SÃO LUÍS - Além das condições sociais desfavoráveis, outro fator que agrava o problema da leishmaniose na capital maranhense é a ausência de um suporte de órgãos públicos para o controle epidemiológico da doença. Em São Luís, em funcionamento desde 1988, a Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ) - cuja sede atual está instalada desde 2016 após reforma executada pela Prefeitura de São Luís na estrada que dá acesso ao município de São José de Ribamar - não está com as condições ideais para este tipo de trabalho.
Ações, como o recolhimento de animais, não estão sendo feitas. Até o fechamento desta edição, o Município não havia sinalizado com qualquer prazo para a retomada desse trabalho.
Sem o recolhimento, entidades ligadas à defesa dos animais orientam que representantes da UVZ deveriam promover outras ações como o controle do mosquito transmissor da doença. Quanto à vacinação, de acordo com a direção do serviço, até o momento não há uma vacina aprovada pelo Ministério da Saúde (MS) para o controle e tratamento da doença.
A ausência do suporte necessário para o controle da leishmaniose na cidade poderia ser revertida, caso ações tomadas pelo poder público tivessem um ponto final. Um exemplo disso foi a tentativa, ainda no ano passado, de ampliar a cobertura da UVZ para além dos limites da capital maranhense.
Em maio do ano passado, foi proposto pelo Governo do Maranhão um termo de cooperação para o controle dos animais em toda a Região Metropolitana, ou seja, incluindo São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa.
A sugestão, até o momento, não foi posta em prática e nem mesmo os animais de São Luís dispõem do suporte necessário dos órgãos de controle.
Na quinta-feira (5), o Ministério Público do Maranhão (MPMA) ingressou com Ação Civil Pública contra o Município de Paço do Lumiar para que sejam implantadas as medidas necessárias ao controle da leishmaniose. Segundo o MP, em Paço não há nenhum trabalho de monitoramento da doença. Até o fechamento desta edição, a administração do município não se manifestou sobre a medida.
Fim de serviço
Caso a proposta de ampliação da cobertura da UVZ avançasse, haveria - em tese - elevação da verba atual destinada para a manutenção do serviço. A Unidade, aliás, funcionava até 2015 no Campus Paulo VI da Universidade Estadual do Maranhão (Uema). No entanto, devido a desentendimentos entre a direção da instituição de ensino superior e da Secretaria Municipal de Saúde (Semus), a pasta municipal informou ter sido obrigada a retirar o serviço dos limites universitários.
Por sua vez, a direção da Uema mencionou - em nota divulgada no dia 12 de agosto de 2015 - que foi a Semus quem tomou a medida de maneira “unilateral” de retirar o serviço da área do campus.
Após a saída da Uema, o serviço passou a funcionar de forma temporária nas instalações do Centro de Saúde Carlos Macieira, no bairro Sacavém, em São Luís. A partir de 2016, a Prefeitura deu início a uma série de serviços em um prédio onde está instalado atualmente a UVZ. De acordo com informações do próprio Município, a recuperação do espaço incluiu melhorias nas instalações elétricas e hidráulicas, além de recuperação de laboratórios e pintura interna e externa do prédio. Houve ainda, de acordo com a Prefeitura, a “construção de quatro canis para isolamento dos animais para observação”.
Questionada, a Prefeitura de São Luís não informou se os canis estão sendo usados. De acordo com o Portal da Transparência do Município de São Luís, o valor orçado para a “prevenção e controle de zoonoses e acidentes causados por animais peçonhentos e venenosos” e previsto para o período entre janeiro e julho deste ano foi de aproximadamente
R$ 160 mil. O canal não detalhou os investimentos realizados no setor com este montante.
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