Epidemia

OMS se prepara para surto de ebola no Congo

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, já foram detectados 32 casos suspeitos da doença; entidade se prepara para o pior cenário possível depois de ter sido declaro um novo surto

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31

GENEBRA - A Organização Mundial da Saúde (OMS) prepara-se para o "pior cenário" possível perante o novo surto de ebola na República Democrática do Congo (RDC), onde já foram detectados 32 casos suspeitos da doença. Na terça-feira,8, o Ministério da Saúde da RDC noticiou que tinha confirmado dois casos de ebola em laboratório e no mesmo dia foi declarado oficialmente um novo surto no país, local de várias epidemias no passado.

As Equipes da OMS, Unicef, Federação Internacional da Cruz Vermelha (FICV) e Médicos sem Fronteiras (MSF) se desdobraram na região onde surgiu o surto, em Bikoro (Noroeste), um local remoto a 280 quilômetros da capital provincial e com uma infraestrutura muito pobre, como explicou em entrevista coletiva o diretor de Emergências da OMS, Peter Salama.

"Estamos muito preocupados porque a área onde surgiu é remota e muito pobre e com um acesso muito precário. A chegada de assistência é um desafio por si mesmo", afirmou o especialista. Por isso, a OMS está para assinar um acordo com o Programa Mundial de Alimentos (PMA) com o objetivo de contar com helicópteros nos quais poderá transportar pessoal e materiais, e ao mesmo tempo, está planejando a possibilidade de criar uma pista de aterrissagem para essas aeronaves.

"Temos medo de que o surto se expanda a Bandaka, a capital provincial, com 1 milhão de habitantes. Se chegar a essa cidade, teremos um surto maior e um desafio muito grande, porque sabemos da nossa experiência na África Ocidental que quando o ebola chega à grande cidade, e especialmente a áreas de favelas, é muito difícil deter a doença", afirmou Salama.

Salama disse que a resposta da OMS está sendo "imediata" e totalmente pró-ativa após as críticas feitas à organização em 2014 pela sua tardia reação ao surto de ebola na África Ocidental, que terminou com 11,3 mil mortes e mais de 28 mil casos. Dessa experiência ficou a lição de que é essencial desdobrar no terreno antropólogos e especialistas em comunicação comunitária para explicar à população local os riscos de estar em contato direto com uma pessoa doente, dado que o vírus do ebola é transmitido pela secreção da pele e as mucosas, especialmente logo depois de morrer.

Na epidemia anterior, o vírus se expandiu de forma exponencial por causa da tradição de lavar e beijar os mortos em grandes funerais, um costume que também ocorre no Congo. Salama confirmou que tudo indica que a transmissão em um funeral também ocorreu nesta epidemia.

Além disso, foi confirmada a morte de três trabalhadores da saúde supostamente infectados por ebola, o que "preocupa muitíssimo" porque os médicos foram também no passado focos importantes de transmissão. A OMS está se preparando para poder iniciar uma campanha de vacinação assim que o governo der sinal verde. Gavi, a Aliança para a Imunização, já anunciou que financiará as vacinas.

A vacina é experimental e o risco de efeitos secundários é alto. "Além disso, é necessário que as vacinas estejam a uma temperatura de entre -60 e - 80 graus centígrados, o que significa um desafio de organização enorme", explicou.

As 40 pessoas que trabalharam nos testes clínicos da vacina em Guiné serão os que implementarão o projeto no Congo se for aprovado. Além disso, a OMS pôs em alerta nove países fronteiriços do Congo, embora estejam especialmente preocupados com o risco de contágio no Congo e na República Centro-Africana, porque compartilham vias fluviais com Kinshasa.

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