Greve camionheiros

Temer autoriza uso de forças federais para liberar rodovias

A decisão foi tomada após reunião no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que contou com a participação de ministros e do presidente; Temer cobrou dos caminhoneiros a manutenção do acordo celebrado na noite de quinta-feira

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31
Trecho da BR-135 em que as duas pistas continuavam interdidas por caminhões de carga
Trecho da BR-135 em que as duas pistas continuavam interdidas por caminhões de carga

BRASÍLIA

O Governo Federal autorizou o uso de forças federais de segurança para liberar as rodovias blo­queadas pelos caminhoneiros, caso as estradas não sejam liberadas pelo movimento. O anúncio foi feito nesta sexta-feira, 25, pelo presidente Michel Temer, em pronunciamento no Palácio do Planalto. A decisão foi tomada após reunião no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que contou com a participação de ministros e do presidente.
"Quero anunciar um plano de segurança imediato para acionar as forças federais de segurança para desbloquear as estradas e estou solicitando aos governadores que fa­çam o mesmo. Não vamos permitir que a população fique sem os gêneros de primeira necessidade, que os hospitais fiquem sem insumos para salvar vidas e crianças fiquem sem escolas. Quem bloqueia estradas de maneira radical será responsabilizado. O governo tem, como tem sem­pre, a coragem de dialogar; agora terá coragem de usar sua autoridade em defesa do povo brasileiro."
Na quinta-feira (24), os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Eduardo Guardia (Fazenda) e Carlos Marun (Secretaria de Governo) anunciaram acordo para suspensão dos protestos da categoria por 15 dias. Depois disso, as partes voltarão a se reunir.
Nesta sexta-feira (25), no entanto, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que ainda não registrava desmobilização de pontos de manifestação de caminhoneiros nas rodovias do país.
Em seu pronunciamento, Temer disse que uma "minoria radical" está impedindo que muitos caminhoneiros cumpram o acordo e voltem a transportar mercadorias. O presidente enfatizou que o governo atendeu às principais demandas da categoria. "O acordo está assinado e cumpri-lo é naturalmente a melhor alternativa. O governo espera e confia que cada caminhoneiro cumpra seu papel."
O ministro Eliseu Padilha disse, também nesta sexta-feira, que o governo confia no cumprimento do acordo firmado ontem com as lideranças do movimento.
A decisão de suspender a paralisação não foi unânime. Das 11 entidades do setor de transporte, em sua maioria caminhoneiros, que participaram do encontro, duas delas, a União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam) e a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que representa 700 mil trabalhadores, recusaram a proposta.
Nesta sexta, a associação divulgou nota na qual afirma que, ao contrário de outras entidades, "que se dizem representantes da categoria, a Abcam, não trairá os caminhoneiros". "Continuaremos firmes com pedido inicial: isenção da alíquota PIS/Cofins sobre o diesel, publicada no Diário Oficial da União", diz o texto.

Confira a situação dos principais aeroportos

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No quinto dia de paralisação dos caminhoneiros, aeroportos de todo o país já sentiam na sexta-feira os impactos do desabastecimento de combustível para aeronaves. Na capital federal, acabou nesta sexta-feira o estoque de querosene de aviação do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitscheck.
A Inframérica, administradora do terminal, informou que, até o meio da tarde, 31 voos haviam sido cancelados, entre pousos e decolagens, por causa do problema. A empresa explicou que a decisão é das companhias aéreas, que podem ou não cancelar, a depender de como os tanques chegam de outras cidades.
Em Belo Horizonte, a administradora do Aeroporto de Confins teve seis voos cancelados, até o começo da tarde desta sexta, devido à restrição na situação do combustível para aeronaves.
Entre os aeroportos administrados pela Infraero, dez já estão sem combustível e os pousos e decolagens vão depender das companhias e de como os tanques das aeronaves chegarem ao terminal. São os aeroportos de Carajás, São José dos Campos, Uberlândia, Ilhéus, Palmas, Goiânia, Juazeiro, Maceió, Recife e Vitória.
A companhia aérea Latam cancelou, nesta sexta-feira, 30 voos, até o começo da tarde. Segundo a empresa, os passageiros com partidas, chegadas ou conexões em Brasília, Confins, em Belo Horizonte, Goiânia, Maceió e Uberlândia podem alterar os voos, sem pagamento de taxa adicional.
Em Salvador, a empresa Vinci que administra o terminal, informou que a situação estva normalizada e que existia combustível suficiente para os próximos dias. Três voos internacionais, inclusive, que não estavam programados, fizeram escala no aeroporto da capital baiana.

Agência define medidas para conter alta de preços

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A greve dos caminhoneiros completou cinco dias nesta sexta-feira e em muitos postos do país os combustíveis acabaram e alguns dos que ainda tem estão cobrando preços considerados abusivos. A ANP, Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e biocombustíveis, anunciou na quinta-feira medidas para garantir o abastecimento e evitar alta nos preços.
Entre as medidas está a liberação da vinculação de marca para vendas de distribuidoras de combustíveis líquidos, combustíveis de aviação e GLP. Segundo a agência reguladora, mais da metade das vendas ocorrem por meio de postos vinculados a marcas específicas de distribuidores. Essa vinculação impede que distribuidores de uma marca comercializem com postos de outra. A flexibilização do modelo oferece alternativa de suprimento por distribuidores cujas bases não tenham sido afetadas pelos bloqueios.
A agência também vai flexibilizar a obrigatoriedade das misturas de biodiesel no diesel A e de etanol anidro da mistura na gasolina.

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