Artigo

Clube de Engenharia do Maranhão assumindo a sua posição na sociedade

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30

As estradas brasileiras são péssimas em qualidade e durabilidade. O Brasil tem um órgão especializado em transportes, hoje chamado de DNIT, que, há anos, padronizou os equipamentos, as análises e métodos rodoviários, inclusive o cálculo dos pavimentos, que é a base que suporta os movimentos e os esforços que atuam sobre as rodovias. Acontece que o modo rodoviário evoluiu em quantidade e tonelagem dos veículos, mas a metodologia de cálculo do pavimento permaneceu vinculada a um sistema americano de 1929 que se baseia na comparação entre as condições do nosso solo com a Brita Californiana, daí surgindo o Índice Suporte Califórnia (ISC) que, no Brasil, assumiu o nome de CBR e continua sendo ensinado nos cursos de engenharia civil, embora esteja ultrapassado. É um método sem nenhuma base matemática que o justifique e o Brasil é um dos poucos países do mundo a utilizá-lo.

Nesse contexto, as nossas estradas, com cerca de 1.700.000 km de extensão, jamais alcançarão um padrão de qualidade que justifique os investimentos que recebem anualmente. Felizmente o DNIT, a partir deste ano, resolveu mudar a metodologia de cálculo estabelecendo um novo modelo mecanístico-empírico para a previsão de desempenho dos pavimentos, a exemplo do que já é usado pelas concessionárias rodoviárias, que têm na durabilidade das suas estradas a razão principal dos seus lucros.

O Clube de Engenharia do Maranhão está participando desse processo de mudança, que exige estudos de modelos matemáticos e técnicas numéricas mais avançadas à consolidação da qualidade das nossas rodovias. As nosas universidades tem de adequar o ensino da engenharia civil a essa nova realidade, caso contrário vão continuar ensinando aos seus alunos assuntos ultrapassados. Sugerimos, também, que o CREA/MA, ao analisar os projetos que lhe são apresentados para registro, adote a nova tecnologia de cálculo.

O custo atual das nossas rodovias, dependendo de suas características, oscila entre R$1.000.000,00.e R$ 1.500.000,00 por quilômetro, para uma vida média de cinco anos (às vezes até menos), enquanto que, pela nova metodologia de cálculo e com técnica construtiva bem administrada e um bom serviço de conservação, pode durar o tempo necessário para o retorno do capital investido, isto é, dez anos, admitindo-se uma taxa interna de 10% a.a.

As autoridades responsáveis em contratar e executar novos projetos devem fazer aplicando a nova maneira de cálculo do pavimento que é mais segura, eficiente, preciso e econômica. Esse método praticamente elimina o valor do transporte do material importado, um fator que pesa no orçamento da obra, além de melhorar o desempenho estrutural com o uso de material preparado com novas técnicas de estabilização.

O Clube de Engenharia do Maranhão se ressente do nosso estado não possuir um órgão específico para cuidar exclusivamente do setor de transporte. Seria um espaço de estudos e planejamento dos diversos modais, coordenado por uma equipe técnica de especialistas. Enfatizamos que o objetivo deste artigo não é criticar ou estabelecer culpas, uma vez que se trata de uma distorção técnica não observada e aceita por todos em nosso país. O propósito do Clube de Engenharia do Maranhão é cumprir o seu papel de zelar pela engenharia de qualidade e, nesse caso específico, pelo aprimoramento de nossa malha viária para a maior segurança e conforto dos usuários maranhenses.


Arthur Ribeiros Bastos

Engenheiro civil e sócio do Clube de Engenharia do Maranhão


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