Editorial

O que falta a São Luís

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30

São Luís é uma cidade que se vende como destino turístico, mas que não tem nada ou quase nada a oferecer a seus visitantes. Nosso Centro Histórico, Patrimônio da Humanidade, está abandonado. Casarões fechados, destruídos, acabados. As praias estão impróprias para o banho.

Não temos parques públicos decentes: o parque do Bom Menino e a Reserva do Itapiracó, que se prestariam a tal serviço, encontram-se à mercê da criminalidade e do descaso, impondo o medo aos seus frequentadores.

O primeiro possui vários problemas: faltam banheiros, bebedouros e segurança. Os dois vestiários, um feminino e um masculino, são trancados com correntes e cadeados, além de já terem sido alvo de vandalismo. No segundo, até mesmo as placas de orientação estão cobertas de mato, que cresce desenfreado. Em alguns trechos, falta a poda das árvores e é possível observar galhos prestes a cair, evidenciando o perigo. Em outros pontos, o mato avança para a calçada e a falta de iluminação é um problema visível.

Final de semana, e à noite, a situação piora ainda mais. Quem não curte bares, boates e afins, não tem outras opções de lazer e assim, nada o que fazer nesta cidade, a não ser ir para um dos muitos shoppings que se multiplicam por aí. Museus não abrem e andar à noite não é mais seguro, principalmente pelo Centro Histórico.

Para quem tem filhos, então, resta ficar preso dentro dos inúmeros condomínios clubes, que surgem a cada dia e oferecem diversas formas de lazer sem sair de casa, ou então passear de carro pela orla marítima. Sim, passear de carro, pois não dá para se aventurar a andar de ônibus.

Se durante a semana, eles já são velhos, cheios e demoram uma vida para passar, aos finais de semana se tornam lendas urbanas. Demoram o dobro do tempo para passar em um ponto. E os passageiros ainda correm o risco duplo de ser assaltado: na parada do ônibus e dentro deles.

Mesmo andar na orla da praia é complicado. O calçadão da Avenida Litorânea é tomado por brinquedos, cadeiras, vendedores e afins. O novo point da cidade, o Espigão da Ponta d’Areia, é exatamente isso, só areia. O vento forte que traz verdadeiras tempestades de areia, impede que as pessoas considerem ir até o final da construção. Não dá nem mesmo para sentar nos bancos, já que eles estão cobertos de areia.

Isso sem falar na buraqueira que tomou conta de toda a cidade. É tanto buraco, que nem mesmo o tão falado “Mais Asfalto”, parceria entre governo e prefeitura, tem dado conta. Parece aquela cena típica de desenho animado, em que um indivíduo tapa um buraco com uma mão, outro com o pé, e cada vez aparece mais um, até que tudo se rompe.

Enfim, o que falta a São Luís é uma solução de novela. Um deus ex-machina que pode transformar esta cidade da noite para o dia em um destino crível e atraente. Algo como um transporte que virando o canto nos deixe de frente para os Lençóis Maranhenses, ou como os filtros do instagram, que transformam qualquer um em fotógrafo profissional, com nuances de sépia ou preto e branco, quando a imagem de verdade é de um cara desgastado e bem sem graça.

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