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França duplica venda de armas ao Oriente Médio sob críticas internas

Paris busca mais peso diplomático com vendas a Emirados Árabes, Arábia Saudita e Egito; suas vendas vêm aumentando nos últimos anos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30
Pilotos a bordo de caça Rafale na base aérea de Mont-de-Marsan
Pilotos a bordo de caça Rafale na base aérea de Mont-de-Marsan (Pilotos de caça )

PARIS - A venda de armas da França para Oriente Médio dobrou em 2017, segundo revela um relatório do governo do país. O presidente Emmanuel Macron, em seu primeiro ano de governo, desafiou a pressão imposta por legisladores e grupos ativistas que queriam conter o fluxo de armas à região que se vê envolvida numa rede de conflitos. A França está entre os maiores exportadores de armas do mundo, e as suas vendas vêm aumentando nos últimos anos enquanto o país firma contratos internacionais lucrativos.

Paris tem buscado aumentar seu peso diplomático no Oriente Médio através da venda de navios, tanques, artilharia e munições para os Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Egito. O relatório anual do governo sobre vendas de armas, a ser divulgado hoje,4, mostra que as vendas totais de armas da França caíram para 7 bilhões de euros em 2017, em linha com os anos anteriores, em que não foram registrados contratos importantes.

No entanto, cerca de 60% das vendas foram para o Oriente Médio, com exportações de armas para a região alcançando o valor de 3,92 bilhões de euros — frente a 1,94 bilhão de euros no ano anterior. As vendas para a Arábia Saudita caíram ligeiramente, enquanto os negócios para Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Qatar subiram. As maiores empresas francesas do setor, incluindo Dassault e Thales, têm contratos e peso com a região do Golfo.

"Não se trata de a França concluir transações fragmentadas dependendo das oportunidades de mercado. O objetivo é criar uma ligação forte com os Estados importadores", diz o relatório do governo. "As exportações de armas da França atendem às necessidades legítimas dos estados".

Atualmente, a França fica apenas atrás de EUA e Rússia no ranking de maiores exportadores de arma no mundo, de acordo com o Instituto de Pesquisa da Paz Internacional de Estocolmo. Dentre seus maiores contratos, estão a venda de caças Rafale, principalmente para a Índia e o Qatar, além de um acordo multibilionário para venda de submarinos à Austrália.

O fluxo das armas
Ao contrário dos muitos aliados, os procedimentos de licenciamento para exportações da França não passam por verificações parlamentares, sendo aprovados por um comitê liderado pelo primeiro-ministro que inclui os ministérios de Defesa, Economia e Relações Exteriores. Os detalhes das licenças não são públicos e, uma vez aprovados, raramente são revisados.

Organizações não-governamentais e legisladores pedem que a Macron diminua o apoio aos países árabes que fazem parte da ofensiva liderada pela Arábia Saudita no Iêmen contra combatentes do movimento houthi, alinhado com o Irã, que controla a capital iemenita. O governo francês diz que suas vendas de armas são regidas por procedimentos rigorosos que estão de acordo com os tratados internacionais.

Quatro ONGs, incluindo a Federação Internacional de Direitos Humanos, acusaram na segunda-feira o Estado francês e várias empresas francesas de participarem tacitamente da repressão do governo egípcio contra grupos de oposição nos últimos cinco anos. Em relatório, citaram a venda de equipamentos para vigilância pessoal, interceptação em massa, coleta de dados pessoais e controle de multidões que levaram à prisão de dezenas de milheres de oponentes do governo.

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