Editorial

Escassez, desperdício e má gestão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30

Usado no tratamento de osteoporose, o remédio Evista está em falta há dois meses na Farmácia Estadual de Medicamentos Especiais (Feme), localizada na Praia Grande. Pacientes que têm ido em busca do medicamento, a grande maioria idosos, saem de lá de mãos vazias; e o que é pior, sem qualquer informação sobre quando poderão receber o remédio para dar continuidade aos seus respectivos tratamentos.

O Evista é um medicamento de alto custo. Uma caixa com 30 comprimidos de 60 miligramas custa, no mínimo, R$ 184,12, mas pode ser encontrada por até R$ 267,64, dependendo da farmácia. Preocupados com os danos à sua saúde decorrentes da suspensão do tratamento à base do remédio, pacientes têm procurado a imprensa para denunciar o não fornecimento.

Não é a primeira vez que cidadãos que dependem dos medicamentos especiais fornecidos pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), via Feme, denunciam o não atendimento às suas necessidades. Na atual gestão, são comuns as reclamações de doentes crônicos, como diabéticos, relacionadas à falta de remédios. Recentemente, O Estado publicou, em manchete de primeira página, reportagem que revelou a falta de insulina no Centro de Especialidades Médicas

Descrentes quanto à boa vontade do governo em oferecer-lhes tratamento adequado para suas enfermidades, pacientes de origem humilde expõem com frequência crescente a falta de remédios, de leitos, de material hospitalar e até de profissionais de saúde para assisti-los na rede pública. Um alento para os dontes é que, quase sempre, após as denúncias, a administração pública estadual dá resposta positiva à demanda, o que comprova que os atuais governantes costumam se mobilizar muito mais por pressão externa do que por consciência do dever a cumprir.

Como se não bastasse a falta de medicamentos necessários ao tratamento e, em muitas casos, à manutenção da vida de muitos pacientes, o sistema público de saúde apresenta outro grave problema: o desperdício. Ha duas semanas, dezenas de caixas de comprimidos do remédio Plabel, usado em distúrbios do sistema digestivo, como enjoos e vômitos de origem cirúrgica, doenças metabólicas e infecciosas, secundárias a medicamentos, foram descartadas em um terreno baldio em frente ao Socorrinho do São Francisco, vinculado à Prefeitura de São Luís. A origem dos remédios é desconhecida até hoje.

Pelo bom estado de conservação das caixas, é provável que os medicamento estivessem guardados em local apropriado. Suspeita-se que tenham sido esquecidos, até que expirou o prazo de validade das pílulas, usadas, inclusive, em exames de raio-x, bastante comuns na rotina de unidades de saúde, como os socorrinhos.

Ao negar medicamentos a um grupo de pacientes para, em seguida, desperdiçar um lote expressivo de remédios, os atuais governantes cometem um atentado à saúde pública e dão mais uma prova da sua incompetência para gerir o setor.

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