Impasse

Falta de abastecimento causa transtornos à população em SL

Alimentos, como pães, frutas, verduras e hortaliças, e combustíveis estão difíceis de encontrar; caminhoneiros continuam mobilizados e concentrados em alguns trechos da BR-135; frota de ônibus operou com 70% do total, segundo o SET

Daniel Júnior / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31

[e-s001]Produtos essenciais à população, como combustíveis e itens alimentícios, estão difíceis de encontrar nos estabelecimentos de São Luís. Esse impasse ocorre pela falta de abastecimento, causada pela paralisação dos caminhoneiros, que ocorre em nível nacional e já está no seu nono dia. A categoria exige redução no preço do óleo diesel.

Em São Luís, caminhoneiros de diversos estados estão concentrados no Km 5 da BR-135 e também em outros trechos da rodovia federal. A manifestação não causa impacto ao fluxo de veículos menores. De acordo com o presidente do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Maranhão (Sindcombustíveis-MA), João Rolim, 70% do total de 220 postos de combustíveis da capital maranhense estão abastecidos.

“Durante o último domingo, 20, caminhões-tanque saíram do Porto do Itaqui, escoltados, para abastecer os postos de São Luís. O abastecimento ocorreu de forma fracionada, mas os estabelecimentos receberam o produto. Calculamos que 70% dos postos dispõem do produto. Os outros 30% aguardam. Aqui na capital, havia 250 postos, mas alguns fecharam.
Atualmente, contabilizamos 220”, explicou Rolim.

Alguns postos da capital maranhense e da Região Metropolitana de São Luís estão comercializando o litro da gasolina a quase R$ 5,00.

Alimentos
O desabastecimento também reflete no setor alimentício. Alimentos de panificação e hortifruti já começam a faltar em um supermercado situado no bairro da Cohama. “Estamos em estado crítico. Se essa paralisação continuar mais três dias, o caos será anunciado. Em média, 100 carretas faziam o abastecimento nos supermercados, mas agora não tem nenhuma.

Para minimizar os impactos aos consumidores, estamos transferindo produtos de outras lojas que têm uma quantidade satisfatória de mantimentos. As frutas e verduras que estão expostas são as últimas do estoque. Feijão, leite e biscoito também já estão perto de acabar”, relatou Ilson Mateus, presidente da Associação Maranhense de Supermercados (Amasp) e do Grupo Mateus.

A funcionária pública Ana Maria Ribeiro, de 61 anos, tentava adquirir pães, mas quando chegou ontem ao setor se deparou com as prateleiras vazias. “Vim comprar pão de forma, mas não estou encontrando. Aqui sempre estava cheio. Nunca vi isso na minha vida. Não sou contra a paralisação dos caminhoneiros. Tem de protestar mesmo pelos direitos. Mas nós, consumidores, como ficamos?”, indagou Ribeiro.

[e-s001]Na Central de Abastecimento do Maranhão (Ceasa), bancas de frutas, legumes e hortaliças estavam vazias ou no limite, na manhã de ontem. “A situação está séria. Desde terça-feira passada não entra um caminhão aqui para abastecer. As novas mercadorias não chegaram. Produtores também estão apreensivos de perder produtos. Alguns produtos que vêm do Pará, estamos conseguindo transportar, porque vêm de ferry-boat. A Ceasa está um caos”, disse Milton Gadelha, presidente do setor de Cohortifruti da Ceasa.

“Trabalho aqui na Ceasa há 33 anos e nunca vi algo assim. Comercializo hortaliças e legumes, que são produzidos também aqui na Ilha, mas não suprem a demanda. É necessário os produtos que vêm de fora e faz tempo que não recebemos. Trouxe hoje cheiro verde e alface produzidos aqui mesmo. Em menos de duas horas, acabou tudo”, disparou Ivete Costa.

SAIBA MAIS

Mais manifestação - segurando duas faixas com as mensagens “Gasolina a preço justo Já” e “Somos todos caminhoneiros”, trabalhadores do setor de transportes alternativos, como mototaxistas, taxistas, realizaram uma manifestação durante a manhã de ontem, no bairro do Bacanga, em São Luís, reivindicando uma diminuição no preço dos combustíveis.

Ônibus - a frota de ônibus foi reduzida ontem em 30% na capital maranhense, de acordo com informações do Sindicato das Empresas de Transporte de São Luís (SET). Segundo o sindicato, a medida visa garantir um atendimento mínimo na cidade por conta da falta de combustível. A Prefeitura de São Luís, por sua vez, garantiu, em nota divulgada no domingo, que a frota de ônibus circularia em 100%.

Universidades - a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) suspendeu as aulas ontem, devido à falta de combustíveis. Já as atividades administrativas da instituição ocorreram normalmente. Não houve aulas também na Universidade Estadual do Maranhão (Uema), a fim de minimizar os transtornos para a comunidade universitária, segundo a instituição. Algumas faculdades particulares também suspenderam as aulas.

Gás - o Sindigás informou, ontem, que algumas praças ainda possuem um estoque mínimo de GLP, apesar da situação caótica do abastecimento do produto em todo o Brasil. Por ele ser armazenável, tem a vantagem de permitir ao consumidor contar com uma reserva, em média, de até 22 dias. Grevistas e forças policiais estão permitindo apenas a passagem de caminhões com GLP granel para abastecer serviços essenciais, como hospitais, creches, escolas e presídios. Porém, caminhões com botijões de 13kg, 20kg, 45kg vazios ou cheios com nota fiscal a caminho das revendas não são reconhecidos pelos grevistas como serviço essencial. O Sindigás reitera que há gás nas bases. O problema no abastecimento deve-se às dificuldades de escoamento do produto pelas rodovias do país.

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