Acordo de paz

EUA esperam ''maior parte'' de desarmamento no governo Trump

O secretário de Estado, Mike Pompeo disse que o acordo inicial assinado por Trump e Kim Jong-un não capturava tudo que foi acertado entre os dois lados; presidente dos Estados Unidos diz que Coreia do Norte não representa mais uma ameaça

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30
Mike Pompeo falou ontem em Seul sobre o acordo dos EUA com Pyongyang
Mike Pompeo falou ontem em Seul sobre o acordo dos EUA com Pyongyang (Mike Pompeo falou ontem em Seul sobre o acordo dos EUA com Pyongyang)

WASHINGTON e SEUL - Os Estados Unidos esperam que a "maior parte do desarmamento" nuclear norte-coreano tenha terminado até o final da presidência de Donald Trump, que acaba em 21 de janeiro de 2020, declarou ontem o secretário de Estado, Mike Pompeo, em Seul, para repassar informações da cúpula com a Coreia do Norte a autoridades do Sul. Mais cedo, o presidente americano, Donald Trump, voltou da Ásia e lançou mensagens no Twitter para enaltecer o êxito diplomático alcançado com o encontro. Na rede social, o chefe de Estado disse que não há mais uma ameaça nuclear da Coreia do Norte e que, com isso, todos podem se sentir mais seguros agora.

Perguntado pela imprensa se gostaria de concluir a parte principal do desmantelamento nuclear da Coreia do Norte dentro do mandato de Trump, Pompeo disse:

"Sim, definitivamente. Absolutamente. Você usou termo "maior parte", "maior parte do desarmamento", algo assim? Estamos esperançosos de que vamos alcançar isso em dois anos e meio", disse Pompeo. "Estou confiante de que eles entendem que haverá verificação profunda".

Ele disse que o acordo inicial assinado por Trump e Kim Jong-un não capturava tudo que foi acertado entre os dois lados. A declaração foi considerada vaga, por não conter propostas concretas de ação. "Nem todo o trabalho aparece no documento final. Mas muitos outros pontos em que alcançamos entendimento não pudemos reduzir à escrita, de modo que significa que ainda há algum trabalho a fazer. Mas houve um grande acordo de trabalho feito, que é além do que foi visto no documento final que será o lugar de onde partiremos quando voltarmos a negociar", explicou Pompeo.

Trump também voltou a elogiar a Coreia do Norte, como fez na entrevista coletiva seguinte à reunião com Kim. Ele sustenta que o país pode ter um futuro promissor. O republicano também não perdeu a oportunidade para provocar o antecessor, Barack Obama, já que, agora, Trump se tornou o primeiro dirigente americano a conseguir, de fato, se reunir com um líder do país asiático.

"Acabei de pousar - uma longa viagem, mas todos podem se sentir muito mais seguros agora do que quando assumi o poder. Não há mais uma ameaça nuclear da Coreia do Norte. O encontro com Kim Jong-un foi uma experiência interessante e muito positiva. A Coreia do Norte tem um grande potencial para o futuro", disse Trump. "Antes de assumir, as pessoas presumiam que estávamos entrando em guerra com a Coreia do Norte. O presidente Obama disse que a Coreia do Norte era nosso maior e mais perigoso problema. Não mais, durmam bem à noite".

'Transição radical'

Na noite de segunda-feira, a agência estatal da Coreia do Norte descreveu a cúpula como um marco para uma "transição radical" nas relações com os EUA. Em sua primeira reação à cúpula histórica, a KCNA afirma que as relações obscuras entre os dois países "duraram o período mais longo da Terra". Mas a reunião de terça-feira em Cingapura ajudará "a fazer uma transição radical nas relações mais hostis da Coreia do Norte".

A agência adverte que livrar a Península Coreana das armas nucleares depende de Washington e Pyongyang suspenderem ações nas quais se antagonizam: "Kim Jong-un disse que, a fim de alcançar a paz e a estabilidade da Península Coreana e realizar sua desnuclearização, os dois países devem se comprometer a evitar antagonismos mútuos, dando lugar ao entendimento mútuo".

A agência reportou que Trump expressou sua intenção de parar os exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul, oferecer garantias ao Norte e suspender as sanções contra o país enquanto as relações melhorarem.

"Kim Jong-un esclareceu a posição de que se o lado americano tomar medidas genuínas para construir confiança para aprimorar as relações EUA-Coreia do Norte, a Coreia do Norte também pode continuar a adotar medidas de boa vontade adicionais do próximo estado proporcional", indicou a Coreia do Norte. "Kim Jong-un e Trump tiveram o reconhecimento compartilhado sobre o efeito de que é importante se manter ao princípio de ação simultânea e gradual para alcançar paz, estabilidade e desnuclearização da Península Coreana".

Visitas oficiais

Na mesma nota, a KCNA revela que Kim convidou Trump para ir a Pyongyang e que também concordou em visitar os Estados Unidos.

"Kim Jong-un convidou Trump para visitar Pyongyang em um momento conveniente, e Trump chamou Kim Jong-un para visitar os EUA". "Os dois líderes aceitaram o convite um do outro, convencidos de que isso servirá como mais uma ocasião importante para melhorar as relações entre a Coreia do Norte e os EUA".

Trump e Kim apertaram as mãos em Cingapura na terça-feira, em um encontro sem precedentes que viu o líder da democracia mais poderosa do mundo colocar a terceira geração de uma ditadura dinástica em pé de igualdade diante das bandeiras de suas nações. Na cúpula, Trump enfatizou o que a Coreia do Norte tem a ganhar abandonando suas armas nucleares e reingressando na comunidade internacional, um assunto que ele retornou no Twitter.

"Não há limite para o que a Coreia do Norte pode alcançar ao desistir de suas armas nucleares e abraçar o comércio e o engajamento com o mundo. O presidente Kim tem diante de si a oportunidade de ser lembrado como o líder que inaugurou uma nova era gloriosa de segurança e prosperidade para seus cidadãos!", escreveu. "Quero agradecer ao presidente Kim por dar o primeiro passo ousado em direção a um novo futuro brilhante para o seu povo".

Reações mistas

A primeira página do jornal oficial norte-coreano "Rodong Sinmun" trouxe nesta quarta-feira fotos do histórico aperto de mãos entre Trump e Kim diante das bandeiras de EUA e Coreia do Norte. "O encontro do século abre uma nova era na história das relações" entre os dois países, diz a manchete.

Mas para o jornal sul-coreano "Hankook", "a travessia acidentada para a eliminação das armas nucleares da península coreana e para uma paz permanente está apenas começando".

Segundo o jornal japonês conservador "Sankei", a cúpula em Cingapura não foi mais que um "programa de telerrealidade" e a declaração comum firmada por Trump e Kim, um documento "insubstancial".

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