Tensão

Coreia do Norte chama o Sul de 'ignorante e incompetente'

Pyongyang, que vinha se aproximando de Seul e Washington, adotou mudança drástica de discurso esta semana citando como motivo treino militar conjunto de americanos e sul-coreanos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31
Chefe da delegação norte-coreana, Ri Son Gwon aperta a mão de seu homólogo sul-coreano Cho Myoung-gyon durante a reunião
Chefe da delegação norte-coreana, Ri Son Gwon aperta a mão de seu homólogo sul-coreano Cho Myoung-gyon durante a reunião (Chefe da delegação norte-coreana, Ri Son Gwon aperta a mão de seu homólogo sul-coreano Cho Myoung-gyon durante a reunião)

PYONGYANG - O principal negociador da Coreia do Norte chamou ontem o governo sul-coreano de "ignorante e incompetente", denunciou os exercícios aéreos realizados por Coreia do Sul e Estados Unidos, e ameaçou interromper todas as negociações com o vizinho do sul a menos que suas exigências sejam atendidas.

Os comentários de Ri Son Gwon, presidente do norte-coreano Comitê para Reunificação Pacífica, foram os mais recentes em uma série de declarações inflamadas marcando uma mudança drástica de tom após meses de alívio das tensões, com planos de desnuclearização e uma cúpula marcada com os Estados Unidos.

Ri criticou o Sul por participar dos exercícios militares, bem como por permitir que "escória humana" falasse em sua Assembleia Nacional, segundo a agência de notícias norte-coreana KCNA.

"A menos que a grave situação que levou à suspensão das negociações de alto nível entre norte e sul seja resolvida, nunca será fácil sentar-se frente a frente novamente com o atual regime da Coreia do sul", disse o comunicado, sem dar detalhes.

A KCNA, em seu serviço em inglês, usa deliberadamente "norte" e "sul" minúsculos para mostrar que reconhece apenas uma única Coreia.

Cúpula prevista

A Coreia do Norte disse na quarta-feira, 16, que pode não participar da cúpula prevista entre seu líder, Kim Jong Un, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Cingapura, no dia 12 de junho, se Washington continuar exigindo que Pyongyang abandone unilateralmente seu arsenal nuclear.

Nesta quinta-feira, o jornal japonês "Asahi" relatou que os Estados Unidos exigiram que o governo norte-coreanos envie algumas ogivas nucleares, um míssil balístico intercontinental (ICBM) e outros materiais nucleares para o exterior no prazo de seis meses.

Segundo o jornal, que citou fontes familiarizadas com questões norte-coreanas, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, teria dito ao líder norte-coreano quando eles se encontraram neste mês que a Coreia do Norte poderia ser removida de uma lista de Estados patrocinadores do terrorismo se enviasse os itens nucleares para fora do país.

O "Asahi" também informou que, se Pyongyang concordar em completar uma desnuclearização verificável e irreversível na cúpula com os EUA em Cingapura, Washington consideraria dar garantias ao regime de Kim.

Mediador

Uma autoridade da Casa Azul da Presidência sul-coreana afirmou que o Sul pretende desempenhar mais ativamente "o papel de mediador" entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, mas esse objetivo foi posto em dúvida pelos comentários de Ri.

"Nessa oportunidade, as atuais autoridades sul-coreanas têm provado claramente que são um grupo ignorante e incompetente, desprovido do senso elementar da situação atual", disse Ri em comunicado divulgado pela KCNA.

A declaração não identificou a "escória humana" pelo nome, mas Thae Yong Ho, um ex-diplomata norte-coreano que desertou para o Sul em 2016, realizou uma entrevista coletiva na segunda-feira,14, na Assembleia Nacional da Coreia do Sul por ocasião da publicação de suas memórias.

Em seu livro de memórias, Thae descreve o líder norte-coreano Kim como "impaciente, impulsivo e violento".

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