Música

“Gente do Choro” no Arthur Azevedo

Regional Tira-Teima lança hoje, às 20h, no Teatro Arthur Azevedo, seu primeiro CD; com mais de quatro décadas, grupo é um dos mais antigos do estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30
Regional Tira-Teima lança CD nesta terça-feira
Regional Tira-Teima lança CD nesta terça-feira (Regional Tira Teima)

SÃO LUÍS - Já são 45 anos de acordes e sonhos na bagagem musical de um dos grupos cuja história se confunde com a do choro no Maranhão. No entanto, por motivos diversos, somente agora o Regional Tira-Teima lança o primeiro CD, “Gente do Choro”, em show homônimo. O evento será hoje, às 20h30, no Teatro Arthur Azevedo (Centro). Entre os convidados estão o violonista e compositor João Pedro Borges, o bandolinista Wendell Salles, o cavaquinista Zeca do Cavaco, o sambista Carlinhos da Cuíca e as cantoras Fátima Passarinho e Lena Machado.

Formado por Paulo Trabulsi (cavaquinho solo), Serra de Almeida (flauta), Sadi Ericeira (cavaquinho centro), Zé Carlos (pandeiro), Henrique Brasil (percussão) e Francisco Solano e Luiz Junior (violões 7 cordas), o Tira-Teima surgiu em 1973 e já teve algumas formações, sendo que a atual caminha para os 30 anos em 2019. “São mais de quatro décadas de encontros musicais e, embora o movimento do choro tenha tido muitos personagens e grupos, é o Tira-Teima que vem mantendo vivo no Maranhão e, especialmente, na capital, o gênero musical em vias de se tornar Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil”, destaca Paulo Trabulsi.

Segundo o cavaquinista, o Tira-Teima é o primeiro grupo de choro organizado do Maranhão. Ele explica que na época em que o grupo surgiu, os chorões se reuniam de forma avulsa nos bares da cidade, especialmente pelas bandas do Monte Castelo, mas sem ter a unidade de um grupo de choro. Músicos de vários cantos se reuniam nos fins de semana, entre eles, Zé Hemetério, Luiz Sampaio, Gordo Elinaldo, Zé Carlos, Zeca do Cavaco, Francisco Solano e o próprio Paulo Trabulsi. “Mas foi a partir do Tira-Teima que os chorões começaram a se organizar em grupos e, inclusive, profissionalizaram esse gênero musical, saindo os bares para os palcos”, ressalta Trabulsi.

Ao longo de toda a sua trajetória, o Regional Tira-Teima firmou-se como o grupo de choro mais antigo em atividade em São Luís. Já participou de inúmeras atividades entre elas I Festival Internacional de Música de São Luís (2002), Clube do Choro Recebe (2007-2010), RicoChoro ComVida (2015/2017). No ano passado arrebatou o segundo lugar no Festival Talentos Fenae, realizado em Curitiba, com o choro “Expressivo”, que não está no repertório do show. Também foi o primeiro grupo musical do estado a ser homenageado com a Medalha de Mérito Legislativo da Assembleia Legislativa do Maranhão.

Faixa a faixa

O CD “Gente do Choro” é um passeio musical que retrata o sentimento daqueles que escolheram esse gênero musical para se dedicar. Foi inspirado na própria vida dos seus integrantes e também traz justas homenagens, tudo embalado pelo dueto flauta e cavaquinho de Paulo Trabulsi e Serra de Almeida combinado com os violões 7 cordas de Francisco Solano e Luiz Junior, e as harmonias de Sadi Ericeira, Zé Carlos e Henrique Brasil. Entre os convidados estão o violonista e compositor João Pedro Borges, o bandolinista Wendell Salles, o cavaquinista Zeca do Cavaco, o sambista Carlinhos da Cuíca e as cantoras Fátima Passarinho e Lena Machado.

Das faixas do disco, cinco são em homenagem a pessoas que eles consideram especiais. Serra de Almeida resolveu homenagear seu pai na música “Dom Chiquin”, assim como Wendell Salles, bandolinista potiguar, convidado pelo grupo, que homenageou o patriarca da família e compôs “Aguenta Seu Florêncio” para seu avô, e “Anjo Meu” para sua filha Isabelle de La Salles. Paulo Trabulsi inspirou-se em sua filha Anna Beatriz para compor “Meiguice”. O compositor e sambista Leo Capiba gravou “Pra Ser Feliz”, a sua preferida, dedicada ao romance que teve com a esposa.

Daquele namoro do samba com o choro, Leo teve outro fonograma gravado e, o mais importante, em sua voz, realizando-se, assim, um sonho antigo de musicar suas poesias antes de partir, deixando também “Zona do Agrião”, que compara um caso de amor a uma partida de futebol.

Como não poderia deixar de ser, “Choro Nobre”, de Serra de Almeida, e “Gente do Choro”, de Paulo Trabulsi, retratam um pouco do respeito e admiração que eles têm pelo gênero, bem como a parceria e a harmonia que eles vivem nas rodas de choro pelos cantos da cidade Patrimônio da Humanidade, com seus casarões. Também em homenagem ao choro, surgiu “Teimosinho”, de Luiz Junior, o gênero musical que vem resistindo há anos e que quando todo mundo pensa que vai acabar, recomeça.

O choro “Companheiro”, parceria de Trabulsi e Francisco Solano, como o próprio nome diz, sela a parceria entre os dois. Já “Imbolada” faz relembrar uma mistura de ritmos já que o que era samba-canção terminou se transformando em maxixe. Convidado, o violonista João Pedro Borges trouxe na valsa “Simples como Serra”, homenagem ao mestre Serra de Almeida, ícone do gênero no estado, autodidata que coloca em sopros todo e qualquer verso musical.

Por fim, o CD faz o papel do resgate histórico de obras conhecidas somente nas rodas de choro de São Luís, como é o caso de “Apelo”, sempre cantada e tocada. De autor desconhecido, a obra foi escolhida para representar as músicas maranhenses que ainda não foram registradas e que, se não forem gravadas, correm o risco de serem esquecidas, deixando uma lacuna para a história da música maranhense. Há quem afirme que a obra foi de Nhozinho Santos, portanto de domínio público.

Terão mais as músicas “Expressivo”, de autoria de Paulo Trabulsi, que conquistou o segundo lugar no Festival Talentos Fenae 2017, realizado em Curitiba e “Degraus da Matriz”, de Serra de Almeida, em homenagem à sua terra natal São Bernardo no Maranhão.

O show “Gente do Choro” tem direção e produção musical do maestro Luíz Jr, produção executiva da jornalista Edvânia Kátia e coordenação geral do músico e instrumentista Paulo Trabulsi. Já o CD tem arranjos do próprio Regional Tira-Teima, de Gordo Elinaldo, João Pedro Borges e Ubiratan Sousa. Todo o projeto gráfico foi concebido pelo artista plástico Milton Lozano, que foi buscar inspiração na bela obra Arrastão, assinada pelo artista plástico Cordeiro do Maranhão, que dá vida à Praça dos Pescadores na avenida Litorânea. Enquanto Cordeiro do Maranhão retratou aqueles que vão para o mar em busca do alimento para o corpo, Lozano mostrou que os chorões também são pescadores de uma música que alimenta a alma.

Serviço

O quê

Show e lançamento do CD “Gente do Choro”, do Regional Tira-Teima

Quando

Hoje, às 20h30

Onde

Teatro Arthur Azevedo, Rua do Sol, Centro

Ingresso

R$ 30,00 (meia para estudantes, idosos e músicos)

Preço do disco

R$ 30,00

Repertório – CD “Gente do Choro”

Gente do Choro (Paulo Trabulsi)

Dom Chiquin (Serra de Almeida)

Apelo (Autor desconhecido)

Meiguice (Paulo Trabulsi)

Pra Ser Feliz (Léo Capiba)

Aguenta Seu Florêncio (Wendell Salles)

Teimosinho (Luíz Jr)

Zona do Agrião (Léo Capiba)

Embolada (Serra de Almeida)

Anjo Meu (Wendell Salles)

Choro Nobre (Serra de Almeida)

Simples como Serra (João Pedro Borges)

Expressivo (Paulo Trabulsi)

Degraus da Matriz (Serra de Almeida)

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