Internacional

Em artigo internacional, Lula se declara “vítima de uma farsa judicial” no Brasil

Ex-presidente falou ao jornal francês Le Monde e exigiu eleições presidenciais democráticas, com a participação de todas as forças políticas e ideológicas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31
Lula mantém forte influência política nacional e internacional
Lula mantém forte influência política nacional e internacional (Lula)

BRASÍLIA - O ex-presidente Lula criticou a "farsa judiciária", da qual se diz vítima após ser preso por "corrupção", e exigiu uma eleição presidencial "democrática", com "todas as forças políticas" - incluindo a sua - em um artigo de opinião publicado nesta quinta-feira (17) pelo jornal francês "Le Monde".

"Enquanto presidente, eu defendi, por todos os meios, a luta contra a corrupção e não aceito que me atribuam esse tipo de crime pelo viés de uma farsa judiciária", escreveu Luiz Inácio Lula da Silva, condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e detido desde o início de abril, o que o impede de se candidatar à presidência nas eleições de outubro.

Estas eleições "serão democráticas apenas se todas as forças políticas puderem participar delas de forma livre e justa", defende Lula, apresentando sua candidatura como "uma proposta para que o Brasil encontre o caminho da inclusão social, do diálogo democrático, da soberania nacional e do crescimento econômico para a construção de um país mais justo e solidário".

"Eu sou candidato (...) porque sei que eu posso fazer de modo que o país retome o caminho da democracia e do desenvolvimento para nosso povo", garante ele em um longo artigo de opinião, que soa como um discurso de campanha.

"Eu sou candidato para devolver aos pobres e aos excluídos sua dignidade, para garantir seus direitos e lhes dar esperança de uma vida melhor", acrescenta Lula, que destaca o fato de "dominar, com uma forte margem, as pesquisas de intenções de voto no Brasil".

"Ao curso dos oito anos, durante os quais eu governei este país, nós tiramos 36 milhões de pessoas da extrema miséria. Nosso país conheceu um prestígio internacional excepcional", insistiu.

Hoje, "depois do golpe de Estado parlamentar, que abriu caminho para um programa neoliberal", a taxa de desemprego atinge 13,1 %, contra 4,7 % em dezembro de 2014.

"A pobreza aumentou, a fome voltou a cercar, e as portas das universidades voltam a se fechar para os filhos da classe trabalhadora. Os investimentos para pesquisa despencam", e o Brasil "se tornou um pária da política externa".

"Candidato à presidência, eu prometi, eu lutei e eu mantive minha promessa para que todos os brasileiros tivessem o direito a três refeições por dia e não conhecessem a fome que eu conheci quando criança. Não submeti meu país e suas riquezas naturais aos interesses estrangeiros", frisou Lula.

Juiz tira de ex-presidente

direitos constitucionais

SÃO PAULO - O juiz federal Haroldo Nader, da 6ª Vara de Campinas (SP), acolheu tutela de urgência em ação popular e mandou cortar "todas as benesses" a Luiz Inácio Lula da Silva, como ex-presidente (2003/2010). O argumento central do magistrado é que na prisão da Lava Jato, em Curitiba, o petista estaria em melhores condições de segurança do que quando em liberdade.

"O ex-presidente está sob custódia permanente do Estado, em sala individual (fato notório), ou seja, sob proteção da Polícia Federal, que lhe garante muito mais segurança do que tivera quando livre", escreveu.

A decisão judicial foi divulgada pelo Núcleo de Comunicação Social da Justiça Federal em São Paulo. A ação popular foi movida por Rubens Alberto Gattu Nunes.

O magistrado destacou a desnecessidade da mobilização de "alguns agentes" para acompanhar Lula aonde fosse. "Também é absolutamente desnecessária a disponibilidade de dois veículos, com motoristas, a quem tem o direito de locomoção restrito ao prédio público da Polícia Federal em Curitiba e controlado pelos agentes da carceragem", seguiu o juiz.

"Qualquer necessidade de transporte a outro local é de responsabilidade Policial Federal e sob escolta. Sem qualquer justificativa razoável a manutenção de assessores gerais a quem está detido, apartado dos afazeres normais, atividade política, profissional e até mesmo social não há utilidade alguma a essa assessoria."

"Logo, a permanência desses benefícios e, principalmente, seu pagamento à custa da União, são atos lesivos ao patrimônio público, pois é flagrante a inexistência dos motivos."

O Instituto Lula não se pronunciou sobre a decisão. A reportagem também tentou contato com o Palácio do Planalto. O espaço está aberto para as manifestações.

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