Especial Ser Mãe

Ser mãe é ajudar no futuro melhor para a sua cidade

O Estado procurou mães que dedicaram grande parte de suas vidas para criar seus filhos e hoje usam este mesmo amor para garantir uma cidade mais humana

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31

[e-s001]“À medida que os filhos crescem, a mãe deve diminuir de tamanho. Mas a tendência da gente é continuar a ser enorme”. A frase da famosa escritora Clarice Lispector, publicada em 1968, ganhou novos ares a partir de alguns exemplos de mães entrevistadas, nas últimas semanas, por O Estado, que dedicaram grande parte de suas vidas para criar seus filhos - e, em alguns casos, os netos - e, há alguns anos, passaram a oferecer modelos para uma cidade melhor. Exemplos de assistência aos mais necessitados, de intervenções no cenário urbano, de apoio às pessoas em situação de vulnerabilidade social são muitos e evidenciam o objetivo de que ser mãe não é somente criar seus filhos para o mundo e sim gozar de um sentimento de acolhimento único, que somente a experiência materna é capaz de propiciar.

Mesmo quem já exerceu suas atividades de trabalho por 10, 20 e, às vezes, até 30 anos, ainda encontra tempo e disposição para nutrir do sentimento de mãe no lar e em outros espaços. É o caso da professora aposentada Maria Eliane Feitosa, que lecionou por três décadas e, desde que se aposentou, passou a se dedicar integralmente na prestação de serviços voluntários no Centro Beneficente Nossa Senhora da Glória, situado no bairro Alemanha, em São Luís.

Mãe de três filhos, a agora professora aposentada, usa o tempo para cuidar dos seus “filhos de coração” que, em sua maioria, estão em situação de vulnerabilidade social e necessitam de assistência em setores básicos, como saúde e educação. “Para mim, é um verdadeiro prazer estar aqui. E usufruir deste sentimento de mãe para com todos esses meus filhos aqui no Centro [Beneficente], não tem preço”, disse.

Estas crianças são meus filhos, todos eles. Trato-os como trato as minhas filhas, e quem mexe com algum deles mexe comigo também.Maria Violeta Castro, voluntária do Centro Beneficente Nossa Senhora da Glória

Atualmente, a professora e voluntária assiste cerca de 198 crianças de 13 a 14 anos, que são beneficiados com projetos voltados para a alfabetização, reforço escolar e oficinas de percussão e capoeira. Natural de São Luís e, com a experiência de 64 anos, bem vividos, a “dona Eliane” - como é conhecida entre os alunos e funcionários do Centro Beneficente Nossa Senhora da Glória - se considera uma mãe e tanto. “Eu já cuidei dos meus filhos e agora cuido dos filhos de outras pessoas que confiam em nosso cuidar aqui no Centro [Beneficente]. É sempre um prazer vir aqui e, mesmo nos dias em que estamos mais cansados, quando vejo o sorriso dos meus filhos [neste caso, os alunos] para mim, é reconfortante”, afirmou Eliane Feitosa.

[e-s001]Mãe guerreira
Quem também é considerada uma mãe para várias crianças em risco social é Maria Violeta Castro. Ela, que também faz parte do Centro Beneficente Nossa Senhora da Glória, fundou o núcleo há 26 anos. “O espaço era um lixão e, a partir de doações e iniciativas de colaboradores, conseguimos nosso prédio próprio”, afirmou. Também mãe de duas filhas - que foram criadas nas instalações da entidade beneficente - e com 66 anos, ela usa os conceitos de criação dos filhos com jovens da comunidade da Alemanha e adjacências. “Estas crianças são meus filhos, todos eles. Trato-os como trato as minhas filhas e quem mexe com algum deles mexe comigo também”, disse, expondo todo o sentimento protetor materno.

Ao falar das filhas de sangue, Violeta Castro se emociona. Ela mora atualmente no bairro Alemanha, viu suas filhas constituírem suas próprias famílias e quer ver as jovens assistidas pelo Centro [Beneficente] com seus filhos e constituindo emprego, a partir de uma boa educação profissional. “O que fiz para meus filhos, me sacrifican­do e dedicando todo o meu tempo para a educação delas. Eu faço por estes jovens aqui, no Centro. Esta entidade é uma terapia e falar deste trabalho me emociona”, afirmou.

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Carinho das crianças
As crianças consideram todas as colaboradoras do Centro (Elia­ne, Violeta e outras) como suas mamães, que se dedicam diariamente em saber seus problemas. “Eu amo minha professora Eliane!”, disse Artur, de 11 anos, um dos beneficiados na entidade. Ele, que mora na Alemanha, contou parte de sua história de vida. Sem pai e somente contando com a mãe, desde sempre, o menino agradece inicialmen­te à mãe biológica e às mamães de coração. “A gente é bem cuidado aqui e pode contar com elas”, afirmou.

A história de Artur reflete a realidade de boa parte da população auxiliada no Centro. “São pessoas que necessitam de toda a ajuda possível. Mesmo no período de férias, ainda exercemos atividades no local para não deixar os jovens sem amparo”, disse Marinalva Pacheco, uma das responsáveis pelo Centro Beneficente Nossa Senhora da Glória.

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