Turismo

Hotéis têm baixa ocupação neste período de férias em São Luís

Segundo a Abih-MA, a expectativa é que a taxa de ocupação seja de 39% nesta alta temporada; condições de pontos turísticos são alvos de queixas

MONALISA BENAVENUTO, O ESTADO DO MA

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30

SÃO LUIS - A baixa no número de turistas em São Luís é reflexo de ações insuficientes de órgãos públicos, de acordo com proprietários e administradores de hotéis e pousadas da capital. Alguns estabelecimentos apontam o ano de 2018 como o mais fraco para o setor nos últimos cinco anos. Despreparo de funcionários do setor, insegurança e condições precárias dos principais pontos turísticos da cidade são as queixas mais frequentes de quem ainda visita São Luís.

Há 11 anos Rodrigo Caracas ingressou no ramo do turismo com a aquisição de um hotel localizado na Avenida Litorânea, um dos locais mais frequentados por quem visita São Luís. Apesar da riqueza cultural, ambiental e histórica da cidade, os últimos anos têm representado baixos resultados no setor hoteleiro, de acordo com o empresário.

"Se eu for comparar com o ano de 2014, 2013 para cá, vem caindo vertiginosamente. Hoje nós estamos numa faixa de 25% do que era em 2013. São Luís é uma cidade que tem grandes pontos turísticos, praias, passeios, mas nós não temos incentivos dos órgãos públicos. Nós pagamos impostos, mas não temos retorno", explicou.

Rodrigo Caracas explicou que o mês de julho continua sendo o período de maior intensidade para o setor, mas, ao contrário do que acontecia há cerca de cinco anos, o lucro não é suficiente para cobrir as despesas de períodos de baixa temporada.

"Existe uma pequena melhora no mês de julho, mas ela é tão insignificante que na hora que você vai para um mês mais baixo, que é agosto e setembro, ela se anula e vai a uma negatividade no conjunto do ano, quando até 2015 a rentabilidade possibilitava sustentar o hotel nos meses de baixa. E essa queda brutal é resultado de uma política muito ruim de gestão de turismo no Maranhão", contou.

Queixas
Caracas destaca os problemas estruturais da capital maranhense como uma das principais reclamações de turistas. "A maior queixa dos hóspedes é que eles vão ao Centro Histórico e está tudo muito abandonado, o que é uma pena. Eles acham São Luís um lugar bonito, mas reclamam das estrutura", ressaltou o empresário.

De acordo com o empresário, desde a inauguração do hotel, nenhum órgão público procurou o estabelecimento para discutir diretrizes para aquecer o turismo de São Luís. "Temos 11 anos estabelecidos e nunca veio ninguém nem me perguntar como está a ocupação. O turismo no Maranhão, na verdade, é feito por cada empresa, não existem políticas conjuntas como acontece em outros estados", pontuou Caracas.

As reclamações são semelhantes em outros pontos da cidade. Roni Leite é gerente de uma pousada localizada no Centro Histórico de São Luís e concorda que o setor precisa de investimentos à altura dos atrativos da cidade. "Os problemas, principalmente estruturais, passam uma imagem ruim para aquela pessoa que está chegando e que vai levar informações também não muito boas da cidade", frisou.

Para o administrador, há ainda falta de investimentos para a publicidade da capital em outras cidades do Brasil e do mundo. "Outro ponto que a gente sente que há pouco incentivo são as campanhas publicitárias. Você incentivar pessoas de outros estados a vir ao Maranhão, campanhas mais fortes, mais massificada. A gente vê pelo público europeu que no mês de junho vem para a cidade e outros lugares do Brasil, mas confirmam que as festas juninas não são divulgadas lá fora. Os clientes chegam, perguntam mas as informações que chegam são mais de 'boca', não é uma coisa mais técnica, direcionada a esse tipo de público", ressaltou o gerente.

Em concordância ao que o empresário Rodrigo Caracas pontuou, Roni Leite destacou a fraca atuação dos órgãos públicos em relação ao setor. "O micro e o grande empresário aqui do Centro Histórico só consegue sobreviver aqui indo atrás dos clientes. Você vê que muitos desses prédios abandonados são de empresários que não conseguem resolver o problema porque não depende só deles. O turismo não se faz sozinho. Eu acredito que os governantes, os Poderes devam se juntar e fazer uma ação em relação a isso", ressaltou.

Taxa
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Maranhão (Abih-MA), em 2017 a taxa de ocupação dos hotéis de São Luís, no mês de junho, era de 54%, enquanto neste ano, no mesmo período, a taxa foi de 32% e a expectativa é de que, na alta temporada, essa taxa seja de 39%.

Para o presidente da associação, João Antônio Barros Filho, a condição das praias é um fator importante que reflete nestes dados. "Enquanto nós não resolvermos esse problema da balneabilidade das praias, nós não resolveremos o problema do turismo. A balneabilidade é o calcanhar de Aquiles do turismo. 85% do turista que procura o Nordeste busca praias e isso é o que diferencia São Luís de lugares como Barreirinhas, Jericoacoara e Natal, por exemplo, que oferecem praias e lagoas ao turista", explicou.

Sobre esta questão, a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) informou que pretende aumentar de 4% para 70% o índice de esgoto tratado na capital, por meio do programa Mais Saneamento, do governo estadual. Para tanto, está instalando 355 km de rede coletora de esgoto e interceptores, construindo novas Estações Elevatórias de Esgoto e duas novas ETEs (Vinhais já entregue e Anil em construção), que se somam às duas já existentes para tratamento de esgoto na capital.

Nota da Sectur

O Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Cultura e Turismo (Sectur), vem investindo constantemente em ações para a atração de turistas ao estado. Somente neste ano, participamos de cinco feiras nacionais e internacionais para promoção dos nossos destinos turísticos, com destaque para os polos São Luís, Lençóis Maranhenses e Chapada das Mesas.

Os investimentos também estão na área de infraestrutura, com ações de limpeza e conservação de espaços públicos com apelo turísticos e criação de novos pontos de visitação, como o Museu do Reggae e o Forte Santo Antônio. Programações culturais divulgadas em nível nacional também fazem parte desde planejamento de atração turística, como é o caso do Réveillon, Carnaval e São João.

Mais recentemente, a programação de férias conta com eventos culturais durante os finais de semana do mês de julho em pontos estratégicos como a Praça Nauro Machado que voltou a ser um espaço de diversão no Centro Histórico de São Luís, na Praça da Lagoa com uma programação voltada para o público infantil, Praça do Reggae e na Beira Rio no município de Barreirinhas.

Os dez polos turísticos do Maranhão são beneficiados com projetos que capacita e qualifica profissionais do setor. Orienta ainda empresários no cadastro de prestadores de serviços turísticos e regionalização unindo ações de maneira associada e articulada de incentivo à estruturação turística dos municípios.

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