Pergentino Holanda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30
FERNANDO Sarney tem sido uma das presenças mais festejadas da Copa do Mundo na Rússia. Na condição de conselheiro da FIFA ele está sempre em destaque, como neste flagrante mostrado pela TV Globo em que ele é visto assistindo a uma partida de futebol ao lado do presidente da FIFA, Gianni Infantino. e o primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev
FERNANDO Sarney tem sido uma das presenças mais festejadas da Copa do Mundo na Rússia. Na condição de conselheiro da FIFA ele está sempre em destaque, como neste flagrante mostrado pela TV Globo em que ele é visto assistindo a uma partida de futebol ao lado do presidente da FIFA, Gianni Infantino. e o primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev

Futebol é assim
Tenho um motivo especial para torcer pela Seleção Brasileira nesta Copa. É um motivo que pesa cerca de 20 quilos e está sempre sorrindo e dizendo que me ama. Um menino que nasceu há pouco mais de três anos e que já descobriu o encanto do futebol.
Estou torcendo como nunca pelo time do Tite, porque não quero que meu neto se desiluda com o Brasil.
Alguém dirá que, no futebol, a derrota também é importante, já que ensina a perder. É verdade. A vida é mesmo feita também de perdas. A vida é como o trabalho de jornal: você escolhe algumas coisas em detrimento de outras. Quer dizer: sempre haverá uma renúncia, sempre haverá uma despedida, sempre haverá algo que você
deixou para trás.
O futebol é assim. Você perde e segue em frente. Logo em seguida, haverá outro jogo. Agora mesmo, meninos mexicanos e japoneses estão chorando, e meninos brasileiros e belgas estão comemorando.
Os que choram sabem que a derrota faz parte do jogo. E os que comemoram sabem que podem chorar ali adiante.
Ou seja: não é nenhum drama ser derrotado.

Mbappé
Tudo voa no futebol, especialmente quando Kylian Mbappé acelera.
O atacante decolou na vitória de 4 a 3 da França sobre a Argentina, sábado, em Kazan, pelas oitavas de final da Copa do Mundo da Rússia. No primeiro gol, o do pênalti batido por Griezmann, atingiu a velocidade de 32,4 km/h na arrancada desde seu campo defensivo até a grande área, onde foi derrubado por Rojo.
Para comparar, Usain Bolt, recordista dos 100m, chega a 37,5 km/h.
Aos 19 anos e seis meses, Mbappé tornou-se o jogador mais jovem a marcar duas vezes na fase de mata-mata desde Pelé, que tinha 17 anos e oito meses no Mundial da Suécia, em 1958.

Tudo velho
O mundo político mostra certa perplexidade diante de um fenômeno nunca visto no Brasil: no mês em que se abre o prazo para as convenções partidárias, o embate presidencial está rigorosamente como começou, sem líderes absolutos e nenhum crescendo expressivamente.
Ou seja, imprevisibilidade plena.
Bolsonaro lidera, agora com 18%, sem Lula, seguido de Marina (13%), Ciro Gomes (8%), Alckmin (6%) e Álvaro Dias (3%), e mais oito candidatos com 2%, o caso de Fernando Haddad, e os demais, 1%.

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Óbvio que a configuração dos cenários oficiosa ajuda a ampliar a confusão.
Exemplo: Lula está lá num cenário com 33%.
Mas se já é tido como líquido e certo que Lula está fora, quem é o candidato que ele vai apoiar?

Assombração no shopping
No fim de semana, só se falou no vídeo que circula na internet mostrando uma suposta assombração em um shopping de Pernambuco.
O vídeo mostra as imagens de uma menina subindo, na madrugada, uma escada rolante e, de repente, surgindo embaixo, correndo em outra direção. As imagens teriam sido gravadas por um segurança, que narra a aparição e com ela se assusta.
A direção do shopping, no entanto, após emitir nota de que as imagens seriam investigadas, teria emitido outra, comunicando que se trata de uma estratégia de marketing para divulgar uma programação de férias no empreendimento.
Jogada de marketing ou não, a verdade é que o vídeo assustou e impressionou muitos internautas.

Consentimento
Na Suécia, entrou em vigor ontem a “lei do consentimento”, que considera estupro qualquer ato sexual sem consentimento claro, mesmo na ausência de ameaça ou de violência. A nova regra, apresentada em meio ao debate gerado pelo movimento #MeToo, em maio, tem sido alvo de enorme controvérsia.

Não tem explicação
Nesta quarta-feira, será apresentado o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Cartões de Crédito.
Em fevereiro deste ano, 35 parlamentares assinaram o pedido de criação.
Pura perda de tempo. Em um país que teve inflação de 2,95 por cento, no ano passado, cobrar mais de 300 por cento de juros é caso de Polícia.
Sem esquecer que, no fim de 2016, chegou perto de 500 por cento.

A derrocada
O estouro das finanças, de Norte a Sul do País, teve como nascedouro leis inspiradas na utopia bem intencionada.
Somaram-se, depois, os componentes da demagogia e da má-fé, distanciados da realidade do caixa que lhe daria sustentação.

Arte em cartaz no Louvre
Design e Arquitetura são arte. Para encerrar a segunda edição da Casa Louvre, a organização da mostra reuniu os trabalhos de onze jovens artistas do Maranhão em uma exposição que apresenta desde ilustrações em quadros até desenhos rabiscados na pele e letras que parecem se movimentar nas paredes. A mostra de arte contemporânea fica em cartaz no Louvre e os trabalhos dos artistas podem ser adquiridos no local, com preços a partir de R$5. Vale uma visita.

TRIVIAL VARIADO
O segundo dia das oitavas foi mesmo dos goleiros. Se Akinfeev brilhou na classificação da Rússia sobre a Espanha, Subasic igualou um recorde na vitória da Croácia sobre a Dinamarca na decisão por pênaltis, 3 a 2, após empate em 1 a 1. O dinamarquês Schmeichel também deu show.

A distribuição de 1,7 bilhão de reais para os partidos financiarem as campanhas eleitorais vai dar muita confusão. Não foi estabelecido critério e a tomada de decisão, sobre o que cada candidato ganhará, cabe às cúpulas. Os inconformados darão ponta pés por baixo das mesas.

Saturação: o uso de redes sociais continua crescendo nos chamados países em desenvolvimento. Nos 17 mais ricos, estabilizou-se. “Uso de redes de trabalho online” apresenta leve queda nas maiores economias. A revelação é do Pew Research Center.

Ao decidirem sobre Lula, os ministros do STF estão formando jurisprudência que poderá ser aplicada a Temer, que também é investigado. A partir de janeiro, ambos serão
ex-presidentes.

A Bélgica de Bob Devil chegou à Rússia como uma das favoritas. Continua na mesma batida depois de quatro jogos, quatro vitórias e 18 dias de futebol. Agora, está no caminho do Brasil, nas quartas de final, na tarde de 6 de julho, na cidade de Kazan.

Sai governo, entra governo e os administradores públicos brasileiros não aprendem a lição de Abraham Lincoln: “Não há progresso duradouro com base em dinheiro emprestado”.

Brasileiro não pode mais se divertir a custo baixo. Cada figurinha do álbum do Mundial tem 50 por cento de impostos.
A chamada bancada ruralista é hoje o bloco mais unido e mais forte na Câmara dos Deputados. Uma estimativa desta semana aponta que o bloco possui pelo menos 209 membros (contando só na Câmara). Por ser um bloco disciplinado e unido é o mais cobiçado pelos pré-candidatos à Presidência
da República.

A campanha eleitoral não começou. Qualquer número divulgado antes do começo da propaganda deve ser tomado
com cautela.

Após a aprovação pelo Senado, está próxima a entrada em vigor da lei que autoriza o Ministério da Fazenda Pública a divulgar os nomes de todos os beneficiários de renúncias de receitas da União. Vai significar o ponto de partida para que a população conheça quais as vantagens que recebe em troca. Se não existirem, deverão ser derrubadas.

DE RELANCE

Camus, Garrincha e Neymar
Albert Camus, Prêmio Nobel de Literatura de 1957, foi um jovem e destemido goleiro do Racing Universitaire, da Argélia, e um jogador “notável”, até que a tuberculose o retirasse de campo, mas não dos estádios. Mesmo doente, não deixou de ir à Suécia em 1958, deslumbrando-se com o time do Brasil. Apaixonado pelo futebol e pelo teatro, amava o trabalho coletivo indispensável a um e outro: Monter une piece c'est comme préparer un “match”.

Camus, Garrincha e Neymar 2
Amigo de Jules Rimet, o primeiro presidente da FIFA, e inimigo de Jean-Paul Sartre, “abjurou” o existencialismo depois de escrever “L'Homme Revolté”, mas não abandonou jamais a vida pulsante dos estádios. Garrincha o deixou de boca aberta. Camus tinha do Brasil e de seu povo uma visão preconceituosa e caótica, fruto de uma desastrosa viagem ao país em 1949, quando convalescia de uma depressão.

Camus, Garrincha e Neymar 3
No Rio, Camus teve uma recidiva do mal. Esconjurou a tudo e a todos. Reclamou do calor (Ah, tristes trópicos! – lamentaria Claude Lévy-Strauss), destratou os anfitriões, ironizou intelectuais respeitáveis, como o poeta Augusto Frederico Schmidt, a quem “acusou” de “suar como um porco”. Para o goleiro temperamental, o Brasil era aquele país “em que as estações se confundem umas com as outras; onde a vegetação inextrincável torna-se disforme; onde os sangues se misturaram a tal ponto que a alma perdeu todos os seus limites”.

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Garrincha, aquele “gênio” e ao mesmo tempo aquele “magnífico clown dos gramados”, era a própria alma brasileira extravasando todos os seus limites. Em 1960 – dois anos depois de assistir Mané “desconstruir” os arqui-saudáveis suecos em plena Estocolmo – o torturado goleiro morreu reconciliado com os brasileiros, não sem antes agradecer ao futebol num artigo cheio de saudades da juventude, escrito em 1959 para a revista France Football: “O que eu devo ao belo jogo”.

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É de Albert Camus a frase mais verdadeira sobre a arte de “secar” (torcer por) um resultado no futebol: “Não basta que nossa torcida esteja feliz. É preciso que a do rival sofra...”. A “secação” só não resiste aos craques. “Deus castiga a quem o craque fustiga” – proclama a conhecida máxima do estilista Armando Nogueira. O verbo “Secar” sucumbe aos craques como Garrincha e Neymar – como há de ter experimentado, segunda-feira, a torcida brasileira no jogo Brasil x México. O time canarino não jogou de forma tão brilhante, mas Neymar fez um belo gol e esculpiu uma obra de arte para Roberto Firmino fazer o segundo gol.

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Eles, os prodígios do futebol, formam a “quintessência” do jogo, desenhando em campo o que os gênios da Literatura derramaram sobre os livros.

Brasil e Prêmio Nobel
Se o jogo contra o México fosse pra mostrar quem ganhou mais vezes o Prêmio Nobel, o Brasil já começaria perdendo de 3 a 0, gols de Alfonso García Robles (Nobel da Paz de 1982), Octávio Paz (Nobel de Literatura de 1990) e Mario J. Molina (Nobel de Química de 1995, dividido com mais dois). Se for para sermos mais científicos, Mario J. Molina, agraciado com o Nobel de Medicina em 1960, nasceu no Brasil mas se mudou aos 14 anos para a Inglaterra e se naturalizou inglês. Mas como era um jogo de futebol, nossa vantagem era imensa. O Brasil já ganhou o Nobel do futebol cinco vezes – e nutre uma grande esperança de vencer a sexta.

Brasil e Prêmio Nobel 2
Na história do México não há nenhuma glória futebolística. Ao contrário. Na história das Copas, a melhor progressão do México é ter chegado às quartas-de-final nas Copas de 1970 e 1986, sendo que ambas foram disputadas em solo mexicano. O time brasileiro tem agora uma missão desafiadora. Ganhar da Bélgica nesta sexta-feira de tarde para que as portas da glória se abram nos belos horizontes da Rússia. Ao México, restou o último canto do artilheiro Octávio Paz: Contra o silêncio e o ruído invento a palavra, liberdade que se inventa e me inventa em cada dia. Ao México os deuses do futebol não deram a liberdade da glória autóctone. Como em 1970, restou-lhe torcer pelo tricampeonato do Brasil.

Para escrever na pedra:
“Só erra quem produz. Mas, só produz quem não tem medo de errar. As massas humanas mais perigosas são aquelas em cujas veias foi injetado o veneno do medo. Do medo da mudança.” Do Prêmio Nobel de Literatura Octavio Paz.

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