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Nova proposta de atendimento

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30

O Conselho Federal de Medicina encomendou pesquisa à Data Folha, objetivando conhecer o atual grau de satisfação das pessoas com o atendimento de Urgência e Emergência no Brasil. O resultado foi bastante decepcionante, mas, não reflete uma realidade diferente da que se vê no dia a dia do atendimento público no Brasil, que só não é pior, pela dedicação dos médicos, muitas vezes heróis e seus companheiros, os demais profissionais da saúde.

Apenas 27% avaliaram como bons ou ótimos os atendimentos nos Prontoz-Socorros públicos ou filantrópicos, tendo sido a demora a causa de maior descontentamento entre as pessoas ouvidas recentemente, já que muitas delas, passam várias horas em macas e até em cadeiras, independentemente de seus problemas de saúde, desde a chegada ao Serviço, até o momento da consulta. Por este motivo, foi implantado um Projeto novo na medicina, em alguns hospitais, como veremos abaixo.

No Pronto-Socorro da Santa Casa de São Paulo, a demora entre a chegada de um paciente e a consulta médica era em média 208 minutos, dos quais, um total de 100 minutos eram consumidos na Classificação de Risco, tempo este que, segundo o médico coordenador do projeto, dr. Welfane Cordeiro Junior, pode ser reduzido para dez minutos.

Sob a coordenação do Ministério da Saúde e do Hospital Sírio Libanês, de São Paulo, foi implantado o Sistema Lean em seis hospitais públicos e filantrópicos de São Paulo, Belo Horizonte, Palmas, Goiânia, e Fortaleza. Nesses hospitais o tempo de atendimento de Urgência e Emergência diminuiu em até 70%, após a implantação do Sistema criado pela Toyota, na década de 40, visando aumentar a produtividade e eficiência.

Com a implantação do Sistema, a mudança aconteceu na organização do fluxo dos pacientes que, agora, passou a ser realizado com o encaminhamento daqueles de menor gravidade, após serem atendidos na própria sala de espera, para a atenção básica, que resolve até 80% dos casos e, os mais graves, são encaminhados, logo após atendimento inicial, para serem submetidos a exames e/ou procedimentos. Com este Sistema, o médico e o enfermeiro vão até o paciente, ainda na sala de espera. O Lean deverá ser implantado em outros cem hospitais nos próximos três anos.

Algo muito importante, diz respeito às Equipes Médicas e demais profissionais da saúde, uma vez que a quantidade de atendimento, que já é grande, com a implantação do novo Sistema, aumenta e muito, necessitando de mais profissionais, além de maior aporte de insumos, pois, um dos grandes motivos pela demora de atendimento nos Prontos-Socorros é a falta de medicamentos, aparelhos, oxigênio, gases diversos, ataduras gessadas e, até luvas.

É importante salientar que o médico, muitas vezes é responsabilizado pela precária situação de acolhimento na maioria dos Serviços públicos, quando, também, é vítima da situação existente. Senão vejamos: médicos, clínicas e hospitais que trabalham por serviço prestado para o Sistema Único de Saúde são remunerados por uma Tabela que não tem reajuste há quatorze anos, e, para completar, os últimos Governos Federais devem 26 bilhões aos SUS, não tendo repassado o que, no papel estava reservado.

Abdon Murad

Médico

E-mail: abdonmurad@uol.com.br

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