Editorial

Copa, eleições e mudança

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30

A Copa do Mundo da Rússia está hoje no seu quinto dia, mas o torneio para a maioria dos brasileiros está longe de ser um momento de festa, como o foi em outras oportunidades. O 7 a 1 da Alemanha, em 2014, inda está vivo na mente de muito torcedor, ainda que essa Seleção Brasileira tenha evoluído sob o comando de Tite e é uma das candidatas ao título.
O clima menos efusivo do brasileiro também vai além da decepção de 2014, e se evidencia no atual momento político-econômico do país. Não por acaso, pesquisa realizada pelo Datafolha dias atrás revelou que desinteresse pelo Mundial alcança 53% dos brasileiros. Em janeiro, o índice de desinteressados era de 42%. De lá para cá, muitas coisas aconteceram o país e o cenário ainda é desesperança contribui para essa falta de predisposição para um das maiores paixões do brasileiro, que é o futebol.
Em janeiro, quando da primeira pesquisa do Datafolha, especialistas opinaram que esse desinteresse pela Copa da Rússia se dava por conta da pauta da mídia estar focada diariamente na Lava Jato e nas denúncias de corrupção. De certo, na atual conjuntura, a população tem coisas mais imediatas para se preocupar do que com futebol. Milhares de pessoas estão desempregadas, a economia do país não decola, os casos de corrupção são cada vez mais expostos, indignando a todos, a impunibilidade da classe política causa revolta, enfim um quadro que não anima.
Longe do nacionalismo da época da ditadura, onde a propaganda usando a Copa do Mundo abafava a opressão sofrida pelo povo e o levava a se iludir por alguns momentos, quando a Seleção Brasileira entrava em campo, hoje não cabe mais. Apesar de ainda existir alienação, muito por conta da ignorância causada pela falta de políticas de educação eficazes, o povo está mais consciente e não está mais tentando esconder seus problemas durante um mês somente porque futebol brasileiro está em campo.
Lógico que dependendo do desempenho da Seleção no decorrer da Copa, o brasileiro volte suas atenções com mais ênfase para o futebol, o que não quer dizer que seus problemas serão jogados para “debaixo do tapete” por alguns dias. Encerrado o Mundial da Rússia, o Brasil campeão, mais dias de comemoração terá o país. Não ganhando, se volta à realidade mais cedo.
E passada a Copa, aproximam-se as eleições que vão eleger presidente, governadores, senadores e deputados estaduais e federais. A política, economia, educação, saúde, segurança, entre outros temas, serão postos em debate - pelo menos é o que se espera – por parte dos candidatos.
Espera-se que o brasileiro tenha mais consciência e não desinteresse pelas eleições – com está tendo em relação ao futebol -, pois se assim o fizer estará contribuindo para manter o atual status quo da corrupção. O voto é fundamental e o mecanismo mais eficiente para a democracia brasileira, devendo ser exercido em sua plenitude pelo cidadão, como instrumento de mudança, de construção de um novo Brasil, realmente passado a limpo.

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