ONU alerta

1,5 mil imigrantes já morreram no Mediterrâneo em 2018

Chegadas caem pela metade na Europa, mas mortes atingem nível máximo desde 2014, segundo a agência de migração da ONU

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
Imigrante se refresca após completar travessia pelo Mediterrâneo e desembarcar na costa da Espanha
Imigrante se refresca após completar travessia pelo Mediterrâneo e desembarcar na costa da Espanha (Imigrante)

GENEBRA - Pelo menos 1,5 mil imigrantes já morreram durante travessias pelo mar Mediterrâneo em 2018. A rota entre Líbia e Itália é a mais fatal para quem busca uma vida melhor na Europa, na qual uma em cada 19 pessoas perdem a vida, segundo a agência de migração da Organização das Nações Unidas (ONU). Embora o número de imigrantes que chegaram à costa europeia tenha caído pela metade em comparação ao período de janeiro a julho de 2017, as mortes atingiram o ponto mais alto em quatro anos.

Ao todo, 55 mil imigrantes já chegaram à Europa em 2018. A esta altura no ano passado o número era de 111.753 pessoas. "É importante notar duas coisas: uma é que, apesar dos números incrivelmente baixos chegando à Itália, as mortes per capita ou o índice de mortalidade para cada mil pessoas pode ter atingido seu pico desde que a emergência começou", disse o porta-voz da OIM, Joel Millman, em comunicado. "Só uma vez nos últimos quatro anos esta marca foi atingida depois desta data em julho, e isso foi em 2014, quando a emergência só estava começando."

Outra diferença é que a Espanha superou a Itália como destino preferencial das embarcações que levam os imigrantes clandestinamente, tendo já registrado 21 mil imigrantes desde o início do ano. Enquanto isso, a costa italiana recebeu 18 mil imigrantes vindos pelo mar da Líbia. O restante dos migrantes e dirigiu a Grécia, Malta e Chipre.

Apesar da queda das chegadas de imigrantes por mar à Itália em comparação aos últimos anos, o seu novo governo de coalizão, formado por partidos populistas e ultradireitistas empossados em junho, aumenta a pressão sobre seus sócios da União Europeia (UE) por uma repartição maior dos imigrantes. Roma afirmou, na semana passada, que aceitará o desembarque de imigrantes em seu território com a única condição de que outros países do bloco aceitem assumir uma parte deles.

Colaboração

Por sua vez, a Comissão Europeia, braço executivo da UE, se ofereceu para colaborar financeiramente com países do bloco que criarem "centros controlados" em seu território para permitir o desembarque de imigrantes resgatados no mar. Sob a proposta, o Orçamento conjunto da entidade se comprometeria com um valor de € 6 mil por imigrante, além do financiamento do custo de centenas de funcionários para ajudar com o processo.

O objetivo dos centros seria distinguir entre pessoas que precisam de proteção internacional e, portanto, podem ter acesso ao asilo na UE, dos migrantes irregulares que não têm direito a permanecer no bloco e que deveriam ser devolvidos para seus países de origem. Para tentar desbloquear a crise política sobre a acolhida de imigrantes, principalmente pela negativa da Itália de permitir o desembarque de navios de ONGS, a UE concordou em examinar a ideia, assim como de plataformas regionais de desembarque.

Marrocos, Líbia e Tunísia já indicaram no passado sua oposição a este tipo de projeto que, segundo a Comissão Europeia, não se trata "nem de detenção, nem de campos para migrantes em países terceiros". A UE deve abordar o desembarque de imigrantes fora da Europa durante uma reunião prevista com o Acnur e a OIM em 30 de julho, em Genebra.


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