Fases da vida

Testando limites: o jovem e a sua revolta saudável

Com o Dia do Jovem se aproximando, relembramos questões enfrentadas por praticamente todos dessa fase; apesar de ser difícil, os pais precisam manter um equilíbrio na educação dos filhos quando eles chegam a essa etapa

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31
Quando a criança chega  à adolescência, decide testar  limites impostos  a ela
Quando a criança chega à adolescência, decide testar limites impostos a ela (jovens)

ODia da Juventude, comemorado a 23 de maio, é a data escolhida para celebrar essa fase da vida, que, segundo a Assembleia Geral das Nações Unidas, acontece entre os 15 e 24 anos de idade. Hoje os jovens representam mais de 1/3 da população mundial, e é depositada neles a esperança de um mundo melhor.

Apesar da definição da Assembleia Geral sobre a idade que faz parte da juventude, pode-se dizer que ela se inicia antes, lá pelos 12 anos, quando a criança chega à adolescência e decide testar alguns dos limites impostos a ela: os seus próprios limites, os limites impostos pelos pais e os impostos pela sociedade.

“É uma espécie de revolta saudável, e todos os jovens passam por isso. Muitas vezes, devido a uma repressão rígida por parte dos pais, acabam por bloquear esta fase tão importante que representa a entrada no mundo adulto. É uma fase fundamental na vida de qualquer um, mas os jovens normalmente só enxergam isso depois que esta fase se despede. A revolta e a necessidade em se enxergar o mundo segundo suas novas regras internas costuma cegá-los.”, comenta João Alexandre Borba, psicólogo e coach.

É durante a juventude que as pessoas começam a ter um autoconhecimento melhor, e, normalmente expressam a vontade de liberdade e independência, apesar de, na maioria das vezes, ainda estarem muito imaturos para isso, - e essa forma de expressão se dá por meio da agressividade ou do isolamento “no seu próprio mundo”.

Equilíbrio
Segundo Borba, apesar de ser difícil, os pais precisam manter um equilíbrio na educação dos filhos quando eles chegam a essa fase: “É nessa hora que os jovens querem ir para o mundo e sentir-se livres, porém, é preciso dar para eles uma dose certa de acolhimento e de liberdade. Crianças que foram muito livres correm mais riscos de serem adultos sem limites. Ao mesmo tempo, aquelas que foram protegidas demais nunca deixarão de ser crianças no seu íntimo. E ambos os excessos causam problemas”, exalta o especialista.

Os pais precisam respeitar a identidade do jovem que está querendo se abrir, e isso inclui a escolha da profissão, a orientação sexual e demais questões que podem vir a aparecer. “Os jovens gostam, sim, de contrariar os pais, mas nem tudo o que eles fazem é para isso. A intenção mais profunda não é contrariar, mas sim procurar entender e se adaptar às mudanças ocorridas nesta fase. É uma fase complexa e muito mal interpretada. Em poucos anos, a criança abandona sua posição infantil e recebe uma série de mudanças biofisiológicas. Seu corpo se transforma em uma velocidade muito maior do que a velocidade mental e emocional. Isto explica a necessidade dos adolescentes viverem testando comportamentos e novas ideias. É importante neste momento uma conversa mais aberta e que os pais possam perceber e aceitar a despedida de sua criança. É muito comum os pais se preocuparem com a carreira do jovem, procurando enquadrá-lo em teorias e mais teorias sobre a vida e como se sustentar. Alguns pais chegam a se desesperar ao ver seus filhos tendo escolhas completamente diferentes das suas. Se eles desejam seguir uma carreira diferente, é porque se sentem mais felizes fazendo aquilo, ou que estão buscando se encontrar em uma profissão, e não apenas para deixar os pais decepcionados ou bravos, conforme muitos chegam a afirmar. É preciso dar esse espaço para que a identidade emergente possa criar”, comenta Borba.

Tanto os jovens quanto as pessoas ao seu redor, principalmente a família, devem estar cientes de que essas “crises” passam com o tempo e que tudo volta ao normal, porém, isso não significa que o jovem não deve ser orientado positivamente.

“É normal que os adolescentes sintam-se inseguros consigo mesmos e, muitas vezes, eles não se sentem confortáveis para conversar sobre os seus problemas com seus pais ou familiares. Por isso, o apoio de amigos, e principalmente professores e psicólogos pode ajudar na formação e resolução de problemas desses jovens. Na adolescência, os grupos passam a ser um espaço especial para o jovem. No grupo, ele pode compartilhar e trocar suas experiências, sentindo-se parte de uma estrutura também diferente de sua família, e que irá acolhê-lo e aceita-lo. Os pais precisam entender que a fase de mudanças mais veloz se encontra na adolescência. O grau de transformação emocional e biofisiológico é muito grande, desorganizando a antiga criança, que agora terá de lidar não só com um novo corpo, assim como uma nova maneira de desejar. É o primeiro passo para a sexualidade adulta”, conclui.

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