Saúde precária

Por falta de insumos, homem aguarda cirurgia há três meses

Após sofrer atropelamento, o cabeleireiro Flávio Silva foi encaminhado a dois hospitais da rede pública de São Luís, mas continua com a perna quebrada e sem previsão de cirurgia

Monalisa Benavenuto / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31

Três meses após sofrer um atropelamento e fraturar uma das pernas, o cabeleireiro Flávio Silva, de 41 anos, corre o risco de ficar deficiente físico, devido à falta de insumos cirúrgicos em hospitais da rede municipal e estadual. Após mobilização nas redes sociais, Flávio Silva foi procurado por um médico e informado sobre as possíveis sequelas da negligência.

No dia 11 de março, o cabeleireiro Flávio Silva foi atropelado próximo à sua casa, no bairro João de Deus, enquanto andava de bicicleta. O motorista não prestou socorro, e o rapaz foi encaminhado ao hospital Socorrão II, localizado na Cidade Operária. Após seis dias internado, ele foi orientado a retornar para casa, pois os materiais necessários para o procedimento cirúrgico a que deveria ser submetido estavam em falta. Enquanto esteve no local, foram feitos apenas procedimentos emergenciais na área fraturada, conforme contou.

“Como foi fratura exposta, eles só colocaram o osso no lugar e costuraram. Aí eu passei seis dias lá e me mandaram para casa, porque disseram que não tinha material para fazer a cirurgia”, relatou.
Segundo ele, o hospital entraria em contato assim que fosse possível a realização do procedimento, mas não ficou esperando o retorno e buscou um segundo hospital. O cabeleireiro foi ao Hospital de Traumatologia e Ortopedia (HTO), localizado no bairro Turu, no dia 22 de março, acreditando que seria mais fácil de resolver a situação, por se tratar de um centro especializado. No entanto, foi submetido apenas a novos exames e procedimentos paliativos. “Eu comecei a me consultar pelo HTO e terminei o processo há uns 15 dias, mas também estou aguardando para ser chamado para a cirurgia”, contou.

Diante da situação, uma amiga do cabeleireiro iniciou uma mobilização nas redes sociais buscando ajuda para o rapaz, que estava impedido, inclusive, de trabalhar. Com a repercussão, Flávio Silva foi procurado por um médico do Hospital Socorrão I, no Centro, onde realizou novos exames na última quinta-feira, 31.

Ele foi informado sobre os riscos relacionados ao atraso no procedimento cirúrgico e teve a perna engessada para amenizar alguns efeitos. “Depois das postagens no Facebook, teve um médico que me chamou, e eu fui ao Socorrão I on­tem. Só que quando eu cheguei lá, ele disse que a minha perna já está calcificada e tem perigo agora de fazer a cirurgia”, informou.

Segundo Flávio Silva, o médico expôs que ele poderia escolher se faria ou não o procedimento. “Ele disse que poderia fazer a cirurgia lá, mas corre risco de necrosar e que vou ficar com sequelas, também. Ele disse que eu poderia escolher deixar assim, ficando com a perna mais curta, ou fazer a cirurgia e correr os riscos”, ressaltou.

Silva destacou ainda que, apesar do medo, pretende fazer a cirurgia, mas teme pelas condições do hospital. “Ele [o médico] perguntou se eu queria fazer a cirurgia, mesmo com esses riscos. Aí, eu fiquei com medo pelo local [Hospital Socorrão I], porque pode causar infecção, pois é muita gente lá, muita doença”, explicou.

De acordo com ele, diversas pessoas estão em situação semelhante. “Eu ainda tive foi sorte, que eles me mandaram para casa. Tem gente lá há três, quatro meses deitado, esperando fazer cirurgia, e nada”, contou.

Flávio Silva não foi informado de quais insumos estavam em falta no hospital Socorrão II. Ele continua aguardando ser chamado pelo HTO para a realização do procedimento.

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou, em nota, que garantirá o atendimento ao paciente no Hospital de Traumatologia e Ortopedia do Maranhão conforme lista de agendamento. A SES frisou que o caso não é de urgência e que o paciente encontra-se devidamente regulado.

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