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Atualidades na economia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31

A escalada do dólar e, por consequência, a desvalorização das moedas dos países emergentes, é função da política monetária adotada pelo Federal Reserve - FED, o banco central dos Estados Unidos. A recuperação da economia americana traz a subida da inflação e a elevação dos juros funcionando como um antídoto compensatório: os investimentos são estimulados e passam a ter uma remuneração maior, asseguradas as funções de liquidez e segurança.

No Brasil, em particular, essa elevação do dólar acontece em uma conjuntura não muito favorável: eleva os preços dos produtos importados e é agravada principalmente pelos aspectos das dificuldades fiscais; mas o país tem reservas, a dívida em moeda estrangeira diminuiu e o Banco Central vem utilizando os instrumentos de política monetária disponíveis, como as operações de Swaps cambiais, que atenuam os efeitos da demanda pelo dólar e tentam compensar os riscos envolvidos.

O governo federal, na tentativa de fazer o ajuste fiscal, vem cortando as despesas não obrigatórias, tais como: Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT; subsídios e subvenções; Financiamento Estudantil - FIES. Isso é para poder cumprir o teto dos gastos.

Os Estados, por sua vez, cortam despesas com os servidores ativos e aumentam os gastos com inativos; alguns já chegaram inclusive a atrasar o pagamento de salários e do 13º.

O Banco Central do Brasil, através do Comitê de Política Monetária - COPOM, acaba de manter inalterada a atual taxa SELIC. Fez certo, porque, de acordo com o balanço dos riscos que envolvem o nosso país, “talvez o mais relevante seja a possibilidade de uma inadequada interrupção do processo de flexibilização monetária”, como aconteceu.

A moedas dos países emergentes, inclusive o Brasil, estão experimentando um “ataque” externo. Tudo é resultante da política de juros adotada pelo FED americano, de elevar as taxas de juros da economia, o que pode provocar uma evasão de capital dos BRICS em busca de melhor remuneração, liquidez e segurança.

Há quem ache que os economistas são de Marte e os políticos, de Vênus. “Os políticos usam os economistas como bêbados usam o poste, mais para apoiar do que para iluminar.” Assim disse o jornalista Alan Blinder, do New York Times. Não concordo.

Os economistas estão divididos à atuação do Banco Central na condução das questões cambiais, por exemplo, na realização de operações de SWAPS visando conter a demanda pelo dólar, que consideram insatisfatórias em seu volume. Acham que essa política pode acalmar o mercado, mas não conter o câmbio.

Com o balanço de riscos sendo considerado desfavorável ao país, isto poderia ser um bom motivo para o COPOM não cortar os juros, como de fato aconteceu.

Economistas e especialistas do mercado consideram fraco o ritmo da atividade econômica brasileira que, agravada pela conjuntura externa e a proximidade das eleições, tornam incertos os prognósticos para os próximos anos.

Enquanto isso, o FED persevera em uma regulação eficiente para o mercado financeiro. A crise da “bolha” foi vencida a par de medidas econômicas heterodoxas, que ainda escondem efeitos incertos de tal modo a dificultar a retirada do chamado “quantitative easing” ou afrouxamento monetário.

“Pressão por desvalorização do real tende a continuar.” Editorial do jornal “Valor econômico”, edição do dia 16/05/2018, diz que nossa moeda “passa por maus momentos” e que os investidores estão tentando livrar-se de ativos de risco.

Antônio Augusto Ribeiro Brandão

Economista, membro da ACL, do IWA e da Comunidade ELOS, fundador da ALL

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