Programa nuclear

Irã anuncia nova fábrica de centrífugas para enriquecer urânio

Medida do governo iraniano vem poucos dias antes de Estados Unidos reaplicar pacote de sanções contra o país

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30


TEERÃ - O chefe da agência atômica do Irã anunciou ontem que o país construiu uma fábrica capaz de produzir rotores suficientes para a montagem de 60 centrífugas por dia, o que aumenta a tensão com Washington em relação ao programa nuclear da República Islâmica.

O anúncio vem um mês depois de o líder religioso do país, o aiatolá Ali Khamenei, dizer que o país poderá aumentar o enriquecimento de urânio se o acordo nuclear de 2015 não puder ser mantido depois da saída dos Estados Unidos.

Sob os termos do pacto, que também foi assinado por Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha, o Irã se compromete a não produzir a bomba atômica, em troca do fim das sanções econômicas que estrangulavam sua economia. As sanções da ONU e da União Europeia continuam suspensas, mas a volta das sanções americanas ameaça as companhias europeias que desde 2015 incrementaram o comércio com o Irã e assinaram contratos para investir no país.

Apesar da saída dos Estados Unidos, os outros países envolvidos estão lutando para que o acordo continue, dizendo que essa é a melhor maneira de evitar que o país persa tenha as condições de desenvolver uma bomba atômica.

O Irã afirmou que irá esperar a movimentação dos outros países, mas já sinalizou que está pronto para aumentar o enriquecimento de urânio. O governo iraniano insiste em que seu programa nuclear tem unicamente fins pacíficos, como a geração de energia e a produção de isótopos usados na medicina.

Termos do acordo

Ali Akbar Salehi, o chefe da agência atômica, defendeu que a nova fábrica não desrespeita os termos do acordo.

"Ao invés de construirmos a fábrica nos próximos sete ou oito anos, resolvemos construí-la durante as negociações, apesar de não termos começado a operá-la. Obviamente, Khamenei foi inteiramente informado e lhe demos a informação necessária. Agora que ele deu a ordem, a fábrica começou a operar com toda sua capacidade", disse ele à mídia estatal iraniana.

A fábrica terá capacidade de construir 60 centrífugas IR-6 por dia. No último mês, Salehi anunciou que o Irã tinha começado a trabalhar na infraestrutura necessária para construir centrífugas avançadas na usina de Natanz.

Após a retirada dos EUA do pacto de 2015, o governo americano irá aplicar novamente sanções contra o Irã, o que fará "pressão inédita", segundo o país. O primeiro pacote de sanções, que atinge as áreas de saúde, energia e finanças, será implementado em agosto. As demais, que visam o setor petrolífero, passam a vigorar em novembro. As empresas europeias no país serão afetadas porque também têm negócios nos Estados Unidos e usam o dólar em muitas de suas transações internacionais. De acordo com um levantamento feito pelo próprio governo americano, 50 empresas europeias já anunciaram que suspenderão suas atividades no Irã, por temer as sanções dos Estados Unidos.


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