Interferência russa

EUA acusam 12 espiões russos por ciberataques contra Hillary

Anúncio do procurador especial vem às vésperas de encontro de Trump com Putin; americano fala em ''caça às bruxas''

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30
Os presidentes americano e russo, Donald Trump e Vladimir Putin, se encontram segunda-feira, 16
Os presidentes americano e russo, Donald Trump e Vladimir Putin, se encontram segunda-feira, 16 (Trump e Putin)

WASHINGTON — A equipe do procurador especial Robert Mueller, que investiga a suposta interferência russa nas eleições americanas de 2016, acusou formalmente 12 agentes da Inteligência russa de hackear organizações ligadas à campanha da candidata democrata Hillary Clinton. Uma rede de computadores ao redor do mundo foi usada, segundo a denúncia, para roubar informações de 500 mil usuários da internet, conduzir ações de espionagem, hackear contas de organizações e lavar dinheiro através de criptomoeda.

Segundo o vice-procurador-geral, Ron Rosenstein, que apresentou a denúncia, o presidente Donald Trump já foi informado dos resultados da investigação no início da semana e está ciente da natureza das evidências. Na segunda-feira, 16,o chefe da Casa Branca se encontrará com o presidente russo, Vladimir Putin, na Finlândia.

Em comunicado, o Departamento de Justiça disse que funcionários da agência de Inteligência militar da Rússia, a GRU, "em suas capacidades profissionais se engajaram em um esforço sustentado para haquear redes de computadores do Comitê de Campanha do Partido Democrático, do Comitê Nacional Democrata e da campanha presidencial de Hillary Clinton e divulgou informações na internet sob os nomes DCLeaks e Gufficer 2.0".

"O indiciamento acusa 12 autoridades militares russas nominalmente de conspirar para interferir na eleição presidencial de 2016", afirmou o vice-procurador-geral Rod Rosenstein, em entrevista coletiva.

Segundo ele, o documento de denúncia não inclui nenhuma conclusão de que os esforços russos foram bem-sucedidos em influenciar o resultado da eleição. Embora o papel de DCLeaks e Guccifer 2.0 na distribuição de materiais hackeados do Partido Democrata tenha sido amplamente divulgado, o indiciamento oferece novos detalhes de suas atividades e das autoridades de Inteligência russos supostamente por trás deles.

A equipe de Robert Mueller, promotor especial que lidera a investigação sobre suposta ingerência nas eleições dos EUA, já apresentara em fevereiro mais de 100 acusações criminais contra 32 pessoas e três empresas, incluindo 13 russos que teriam orquestrado uma campanha nas redes sociais contra a candidatura de Hillary. Para isso, estes acusados teriam se passado por americanos, usando identidades falsas, para espalhar mensagens divisivas, além de terem viajado so EUA para coletar informações de Inteligência e participado de comícios políticos como se fossem eleitores.

No entanto, a sexta-feira,13, marcou a primeira vez em que funcionários do governo russo foram diretamente acusados.Até agora, Trump não foi acusado de conluio com essa rede e, segundo Rosenstein, não há evidências que apontem ao envolvimento de cidadãos americanos nos crimes citados. O Kremlin nega qualquer interferência na campanha americano e o envolvimento na invasão dos computadores ligados à campanha de Hillary.

Caça às bruxas

Na sexta, 13, poucas horas do anúncio, Trump chamou a investigação especial de "uma caça às bruxas fraudulenta" que dificulta acordos substanciais com a Rússia. O presidente faz uma visita a Londres, onde esteve com a premier Theresa May e a rainha Elizabeth.

"Temos essa estupidez, pura estupidez, mas torna muito difícil fazer algo com a Rússia porque, qualquer coisa que você faz, é como: 'Rússia, ah, ele ama a Rússia'. Eu amo os Estados Unidos, mas adoro conviver com a Rússia, a China e outros países. Eu chamo isso de caça às bruxas fraudulenta. Acho que isso realmente prejudica nosso país e realmente prejudica nosso relacionamento com a Rússia.

As relações entre Washington e Moscou estão no ponto mais baixo desde a Guerra Fria. Os países estão em desacordo em relação à Síria, à Ucrânia, às alegações de interferência russa na eleição presidencial dos EUA em 2016 e às acusações de que Moscou estava por trás do envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal na Grã-Bretanha, em março.

A cúpula entre Putin e Trump provavelmente irritará aliados dos Estados Unidos que querem isolar Putin, como o Reino Unido, ou países que estão preocupados com a atitude de Trump em relação à Rússia. A reunião também deve ser mal recebida entre críticos internos e estrangeiros que questionam o comprometimento de Trump com a Otan e se preocupam com o desejo do presidente dos Estados Unidos de retomar laços com Moscou ao mesmo tempo em que Washington intensifica as sanções contra o país. Na sexta-feira, 13, Kremlin disse esperar que o encontro abra o caminho para que Trump visite Moscou e Putin visite Washington.

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