Editorial

Menos cursos e mais qualidade

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30

A qualidade do ensino oferecido pelos cursos de Medicina no país sempre foi motivo de ampla discussão e críticas de entidades, que por diversas vezes foram a público se manifestar pela má formação do médico.

Nos últimos anos, o que se viu foi a abertura indiscriminada de faculdades de Medicina, que, certamente, não contribuíram em nada para melhorar o nível profissional dos formandos colocados no mercado de trabalho, mas, pelo contrário, não somando com uma qualificação necessária para a assistência à saúde da população. Em primeiro lugar, a saúde da população deve ser levada sempre a sério e o médico precisa estar ciente do peso da responsabilidade que tem nas mãos.

Pois bem, uma boa notícia: portaria assinada recentemente pelo presidente Michel Temer proíbe durante cinco anos a criação de novos cursos de medicina no país. A determinação vale para instituições públicas federais, estaduais e municipais e privadas. A ampliação de vagas em cursos de medicina já existentes em instituições federais também fica suspensa pelo mesmo período.

Há muito tempo o Conselho Federal de Medicina (CFM) se posicionou contra o número excessivo de vagas abertas em cursos de medicina no país. Para o presidente do CFM, Carlos Vital, a portaria vem ao encontro da necessidade de controle da autorização de novas escolas e nega corporativismo da entidade, por entender que a ação visa preservar valores como vida, saúde e dignidade humana com uma prática médica qualificada.

O próprio Governo Federal reconhece que foi grande o número de cursos abertos no país nos últimos anos e agora é preciso zelar pela qualidade, a partir da necessidade de ser feita uma avaliação e adequação da formação médica no Brasil. Foi dobrado o número total de faculdades de formação de medicina, o que significa dizer que há uma presença de formação médica em todas as regiões do Brasil.

A exemplo do CFM, a Associação Médica Brasileira (AMB) acredita que a medida do Governo Federal pode ajudar a resolver os problemas envolvendo as escolas médicas. A entidade vem cobrando desde o ano passado medidas do governo, pois a maioria das novas escolas não tem conseguido garantir uma formação adequada aos estudantes de medicina, devido a problemas e deficiências que apresentam. A AMB também tem cobrado maior fiscalização nas escolas existentes e a realização de um exame nacional de proficiência em medicina para os estudantes e os egressos de todas as escolas.

Por sua vez, a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) acredita que a portaria pode ajudar na qualidade dos especialistas formados. Segundo a entidade, há de fato uma carência considerável de médicos e também de especialistas no Brasil. Entretanto, o que era para ser uma expansão racional e programada, tornou-se um mercado de faculdades, utilizadas, até mesmo, com fins políticos.

De acordo com a SBN, o Brasil passou a ter muito mais faculdades de medicina do que países mais populosos, como China, Índia e Estados Unidos. Atualmente, são formados 35 mil médicos por ano, para um crescimento populacional de 1,7 milhões de novos habitantes (0,77% ao ano), ou seja, um novo médico para cada 500 novos habitantes, número acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de um médico para cada mil habitantes.

É fato hoje que existem faculdades de Medicina que cobram mensalidades caríssimas e funcionam sem hospital escola, com corpo docente de competência contestável e possuem falhas no planejamento pedagógico.

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