Artigo

A rebeldia da Bancada Maranhense

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30

No último dia 25 de junho, a Universidade Federal do Maranhão fez uma cerimônia para inaugurar laboratórios e receber equipamentos oriundos de emenda de bancada federal para a implantação do curso de engenharia aeroespacial no Maranhão. Sonho antigo que se realiza este ano!

Há várias áreas estratégicas para um país. Para ele ser soberano. Uma delas é energia: elétrica ou oriunda do petróleo. Outra é o espaço. Ninguém sobrevive sem comunicação. Em época de Facebook, Whatsapp ou fakenews, claramente a informação joga um papel fundamental na estratégia da formação de uma nação. Terceirizar a política de informação é entregar o controle do país em mãos alheias.

O Brasil escolheu ter um programa espacial desde a década de 80. E portanto controle de sua comunicação/informação. Zaki Yamani, ex-ministro do Petróleo da Arábia Saudita, disse uma vez que "a Idade da Pedra não terminou por falta de pedras”, mas porque a tecnologia evoluiu. Da mesma forma, a batalha pelo espaço tem ingredientes novos a cada dia. Por exemplo, a tendência de hoje são os micro e nanosatélites, ao contrário daqueles enormes que tínhamos de desenvolver.

Por outro lado, temos um problema enorme no Norte e Nordeste. Nossa manutenção de aeronaves é feita basicamente por empresas baseadas no Sudeste. Se um avião necessitar de manutenção, temos de trazer profissionais de fora. Inimaginável em pleno século 21!

Mais ainda, os profissionais graduados no Maranhão ocupam poucas posições estratégicas nas grandes empresas aqui estabelecidas: Cemar, Vale, Alumar, dentre outras. Formamos excelentes técnicos mas poucos gestores.

O curso de engenharia aeroespacial da UFMA é o primeiro do Norte e Nordeste! E olha que já há seis cursos espalhados pelo país. Brasília, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O que causava espécie a qualquer brasileiro é o fato de a Base de Lançamento do Brasil ser justamente no Maranhão.

A bancada federal maranhense resolveu reverter essa política. Em uma articulação ousada, envolvendo o Ministério da Educação, Ministério da Defesa, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), a UFMA abriu o primeiro curso de engenharia aeroespacial do Brasil no Norte e Nordeste! Claro que essa iniciativa reverte a lógica de desenvolvimento do Brasil, centrada no Centro-Sul do país, criando condições para esta região se desenvolver nessa área estratégica. Ademais, o curso tem um viés inovador, complementar ao que existe no ITA, ensejando a formação de um profissional com experiência em gestão.

A Ciência, a Tecnologia e a educação são desestabilizadores da História, capazes de transformar realidades de forma profunda. Apesar do quadro nacional adverso, o Maranhão se torna um laboratório de mudança radical da realidade regional. Por isso, aplaudimos a iniciativa da Bancada Federal Maranhense. Foi a política que tirou o homem da barbárie. E, neste caso, é a política provocando um salto enorme no cenário maranhense. Salve!

Allan Kardec Duailibe Barros Filho

Professor da UFMA

E-mail: allan@ufma.br

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