Eleições 2018

Políticos pretendem trocar de cargos eletivos para garantir foro privilegiado

Lideranças como a senadora petista Gleisi Hoffmann e o senador tucano Aécio Neves devem tentar vaga na Câmara Federal para preservar o poder político e as prerrogativas do mandato

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30
Gelisi Hoffmann enfrenta dificuldades na reeleição para o Senado
Gelisi Hoffmann enfrenta dificuldades na reeleição para o Senado (Gleisi Hoffmann)

Em busca de sobrevivência, políticos profissionais reagem à possibilidade de rejeição e buscam novas alternativas para não perder o foro privilegiado. Em todas as esferas do poder, garantem especialistas, pipocam candidatos em busca de cargos eletivos. Essa pulverização cria dificuldades eleitorais aos que não têm uma base forte nem trazem consigo grandes realizações durante a vida pública. Quem não se garante terá que recuar e encontrar novas maneiras, ainda que com menos votos e menos poder, para não deixar o jogo e perder seu capital político.

Os interessados em continuar exercendo mandatos eletivos terão que ser mais fortes do que quem não está na política ou até mesmo dos que pretendem voltar à disputa. “É uma questão de sobrevivência, prioridade mesmo. O cenário mostra que governadores sem votos para reeleição vão tentar ‘descer’ para deputado ou senador. A tarefa dos políticos profissionais é continuar perto do poder. Aí, sim, você consegue galgar outras funções, como a presidência de estatais e ministérios. O importante é não sair”, analisa o responsável pela campanha de um dos candidatos ao governo de Goiás.

A lista de exemplos é enorme, especialmente entre os petistas. Com claras dificuldades para se reeleger no Paraná, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, que responde por corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Lava-Jato, deverá disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. Pesquisas apontam que há poucas chances de a porta-voz do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobreviver à disputa eleitoral sem a ajuda dele.

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT-MG), que sofreu impeachment há dois anos, chegou a mudar o domicílio eleitoral para tentar uma vaga no Senado. É, inclusive, a mais bem cotada para representar os mineiros na Casa, com mais de 25% das intenções de voto. Também deve passar pelo “downgrade” o senador Humberto Costa (PT-PE), que, com baixa popularidade, sai do Senado rumo à Câmara.

A dificuldade nas urnas alcança também o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que, outrora candidato a presidente, deve transitar em alguma vaga no Congresso e corre o risco até de não se candidatar a nada — possibilidade aventada pelos tucanos, que defendem o descanso da imagem dele. “Ele precisa tentar voar mais baixo. Os tempos de glória, quando cogitava assumir a Presidência da República, passaram”, explica um assessor do partido no parlamento.

Na Câmara, a deputada federal Brunny (PR-MG), que trocou o domicílio eleitoral de Minas Gerais para o Distrito Federal, ilustra sua fragilidade nas urnas. Em vez de ficar sem mandato, ela vai se candidatar a deputada distrital em Brasília. A parlamentar disse que “apenas aceitou o convite”, mas, internamente, seus assessores duvidavam da reeleição dela em âmbito federal.

O ex-governador Beto Richa (PSDB-PR), cuja imagem foi arranhada por causa de uma delação premiada, também vê mais viabilidade em uma disputa “menor”. Vai tentar ocupar uma das 81 cadeiras do salão azul. “Sem dúvida, um passo para trás. Mas a ideia é dar dois à frente”, declararam aliados.

Mais

Para o cientista político Rui Tavares Maluf, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, o movimento demonstra que a velha fórmula de governar é ineficaz. “O candidato não quer correr o risco de se sujeitar a uma votação baixa porque, além de fragilizar a imagem, pode deixá-lo sem nada. O que os políticos profissionais sabem fazer além de governar e legislar?”, questiona. Segundo Maluf, o movimento não é inédito, mas está mais visível que nos últimos anos. “Pode ser a tônica das eleições, que têm um contorno particular. Quando o sistema ainda não estava tão tumultuado, houve movimentos que ninguém reparou. A mudança foi a ordem política e a grandeza dessas quedas exposta pela imprensa”.

Fernando Henrique depõe

como testemunha de Lula

para o juiz Sérgio Moro

Ex-presidente fala no processo em que o petista é acusado de receber propina de R$ 1 milhão da OAS, Odebrecht e Schahin

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso depôs nesta segunda-feira (11) em fórum da Justiça Federal em São Paulo como testemunha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo que investiga a propriedade do síto de Atibaia, no interior de São Paulo.

FHC foi ouvido por vídeoconferência ao juiz Sérgio Moro no processo que corre no âmbito da Operação Lava Jato. A audiência estava marcada para ocorrer há duas semanas, mas foi adiada devido à greve dos caminhoneiros.

O depoimento durou cerca de meia hora e na saída da sala de audiência, ele não deu detalhes do depoimento, mas afirmou que foi "prazeroso" e que sentiu confortável em responder às perguntas.

Além de FHC, foram ouvidos como testemunhas de Lula Celso de Faria e Luiz Dulci. Fernando de Morais também deve depor nesta segunda. Foram arrolados como testemunhas do empresário Fernando Bittar, sócio de filho do ex-presidente, Ricardo Azevedo, Lilian Bittar e Priscila Bittar.

O processo em questão investiga se Lula recebeu propina da Odebrecht em forma de reformas no Sítio Santa Bárbara, em Atibaia, no interior de São Paulo, atribuído a ele. Conforme denúncia do Ministério Público Federal (MPF), as melhorias no imóvel totalizaram R$ 1,02 milhão.

Na ação, o ex-presidente Lula foi denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em maio de 2017 e se tornou réu na ação em agosto.

Lula nega as acusações e diz não ser o dono do imóvel, que está no nome de sócios de um dos filhos do ex-presidente. O ex-presidente afirma que todos os bens que pertencem a ele estão declarados à Receita Federal.

Lula está preso na sede da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná, porque foi condenado em segunda instância em processo que envolve um triplex no Guarujá.

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