Reunião

Trump diz que cúpula com Kim-Jong-un ainda pode acontecer dia 12

Presidente dos EUA considera resposta norte-coreana ''produtiva'' e disse que o governo americano já está em contato com a Coreia do Norte; China e Rússia pedem diálogo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31
Donald Trump já admite a possibilidade de manter encontro com Kim-Jong-un
Donald Trump já admite a possibilidade de manter encontro com Kim-Jong-un (Donald Trump já admite a possibilidade de manter encontro com Kim-Jong-un)

WASHINGTON - Após cancelar seu encontro com o líder da Coreia do Norte, Kim-Jong-un, previsto para 12 de junho em Cingapura, o presidente americano, Donald Trump, acolheu na sexta-feira,25, a resposta em tom conciliatório da Coreia do Norte. Na Casa Branca, ele disse que o governo americano já está em contato com os norte-coreanos, e sugeriu que ainda há a possibilidade de o encontro acontecer na data prevista anteriormente. Em comunicado, a Coreia do Norte manifestou sua disposição de conversar "a qualquer momento" com os EUA.

"É uma notícia muito boa receber um caloroso e produtivo comunicado da Coreia do Norte", reconheceu Trump no Twitter, um dia depois de sua surpreendente decisão de cancelar as conversas por causa da "hostilidade" atribuída a Pyongyang. "Logo veremos para onde vamos. Vamos esperar que para uma longa e duradoura prosperidade e paz. Apenas o tempo (e o talento) dirão!", acrescentou o republicano.

O secretário de Defesa americano, Jim Mattis, disse que diplomatas estão trabalhando para realizar a cúpula nos bastidores. Ele disse que há "possivelmente boas notícias" sobre o encontro. Em conversa com a imprensa em Washington, Trump deixou em aberto a possibilidade de o encontro ainda ocorrer no dia 12. "Vamos ver o que acontece. Estamos conversando com eles agora. Pode até ser no dia 12. Nós gostaríamos de fazer isso", disse o presidente americano a repórteres.

Governos de diferentes países lamentaram o cancelamento da cúpula, anunciado na quinta-feira por Trump. A China, principal aliada do regime norte-coreano, pediu nesta sexta-feira aos dois países que demonstrem "boa vontade" e "paciência". Rússia, outra importante parceira da Coreia do Norte, e Alemanha, também se manifestaram.

A China aplicou nos últimos anos as sanções internacionais que pretendiam convencer Pyongyang a renunciar a seu arsenal nuclear, condenando ao mesmo tempo as ameaças militares dos Estados Unidos.No entanto, Pequim registrou uma grande aproximação com o regime norte-coreano desde o início do ano, e o presidente Xi Jinping recebeu Kim Jong-un duas vezes nos últimos meses.

" A recente distensão na Península Coreana foi difícil de alcançar, o processo de solução política tem uma oportunidade histórica rara", afirmou em uma entrevista coletiva o porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Lu Kang.

No entanto, o governo chinês constatou com satisfação que as duas partes se declararam abertas ao diálogo, apesar do cancelamento da reunião de cúpula histórica programada para 12 de junho em Cingapura, destacou o porta-voz.

"Nas circunstâncias atuais, esperamos que Coreia do Norte e Estados Unidos preservem os recentes progressos alcançados, apresentem mostras de paciência e boa vontade, avancem na mesma direção e permaneçam comprometidos na desnuclearização da península", declarou Lu.

Após reunião com o presidente francês, Emmanuel Macron, em São Petersburgo, o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, disse esperar que o encontro aconteça.

Já a porta-voz da chanceler federal alemã, Angela Merkel, destacou a importância do diálogo para atingir os objetivos da paz na região. "Do ponto de vista do governo alemão, o diálogo em alto nível é um passo importante para a distensão na Península Coreana", disse a representante.

Abertos ao diálogo

Apesar do cancelamento abrupto da reunião, Trump indicou que ainda se mantém aberto a dialogar com o regime norte-coreano. Contrariando expectativas, a Coreia do Norte reagiu moderadamente, e disse que está disposta a negociar com os EUA "a qualquer momento" em comunicado nesta sexta-feira.

"O repentino anúncio do cancelamento da reunião foi inesperado para nós e só podemos considerá-lo extremamente lamentável", declarou Kim Kye Gwan, primeiro vice-ministro das Relações Exteriores da Coreia do Norte, em um comunicado publicado pela agência oficial KCNA. "Reiteramos aos Estados Unidos a nossa disposição de nos sentar frente a frente a qualquer momento para resolver o problema", acrescentou Kim.

Em carta dirigida a Kim, Trump anunciou que não iria à reunião prevista para 12 de junho em Cingapura, depois do que a Casa Branca chamou de uma "série de promessas descumpridas" por parte da Coreia do Norte. O republicano atribui o cancelamento à "raiva tremenda e hostilidade" manifestada por autoridades do regime norte-coreano nas últimas semanas, principalmente contra o vice-presidente Mike Pence e o conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton.

Em sua declaração na sexta-feira, 25, o primeiro vice-ministro das Relações Exteriores afirmou que o líder norte-coreano estava se preparando para a reunião. "(Kim Jong-un) também disse que uma reunião com o presidente Trump poderia representar um bom começo e dedicou esforços para prepará-los", declarou o alto funcionário.

A Coreia do Norte lançou uma série de críticas e ofensas aos funcionários americanos que, nas duas últimas semanas, passaram a propor um modelo de desnuclearização do país similar ao processo implementado na Líbia. Tal comparação soou como uma ameaça a Pyongyang, pois o regime líbio se dispôs a abrir mão de seu arsenal nuclear em um período de tempo muito curto, e o destino do presidente responsável por isso, Muamar Kadafi, foi fatal: ele terminou deposto e morto após a Primavera Árabe no país em 2011.

O ministro da Unificação da Coreia do Sul disse na quinta-feira (sexta-feira no Brasil) que Seul vai avançar para melhorar as relações com a Coreia do Norte.

"Nosso governo fará sua parte na execução da Declaração de Panmunjom", disse o ministro Cho Myoung-gyon, segundo a Yonhap, referindo-se ao acordo para reforçar os laços e impulsionar a desnuclearização assinado no mês passado por Kim e o presidente sul-coreano Moon Jae-in. "Parece que (o Norte) continua sendo sincero na implementação do acordo e nos esforços para desnuclearização e construção da paz", acrescentou.

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