Saúde

Os riscos de tratar varizes e vasinhos de forma inadequada

Campanha Nacional de Segurança na Escleroterapia é lançada; cirurgião vascular e o angiologista são os profissionais que podem definir tratamento

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30
(pernas)

SÃO PAULO - Aqueles vasinhos e varizes que tanto incomodam e são esteticamente desagradáveis merecem atenção especial e podem ser sinal de um problema circulatório mais sério. Estudos nacionais mostram que 37,5% da população brasileira têm varizes. A doença pode gerar complicações, como trombose e úlceras, além de dores e inchaço.
O desconforto estético acaba levando muitas pessoas a procurarem o tratamento de escleroterapia ou aplicação, como é conhecida popularmente, com profissionais sem formação em medicina, desconhecendo o fato de que apenas o médico especialista pode indicar o procedimento adequado, após um diagnóstico correto do grau da doença.
Para esclarecer a população sobre a importância de realizar o tratamento de varizes e vasinhos com o médico e preservar a saúde e segurança da população, a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) lança a Campanha Nacional de Segurança na Escleroterapia.
"O paciente que procura um profissional não médico para aplicação nas pernas corre riscos de sofrer consequências sérias. Para esse tratamento, é preciso mais que uma avaliação superficial. O angiologista e/ou cirurgião vascular realiza um exame clínico detalhado, capaz de diagnosticar se a pessoa apresenta insuficiência venosa ou outras condições que exigem condutas mais complexas, como cirurgias, por exemplo. Além disso, pode haver complicações, que variam desde a insatisfação estética com o resultado até ameaça à integridade física, trombose, embolia pulmonar, gangrena, infecções e reações alérgicas graves", alerta o Cirurgião Vascular e diretor de Defesa Profissional da SBACV, Francesco Botelho.
Nos últimos seis meses, a SBACV tem recebido denúncias de atuação de não médicos em procedimentos vasculares, vendendo a suposta impressão de não possuírem riscos de complicações. A Sociedade alerta que há pessoas oferecendo até aplicação de ozônio para tratar varizes. "Não há qualquer embasamento científico da eficácia e segurança desse tipo de procedimento para o tratamento de varizes ou telangiectasias", aponta o cirurgião vascular e um dos coordenadores do Departamento de Doenças Vasculares com comprometimento estético, Guilherme Peralta.
O Conselho Federal de Medicina (CFM), inclusive, já emitiu nota de repúdio ao Projeto de Lei que autoriza a ozonioterapia. “O CFM, que conta com a outorga de aprovar ou vedar procedimentos médicos no país, como dispõe a Lei nº 12.842/2013, já analisou esse procedimento por meio de comissão específica. Na oportunidade, as evidências apresentadas não foram consideradas consistentes, sendo recomendado que a ozonioterapia apenas seja realizada de modo experimental, observando-se as recomendações de protocolos de pesquisa definidos pelo sistema CEP/CONEP”, apresenta o trecho da nota.

Contraindicação
Outro alerta é para o uso de glicose nas aplicações. Embora haja profissionais não médicos sugerindo que a aplicação de glicose não causa reações, a SBACV destaca que não é bem assim. Podem ocorrer efeitos indesejados. Apesar de ser uma substância circulante no sangue, há riscos de problemas que podem levar a feridas e flebites, que é a inflamação do vaso.
Dr. Peralta acrescenta que a escleroterapia tem contraindicações e optar pelo tratamento sem uma avaliação médica é um risco. “Se a pessoa não tem pulso nos pés, é sinal de que ela tem um comprometimento arterial e a escleroterapia é contraindicada, pois pode causar complicações graves”, diz.
Dessa forma, a escleroterapia deve ser realizada em consultório médico. Dessa forma, se houver algum tipo de complicação, o paciente receberá o suporte adequado imediatamente para resolver o problema.

Saiba Mais

Avaliação de casos

A SBACV acrescenta que as varizes e vasinhos não podem ser avaliados como um problema meramente estético. É um tratamento invasivo e muito delicado para ser efetuado em qualquer ambiente e por quem não estudou o sistema vascular. A doença varicosa pode desencadear desdobramentos e até a perda de membros se não for adequadamente tratada. É importante realizar exames de imagem, como o Ecodoppler, para verificar o seu grau, e considerar todas as condições físicas, metabólicas e cardiovasculares do paciente.
Por esses motivos, a SBACV alerta a procurar um Angiologista e/ou o cirurgião vascular, que possui formação adequada e é, portanto, o profissional habilitado para apontar, com segurança, qual a melhor técnica a ser empregada em cada caso e a verdadeira dimensão de suas varizes.

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