Educação

Bullying: como impedir que aconteça uma tragédia

Situação envolve comportamento agressivo, repetitivo, feito por alguém que exerce algum tipo de poder sobre outro, se sentindo superior e alimentando seu ego

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31
Vítimas do bullying, em geral, têm vergonha de contar o que estão sofrendo e cabe aos pais identificarem
Vítimas do bullying, em geral, têm vergonha de contar o que estão sofrendo e cabe aos pais identificarem (bullying)

São Paulo - Casos recentes de suicídios de estudantes de colégios particulares em São Paulo acenderam um sinal de alerta em pais e escolas. E não é para menos. De acordo com a pesquisa do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, com base em dados do Ministério da Saúde; de 2000 a 2015, os suicídios cresceram 65% em pessoas com idade entre 10 e 14 anos, e 45% de 15 a 19 anos.

No período da adolescência, e mesmo da pré-adolescência, os indivíduos têm uma vulnerabilidade muito grande em relação ao bullying, a pressões sociais, entre outros aspectos. As redes sociais são um dos grandes motivadores de aumento de ansiedade e até de depressão, seja por comentários maldosos ou as famosas fake news, que viralizam instantaneamente.

O bullying envolve um comportamento agressivo, repetitivo, feito por alguém que exerce algum tipo de poder sobre outro, se sentindo superior e alimentando seu ego, principalmente na frente de seus colegas. No cyberbullying, ou bullying virtual, o anonimato pode trazer uma vantagem ao executor do bullying, já que este pode atacar sem que a pessoa tenha chances de defesa.

As vítimas do bullying, em geral, têm vergonha de contar o que estão sofrendo. Cabe aos pais identificarem a mudança no comportamento do filho. Sinais de que há algo de errado: não querer ir à escola; ficar ansioso ou angustiado na hora de ir à escola; relutância em participar das atividades em grupo; isolamento; irritabilidade constante; apatia; aumento ou perda de apetite; entre outros.

As abordagens para manejo, tanto do agressor quanto da vítima, são, principalmente, de base psicoterápica. Para o “buller”, o trabalho envolve identificar a raiz do seu comportamento agressivo e desenvolver uma análise que o ajude na transformação da sua personalidade. Já para a vítima, o tratamento psicoterápico envolve auxílio na superação da dificuldade de se expressar, de se impor e de se defender de forma adequada,detalha o professor Mario Louzã, médico psiquiatra, doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha e membro Filiado do Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.

Desde criança, cada indivíduo começa a demonstrar seu temperamento, sua personalidade, sendo umas mais tímidas e outras mais extrovertidas. Conforme o ambiente familiar, essas características podem se transformar. E, ao contrário do que muitos pensam, a função das escolas é ensinar, e não educar. Esta tarefa é dos pais.

É muito frequente ver pais que se abstêm deste papel e delegam às escolas uma função que não é delas. Se uma criança chega ao colégio sem a mínima capacidade de ser educado e de respeitar os colegas (e de se fazer respeitar), trata-se de um problema já instalado, provavelmente de origem familiar.

“Para evitar que uma criança se torne um jovem arrogante, sem educação, sem limites e noções básicas de civilidade, é preciso que os pais mudem seu modo de lidar com seu filho, tentando corrigir o que não foi ensinado no momento certo. Possivelmente nos primeiros meses de vida, quando a criança começa a explorar o mundo, e já precisa entender seus limites, e o que é certo ou errado”, explicou o professor.

“Em suma, o ideal é que escolas estejam em permanente contato com os pais, especialmente para relatar episódios de bullying, preconceito e agressão física ou verbal”, frisou Mario Louzã. Assim, os pais terão mais facilidade para compreender a mudança de comportamento do seu filho, e tomar as devidas providências, evitando possíveis transtornos de ansiedade, depressão e até tragédias maiores.

SAIBAMAIS

O QUE É BULLYING

O bullying corresponde à prática de atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, cometidos por um ou mais agressores contra uma determinada vítima.
Em outros termos, significa todo tipo de tortura física ou verbal que atormenta um grande número de vítimas no Brasil e no mundo. O termo em inglês "bullying" é derivado da palavra "bully" (tirano, brutal). Ainda que esse tipo de agressão tenha sempre existido, o termo foi cunhado na década de 70 pelo psicólogo sueco Dan Olweus. O Bullying pode ocorrer em qualquer ambiente onde existe o contato interpessoal, seja no clube, na igreja, na própria família ou na escola.
A Lei nº 13.185, em vigor desde 2016, classifica o bullying como intimidação sistemática, quando há violência física ou psicológica em atos de humilhação ou discriminação. A classificação também inclui ataques físicos, insultos, ameaças, comentários e apelidos pejorativos, entre outros.

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