Conscientização

429 casos de violência contra idosos em quatro meses no MA

De janeiro a abril deste ano, a Defensoria Pública realizou 1.426 atendimentos diversos a idosos, entre visitas domiciliares, orientações e atividades de prevenção; MP fez dois resgates; Centro e Cidade Operária têm mais incidência

Monalisa Benavenuto / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30

Nos quatro primeiros meses de 2018 já foram registrados 429 casos de violência contra a pessoa idosa, entre eles negligência, abuso financeiro e violência psicológica. Em 2017, esse número chegou a 1.381 casos registrados. Nos dois levantamentos feitos pelo Centro Integrado de Apoio e Prevenção à Violência Contra a Pessoa Idosa (Ciapvi), da DPE, alguns dos bairros com maior incidência se repetem: Centro, Cidade Operária e Bairro de Fátima. Buscando reverter esta realidade, a Defensoria Pública do Estado (DPE) lançou uma campanha ontem, como forma de conscientizar a sociedade sobre estes dados e alertar a população idosa sobre seus direitos e quais órgãos de defesa atuam em casos de violência contra o idoso.

A campanha de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa 2018 tem como tema “Violência contra a pessoa idosa: é necessário prevenir, é possível superar”, e foi lançada na manhã de ontem, no auditório da Defensoria Pública do Estado (DPE), localizado na Rua da Estrela, Praia Grande, com abertura feita pelo Coral do programa Universidade Aberta Intergeracional (Unabi), da Universidade Estadual do Maranhão (Uema). Na ocasião, estiveram presentes membros dos órgãos de defesa à pessoa idosa e representantes da terceira idade.

A atividade é um dos compromissos assumidos pela DPE no Pacto de Gestão pelo Envelhecimento Digno e Saudável do Estado do Maranhão e marca também as comemorações ao Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, celebrada no dia 15 de junho.

Na solenidade, estiveram presentes o promotor de Defesa do Idoso, Augusto Cutrim; o secretário de Direitos Humanos e Participação Popular, Francisco Gonçalves; a titular da Delegacia do Idoso, Igliana Freitas; a presidente do Conselho Estadual de Direitos do Idoso, Maria Guadalupe Barros; o Defensor Público Geral do Estado, Alberto Pessoa Bastos, e o defensor público Benedito Pereira da Silva, titular do Núcleo de Defesa do Idoso, da Pessoa com Deficiência e da Saúde.
Maria Guadalupe Barros destacou a atuação dos órgãos no combate ao crime de violência contra os idosos, frisando os oito casos de resgates de idosos realizados pelo Ciapvi, em parceria com o Ministério Público (MP).

“Hoje nós temos essa rede, que vem dando respostas, sobretudo à violência contra a pessoa idosa. O resgate que a defensoria, que o Ciapvi faz, das visitas às casas, tudo isso é uma comprovação de que nós estamos trabalhando, estamos no caminho certo”, ressaltou.

O promotor Augusto Cutrim chamou atenção para a atuação dos idosos na sociedade, enfatizando os casos de violência contra esse grupo. “A grande luta nossa, da rede, é que o idoso realmente se empodere, conheça seus direitos e saiba exigi-los. O Brasil é o país que tem a melhor legislação de proteção a idoso do mundo. No entanto, temos um número assustador de violência contra o idoso ou de não atendimento às suas necessidades básicas”, destacou.

Para aqueles que já fazem parte da terceira idade, a campanha é vista como uma grande conquista. A aposentada Maria do Rosário Rodrigues, aluna do programa Universidade Aberta Intergeracional da Uema e integrante do coral, parabenizou a iniciativa.

“Como idoso, a gente sabe que tem muitas coisas da gente que não são respeitadas. A gente tem de saber que um dia vai precisar de alguém que também veja alguma coisa pela gente, porque as leis estão aí, mas se não tiver ninguém para incentivar, para poder realmente nos amparar, vamos ficar esquecidos, como muitos casos que a gente sabe. Então essa campanha é de grande importância, porque a gente tem que saber quais são os nossos verdadeiros direitos”, frisou.


RELEMBRE

No ano passado, um vídeo de maus-tratos a uma idosa chocou a população. Nas imagens, um filho agredia uma senhora que sofria de Alzheimer. O homem foi preso, condenado a 10 anos pelos crimes de tortura e apropriação indébita e por retardar assistência à saúde da vítima.

SAIBA MAIS

Tipos de violência recorrentes mais denunciados: negligência, abuso financeiro e violência psicológica
Bairros de maior incidência: Centro, São Francisco, Bairro de Fátima, Cidade Operária e São José de Ribamar

Existem vários tipos de violência. Fique esperto e ajude a punir as pessoas desumanas que praticam agressão ao público idoso:
Violência Física:
é o uso da força física que acaba por machucar e obrigar o idoso fazer algo que não deseja;
Violência Psicológica: são agressões verbais e gestuais; restringe a liberdade do idoso. Isso é perigoso, porque a vítima pode entrar em depressão, ou até mesmo se tornar agressiva;
Violência Financeira: exploração dos bens do idoso sem seu consentimento. Ele é pressionado a ajudar;
Negligência: reclusão ou omissão de cuidados necessários ao idoso;
Abandono: ausência dos responsáveis pelo idoso em prestar socorro que necessite de proteção.

NÚMEROS

1.426 Atendimentos gerais de janeiro a abril de 2018 (serviço social, psicologia, encaminhamentos, mediações de conflitos, visita domiciliar, orientações e atividades de prevenção
429 casos de violência identificados
2 resgates de idosos pela DPE em parceria com o Ministério Público: (Milagres-MA e Sá Viana)

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