Risco

Vigilância em Zoonoses não dispõe de estrutura para controlar calazar

Serviço deveria ser a referência no tratamento na capital; no entanto, a direção admitiu que as medidas de prevenção contra a leishmaniose não são as ideais

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30
Cachorro com feridas pelo corpo, um dos sintomas de que pode estar contaminado com calazar
Cachorro com feridas pelo corpo, um dos sintomas de que pode estar contaminado com calazar (cachorro calazar)

SÃO LUÍS - Além das condições sociais desfavoráveis, outro fator que agrava o problema da leishmaniose na capital maranhense é a ausência de um suporte de órgãos públicos para o controle epidemiológico da doença. Em São Luís, em funcionamento desde 1988, a Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ) - cuja sede atual está instalada desde 2016 após reforma executada pela Prefeitura de São Luís na estrada que dá acesso ao município de São José de Ribamar - não está com as condições ideais para este tipo de trabalho.

Ações, como o recolhimento de animais, não estão sendo feitas. Até o fechamento desta edição, o Município não havia sinalizado com qualquer prazo para a retomada desse trabalho.

Sem o recolhimento, entidades ligadas à defesa dos animais orientam que representantes da UVZ deveriam promover outras ações como o controle do mosquito transmissor da doença. Quanto à vacinação, de acordo com a direção do serviço, até o momento não há uma vacina aprovada pelo Ministério da Saúde (MS) para o controle e tratamento da doença.

A ausência do suporte necessário para o controle da leishmaniose na cidade poderia ser revertida, caso ações tomadas pelo poder público tivessem um ponto final. Um exemplo disso foi a tentativa, ainda no ano passado, de ampliar a cobertura da UVZ para além dos limites da capital maranhense.

Em maio do ano passado, foi proposto pelo Governo do Maranhão um termo de cooperação para o controle dos animais em toda a Região Metropolitana, ou seja, incluindo São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa.

A sugestão, até o momento, não foi posta em prática e nem mesmo os animais de São Luís dispõem do suporte necessário dos órgãos de controle.

Na quinta-feira (5), o Ministério Público do Maranhão (MPMA) ingressou com Ação Civil Pública contra o Município de Paço do Lumiar para que sejam implantadas as medidas necessárias ao controle da leishmaniose. Segundo o MP, em Paço não há nenhum trabalho de monitoramento da doença. Até o fechamento desta edição, a administração do município não se manifestou sobre a medida.


Fim de serviço
Caso a proposta de ampliação da cobertura da UVZ avançasse, haveria - em tese - elevação da verba atual destinada para a manutenção do serviço. A Unidade, aliás, funcionava até 2015 no Campus Paulo VI da Universidade Estadual do Maranhão (Uema). No entanto, devido a desentendimentos entre a direção da instituição de ensino superior e da Secretaria Municipal de Saúde (Semus), a pasta municipal informou ter sido obrigada a retirar o serviço dos limites universitários.

Por sua vez, a direção da Uema mencionou - em nota divulgada no dia 12 de agosto de 2015 - que foi a Semus quem tomou a medida de maneira “unilateral” de retirar o serviço da área do campus.

Após a saída da Uema, o serviço passou a funcionar de forma temporária nas instalações do Centro de Saúde Carlos Macieira, no bairro Sacavém, em São Luís. A partir de 2016, a Prefeitura deu início a uma série de serviços em um prédio onde está instalado atualmente a UVZ. De acordo com informações do próprio Município, a recuperação do espaço incluiu melhorias nas instalações elétricas e hidráulicas, além de recuperação de laboratórios e pintura interna e externa do prédio. Houve ainda, de acordo com a Prefeitura, a “construção de quatro canis para isolamento dos animais para observação”.

Questionada, a Prefeitura de São Luís não informou se os canis estão sendo usados. De acordo com o Portal da Transparência do Município de São Luís, o valor orçado para a “prevenção e controle de zoonoses e acidentes causados por animais peçonhentos e venenosos” e previsto para o período entre janeiro e julho deste ano foi de aproximadamente
R$ 160 mil. O canal não detalhou os investimentos realizados no setor com este montante.

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