Coluna

Palmas para dom José Belisário

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30

No livro História Eclesiástica do Maranhão, dom Felipe Condurú Pacheco revela que a partir de março de 1924 a Igreja Católica de São Luís inaugurou um jornal semanal “empenhado na formação cívico-religiosa do povo maranhense”, ato ocorrido no vicariato de dom Otaviano Albuquerque, que se valeu da União de Moços Católicos para editá-lo com o nome de Correspondente.


Ao longo do tempo, o hebdomadário católico sofreu diversas alterações quanto à denominação, à circulação e aos corpos redacional e direcional. Na década de 1930, na gestão de dom Carlos Carmelo, o jornal perde o nome de Correspondente e assume o de Maranhão, com “circulação diária, quatro páginas, seções novas e interessantes, gravuras, colaboradores eruditos” e sob a direção do padre Joel Barbosa Ribeiro, que, anos depois, ingressa na política, elege-se deputado estadual, abandona a batina e troca o integralismo pelo vitorinismo.


Nos anos 1940, em que dom Adalberto Sobral assume a direção da arquidiocese, o jornal Maranhão continua a circular e ser o veículo informativo do catolicismo, que melhora de apresentação em função da nova linotipo adquirida pela Tipografia São José.


Dez anos depois, a arquidiocese do Maranhão ganha um novo prelado: dom José de Medeiros Delgado, que pelo seu empreendedorismo, deflagra importantes iniciativas na estrutura eclesiástica maranhense, que repercutiram na opinião pública e deram alma nova ao catolicismo timbira, com destaque para a criação do Departamento Universitário de Rádio, Jornal e Livro, ao qual vincularam-se a Tipografia São José, a Rádio Educadora e o jornal Maranhão, este, passa por profunda reforma e ressurge em setembro de 1957 com o nome de Jornal do Maranhão, com oito páginas a duas cores e gravuras.


Nesta nova fase, segundo dom Felipe Condurú, servem-lhe de lema os dísticos: “Palavra e Ação”- “Verdade e Justiça”, e tem como diretor o padre Antônio Bezerra Bonfim e redator-chefe, o cônego José de Ribamar Carvalho. A 15 de fevereiro de 1961, dom Delgado nomeia o padre Leonel Carvalho para comandá-lo.


Em substituição a dom Delgado, nomeado arcebispo do Ceará, em maio de 1963, assume o Governo Arquidiocesano, o bispo-auxiliar, dom Antônio Batista Fragoso, homem culto, inteligente e que enfrenta problemas com as autoridades federais por defender posições contrárias ao regime militar. Nesse particular, chega a se indispor com os redatores do Jornal do Maranhão, apontados como “agentes da política de Carlos Lacerda e que servem mais ao capitalismo norte-americano do que a democracia brasileira”.
A 19 de julho de 1964, dom Fragoso transfere para dom João José da Mota e Albuquerque, a titularidade do arcebispado do Maranhão. Por ser um bispo conservador, trata de diminuir os atritos com as autoridades federais, que chegaram a censurar o Jornal do Maranhão e que por isso fecha as portas em janeiro de 1971.
Quando os católicos maranhenses pensavam que nunca mais o Jornal do Maranhão teria vida em nossa terra, eis que, em setembro de 2005, o papa Bento XVI, nomeia bispo metropolitano de São Luís, o mineiro José Belisário, graduado em Filosofia e Teologia pela Universidade Católica de Minas Gerais, prelado astuto, sóbrio e dotado de imensa cultura, mas avesso à notoriedade pública e que trabalha no anonimato.
Depois de quatro anos de atuação à frente do apostolado de São Luís, dom Belisário, sem alarde, mas com determinação, ressurge das cinzas o Jornal do Maranhão, desta feita, com nova roupagem gráfica, 16 páginas, policromia, visualmente moderno e com redatores e colaboradores de primeira linha intelectual.
O Maranhão fica a dever a dom José Belisário, dentre tantas e boas ações que tem realizado no Maranhão, no campo do apostolado católico, a magnífica iniciativa de ressuscitar um jornal que há 36 anos se encontrava em estado de hibernação, que retorna à cena católica de modo triunfante, tanto que, em pouco tempo de circulação, já alcançou a tiragem de dez mil exemplares.

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