eles pretendiam executar um desafeto, identificado apenas como Maycon.

Após o crime, os suspeitos da morte de Tatiana Santos foram presos em flagrante e identificados como Moisés Pinheiro Pereira, Boaventura Sousa Pereira e Luís Carlos Santos Serra.

Somente no mês de junho ocorreram 37 homicídios dolosos, 27 por arma de fogo. Em maio foram 22 casos; abril, 20; março, 14; fevereiro, 17 e janeiro, 31 assassinatos a tiros.

“O valor do aluguel de uma arma de fogo varia muito e quando o pagamento não é efetuado pode resultar em morte. Esta é a lei do crime”.Delegado Lúcio Rogério, superintendente da SHPP

Migração de armas

“As facções criminosas não acumulam muitas armas. É possível dizer que existe uma migração, ou seja, uma só arma pode circular de bairro em bairro, principalmente quando é usada em determinado delito”, declarou o delegado Lúcio Rogério, superintendente da SHPP. Ele informou que na facção existe os homens denominados como sintonia, torre ou disciplina, que são os responsáveis pelo armamento.

Ainda segundo o delegado, são eles que fornecem o armamento para os criminosos realizarem os homicídios ou outras ações ilegais na Região Metropolitana de São Luís. “Quando uma arma de fogo é utilizada no crime, ela é entregue ao homem que a função de escondê-la para não chegar aos policiais. Muita vezes, essa arma fica circulando na cidade para atrapalhar o trabalho policial”, explicou o delegado.

Lúcio Rogério informou que os criminosos conseguem, também, armas por aluguel diretamente dos “chefes” de boca de fumo. “O valor do aluguel de uma arma de fogo varia muito e quando o pagamento não é efetuado, pode resultar em morte. Esta é a lei do crime”, disse o delegado.

Ele informou, ainda, que as blitzes realizadas pela Polícia Militar são importantes na apreensão de armas. “Muitos desses criminosos conduzem veículos irregulares e ao serem abordados em uma blitz policial acabam presos a arma apreendidas”, afirmou o delegado.

72%

dos 200 homicídios dolosos registrados este ano na Região Metropolitana de São Luís, foram praticados com arma de fogo, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública

Entenda

Assassinados por arma de fogo na Ilha

Janeiro: 31 casos

Fevereiro: 17 casos

Março: 14 casos

Abril: 20 casos

Maio: 22 casos

Junho: 27 casos

Julho: 13 casos

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