Estado do Samba

História no samba

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30

Acompanhado pelo belo cavaquinho de seu parceiro, Luzian Filho, Josias Filho (Joka) contou um pouco de sua história no samba para o “Estado do Samba”.

JM - Josias, fale um pouco de sua larga história no samba do Maranhão.

JF- “Não tão larga” (brinca Josias ao falar de sua perda de peso). Mas, falando do nosso velho e bom samba, posso dizer que sempre é um grande aprendizado e faço questão de enaltecer os nossos artistas, as nossas composições.

JM - Em que momento começou essa paixão pelo samba?

JF - Minha casa era um espaço de cultura diversa. De lá, saía para o Corso, tribos de índio, blocos tradicionais, organizados, enfim, a família toda envolvida. Me lembro que meu momento de entrada no samba foi com o bloco “Os Corujas”, da Madre Deus, encabeçado pelo meu pai e meu tio, Zé Raimundo. Inclusive, mesmo com a proibição de menores em blocos, eu burlava e saia fantasiado de “corujito”.

JM - Nessa época, a composição já era presente em sua vida?

JF- Não. Nesse momento, eu era apenas um folião, e alguns anos depois, com o movimento do samba ganhando força e estourando na ilha, eu passei a fazer parte do bloco “Sem Comentários”. Ai, com 15, 16 anos, participei de um concurso e fui campeão. Logo, percebi que ali começava minha trajetória na composição.

JM - Quem tem uma certa trajetória no samba maranhense, sabe da existência do movimento chamado “Qualquer local é local”. Fale um pouco sobre esse projeto.

JF - Esse movimento, do qual você também fez parte, assim como vários amigos desse grupo de comunicação, podemos afirmar que foi o primeiro projeto de samba itinerante, onde reuníamos diversos sambistas de diversos grupos e vertentes do samba. Depois desse, nasce o “Mocoroca do samba”, na região do Cohatrac e, em seguida, a “Máquina de Descascar Alho” na Madre Deus.

JM - E o “Sem Dimensão”?

JF - O “Sem Dimensão” nasceu a partir de uma reunião de amigos sambistas, na Associação da Caixa, pois nessa fase, eu também era metido a boleiro (risos) e fui suprir a vaga do grande amigo Reinaldo, do ArteSamba, em show de Gabriel Melônio, onde tínhamos que criar um nome para o grupo. O “Sem Dimensão” tinha a proposta de não somente cantar o samba, e sim, cantar as coisas da nossa terra, as nossas composições. Afinal, na música todos somos parentes.

JM - Como você abraça essa evolução do samba, o surgimento de novas tendências e novos nomes?

JF - Bem, como costumo dizer, há muita barreira criada por algumas pessoas, mas, quando faço um samba com Luzian Filho, por exemplo, da nova geração, nos preparamos para os comentaristas de plantão, que criam uma animosidade, que na verdade não existe. É bom que fique bem claro, que não existe o velho ou o novo, e sim, existe a boa música e a não tão boa, talvez. A distância de idade não é barreira para uma boa parceria. Percebi com a própria família de Luzian, quando eu era fã do tio dele, Luís Fernando, chamado carinhosamente de Prego, onde já reparava o menino fazendo música boa. Em certo momento, começamos a compor samba de enredo e outros sambas. Só posso determinar como coisa de Deus.

JM - Joka, para ganhar esse respeito, você teve formação musical?

JF - Vou inclusive, agora, revelar aqui para o Estado do Samba, que me recinto um pouco por não ter me formado ou aprofundado estudos em música, pois, sempre, para mim, é mais difícil apresentar um trabalho. Tenho parcerias, além de Luzian, com Neto Peperi, Quirino, com JP e outros nomes. Evidentemente que para esses músicos, acompanhados de seus cavaquinhos, fica muito mais fácil chegar e se apresentar. Eu não! Quando chego em algum samba e alguém pede para eu cantar uma composição minha, fico meio ressabiado por não poder conduzir e depender de alguém para acompanhar, principalmente por não conhecer meu trabalho, às vezes. Sou autodidata mesmo.

JM - Como você, que é um defensor da nossa raiz, da nossa mensagem, vê o samba no Maranhão?

JF - Quando ouço a nossa boa música, um toque do pandeiro, percebo que há uma peculiaridade de cada região, herança deixada por alguém. Mas, também percebo que há sempre uma semelhança. Muitos dizem que aqui em São Luís fazem um samba que é do Pará, ponto. Escutem o Pela Porco, a Dança do Lelê da região de Rosário (MA), e irão perceber que estamos bem perto do que é da gente e dizendo que é longe. É a mesma coisa, o mesmo compasso. E é disso que se alimenta o artista, dessa igualdade diferente.

Obrigado a Josias Filho(Joka), por mais um bom bate-papo e quero lembrar que esta entrevista, você pode assistir em nossas redes sociais de forma digital, inclusive com a apresentação da música “O SAMBA QUER PAZ”, em parceria com Luzian Filho, que estará no próximo “Estado do Samba”.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.