Atividades

Litorânea representa fonte de renda e desenvolvimento econômico

Bares se instalaram nos arredores da via e mantêm ativa a economia da região nas últimas duas décadas; turismo ajudou a impulsionar configuração

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30
Avenida Litorânea atrai eventos e público diversificados à noite e registra grande movimentação
Avenida Litorânea atrai eventos e público diversificados à noite e registra grande movimentação

SÃO LUÍS- Se por um lado a Avenida Litorânea representou a criação de um acesso para bairros importantes da capital maranhense, por outro a inauguração da via também trouxe a consolidação de atividades econômicas representadas, basicamente, pela oferta de serviços de alimentação, entretenimento, além da oferta de lazer. Desde os primeiros meses de inauguração, a avenida vivenciou a construção de bares na faixa de areia que, por anos, foram alvos de disputas nos bastidores e na Justiça para a padronização destes espaços, mantendo a fonte de renda e, simultaneamente, respeitando a legislação que protege a orla a partir de conceitos de preservação ambiental.

Além dos bares, vendedores informais com diferentes produtos e estabelecimentos de outros segmentos, como hospedagem e vestuário, também se fixaram na Avenida Litorânea. Um dos pontos de maior concentração de comerciantes é a área na Litorânea conhecida popularmente como “Parquinho”. O espaço, que consta no projeto original da via, é conhecido por ser ponto de concentração, em especial do público infantil, que, com seus pais e responsáveis, passam fins de tarde e noites no local, curtindo a brisa da praia.

Outros vendedores que também usam a via para ganho de renda são os que oferecem alimentos e itens de artesanato. Se os vendedores de lanches se concentram no parquinho, estes costumam circular por toda a Avenida Litorânea, oferecendo produtos de bar em bar para cada cliente.

Beleza do pôr do sol na Praça do Pescador é um atrativo à parte na área para os visitantes
Beleza do pôr do sol na Praça do Pescador é um atrativo à parte na área para os visitantes

Atividades físicas
Nos fins de tarde e, em especial, à noite, a Avenida Litorânea costuma receber, diariamente, centenas de pessoas que estão em busca da boa forma física. São várias pessoas que usam a ciclovia e área de caminhada da via para a famosa “corridinha”.

Aos domingos, parte da Avenida Litorânea é interditada, nos dois sentidos, para oferecer um maior espaço aos amantes das atividades físicas. A interdição é normalmente coordenada por agentes da Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte (SMTT).

Negócios
Vários negócios ocorrem nos arredores da Avenida Litorânea. Um dos mais interessantes que O Estado registrou, esta semana, está situado na Praia do Caolho. A então dona de casa Ana Zélia decidiu levar quatro triciclos para a pista e oferecer o aluguel do uso. O tempo mínimo é de 15 minutos e a posse temporária custa R$ 15,00. A atração é sucesso de público, em especial durante as férias. “A gente está com um bom movimento, especialmente aproveitando quem passa com seus filhos na Avenida Litorânea para passear”, disse.

Ela, que usa a via há 12 anos para ganhar a vida de diferentes formas, viu também o desenvolvimento da via ao longo do tempo. “A avenida [Litorânea] sempre foi usada por quem quis ganhar um extra. Não adiantaria ter as praias, se o acesso não for bom, como é aqui”, frisou.

Triciclos podem ser alugados para um passeio diferente pela via; veículos atraem bom público
Triciclos podem ser alugados para um passeio diferente pela via; veículos atraem bom público

Alugado
Outro estabelecimento conhecido dos áureos tempos de Avenida Litorânea era o Guaraná do JC. O dono do negócio alugou o terreno e, apesar de não funcionar mais na via, ainda se lembra de muitos acontecimentos. “Muita gente tomou lá o nosso guaraná”, disse José Cícero Quintanilha, o JC, dono do antigo empreendimento.

O Guaraná, que funcionava 24 horas, por pouco não foi retirado em 2005. “O Ministério Público [Federal] implicou com a minha barraca e quis me tirar de lá. Foi um momento difícil, pois já tinha muitos clientes e, por pouco, não saí”, afirmou JC.

De acordo com JC, a avenida Litorânea foi responsável pelo seu sustento. “Somente ganhei a minha vida de forma honesta a partir de pessoas que frequentaram diariamente a Avenida Litorânea. Uma via bem-feita e que até hoje tem sua importância”, disse.

A Avenida Litorânea teve e tem uma importância fundamental para o tráfego, para o turismo e para o lazer da nossa população, além de trazer um ar de modernidade à nossa capital, valorizando toda aquela região praiana”Edison Lobão, senador, ex-governador do Maranhão e quem executou a obra da Av. Litorânea

Bares famosos
Um dos bares mais famosos nos primeiros anos de fundação da Avenida Litorânea era o Merluza. Outro conhecido nesta época era o Bar O Luar, na mesma via. Segundo pessoas que frequentam a via nesta época, eram dois dos estabelecimentos mais conhecidos.

Após desentendimentos com o poder público, o Merluza foi derrubado em meados de 1995. Atualmente, outros bares oferecem vários serviços de lazer e entretenimento de forma criativa e gratuita. Além de serem frequentados durante o dia, à noite a Avenida Litorânea – especialmente durante os fins de semana – é muito visada por quem quer curtir uma boa música no fim de semana.

Bar Merluza Grelhados, na Litorânea, teve estrutura derrubada por decisão da Justiça no passado
Bar Merluza Grelhados, na Litorânea, teve estrutura derrubada por decisão da Justiça no passado

Pipoca e fim de festa

E quem nunca passou, ao menos uma vez, na famosa pipoca do Marafolia? O termo, criado literalmente para representar os brincantes que pulavam nos blocos e não tinham o abadá (camisa que era a autorização de acesso ao corredor da folia) também marcou anos e anos da Avenida Litorânea. Os pipoqueiros se concentravam ao lado do corredor, na via, e também curtiram a festa à sua maneira com apresentações oferecidas para eles.

O bloco também era conhecido pelos ocupantes e admiradores da festa de “sem corda”, por ser livre e aberta para todos.

No ano de 2013, a 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão (TJMA) manteve o julgamento da Ação Popular que proibiu o Marafolia em qualquer ponto da orla da Avenida Litorânea. O posicionamento foi ao encontro do que havia entendido o juiz da 3ª Vara da Fazenda Pública, José Jorge Figueiredo dos Anjos.

De acordo com informações do TJ divulgadas à época, a ação foi proposta em outubro de 2007 contra o Município de São Luís. Segundo as alegações, o evento “estaria causando danos ambientais às praias da capital”, com a busca clara de fins lucrativos em um cenário público “praieiro próximo à vegetação”.

Apesar das alegações contrárias da empresa Marafolia, organizadora do evento, que argumentou que não havia qualquer impedimento para a realização do carnaval na via, por não se localizar, de acordo com a empresa, em área de preservação permanente, a relatoria do processo não acatou os argumentos dos promotores do evento.

NÚMEROS

70% das praias da Região Metropolitana estão impróprias para banho


30% é a queda estimada de faturamento pela limitação da Avenida Litorânea para estacionamento

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