Terror urbano

Moradores do Araçagi estão amedrontados com falta de segurança

Eles dizem que área está dominada por criminosos, e já ocorreram crimes envolvendo policiais; quem mora e trabalha no local exige mais policiamento

Daniel Júnior / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31

Amedrontados com as constantes ações criminosas, como assaltos e homicídios, na área do Araçagi, município de São José de Ribamar, moradores e comerciantes exigem policiamento eficaz na região. As ruas do bairro são pouco movimentadas, e o sentimento de quem transita ou trafega por lá é de medo. Como forma de evitar ser alvo de bandidos, proprietários de mansões e empresários estão aderindo aos serviços de câmera de segurança e/ou vigilância particular.

O Estado registrou ontem, no bairro, diversas placas de empresas especializadas em segurança eletrônica, ofertando serviços de instalação de câmeras. Além disso, faixas ou pinturas na parede anun­ciam vendas de casas na região. O pedreiro João de Deus, de 50 anos, reside há 34 anos no Araçagi. Ele diz que a insegurança está cada vez pior e reclama da falta de policiamento. “Moro nes­sa região desde os meus 16 anos e não era assim. De 2016 para cá, está cada vez pior. Temos muito receio de andar pelas ruas. A polícia não faz nada e os criminosos dominaram. Teve um assalto semana passada bem próximo da­qui de onde estamos”, relatou João de Deus.

Com receio de assaltos, o comerciante Antônio Elias Lopes, de 63 anos, não abre mais o seu estabelecimento à noite. “Só funciona durante o dia e ainda fico muito atento. Tem um trailer de lanches aqui próximo, que já foi assaltado quatro vezes.
O meu negócio já foi alvo de assaltantes uma vez. Não temos policiamen­to. A 3ª Companhia do 8º Batalhão da Polícia Militar (BPM) fica bem perto, mas não adianta na­da. A região do Araçagi está abandonada. Os assaltantes agem mui­to quando as pessoas estão de carro, entrando ou saindo de casa”, revelou Lopes. Os policiais da 3ª Companhia não quiseram falar.

O Estado encontrou uma guarita de vigilância particular em uma das vias do Araçagi. De acordo com um homem que estava sentado em frente à estrutura, que não quis se identificar, alguns moradores da área pagam para que o serviço seja executado.

O caseiro Jhony Sousa, de 30 anos, que atua no loteamento Eldorado, no Araçagi, disse que diversas casas dessa área já foram assaltadas. “A maioria desses imó­veis dessa rua foi alvo dos bandidos. Por isso os proprietários contratam os nossos serviços. Não tem policiamento nenhum”, acrescentou Sousa.

Nesse mesmo endereço, o vigilante Júnior foi contratado para tentar inibir ações de criminosos. “Estou aqui há quatro meses, com o intuito de manter a segurança na área. Eu e os moradores estamos conversando para a instalação de uma guarita para melhorar a estrutura do trabalho”, res­saltou.

Valorização
A região do Araçagi tornou-se mui­to valorizada nas últimas décadas. A área possui uma grande quantidade de mansões e clubes. Devido a isso, entrou na mira dos criminosos. Na noite do último sábado, 5, o bairro foi alvo de um crime de intensa repercussão.

O delegado da Polícia Federal Davi Farias Aragão, de 36 anos, foi assassinado durante a comemoração do aniversário de sua filha, de 5 anos, em uma residência situada na Praia do Meio, que faz parte do Araçagi. Na madrugada do domingo, a polícia prendeu Wanderson de Morais Baldez, de 18 anos, suspeito de participação no crime.

De acordo com a polícia, os bandidos usaram uma faca e dois simulacros de arma de fogo para o assalto. Após discussão, o delegado David Farias entrou em luta corporal com um dos assaltantes. Ele levou facadas, mordidas e um tiro na região do tórax. “O delegado foi morto com apenas um tiro, após brigar com um dos criminosos em um campo de futebol, dentro da área da casa”, disse o delegado Jeffrey Furtado, responsável pelas investigações. Após o crime, os bandidos levaram alguns pertences do imóvel e das pessoas que estavam no interior da residência.

David Farias Aragão era do Departamento de Repressão aos Crimes Fazendários do órgão federal, responsável pelas apurações do caso de contrabando, desbaratado pela Polícia Civil em fevereiro deste ano, e também compôs, no dia 16 de novembro do ano passado, uma das equipes que cumpriu mandados de busca e apreensão na sede da Secretaria Estadual de Saúde (SES), em São Luís, durante a 5ª fase da Operação Sermão aos Peixes, que apurou desvios de recursos públicos para pagamento de pessoal da atual gestão do Governo do Maranhão.

Outro crime de grande repercussão envolveu a chefe de captura da Polícia Civil Iran Cerquei­ra, na época com 51 anos, na noi­te do dia 2 de fevereiro de 2017. Conforme a polícia, Iran estava saindo da casa de uma vizinha no Residencial Vista ao Mar, situado na região entre o bairro do Araçagi e o município de Raposa, quando foi abordada por bandidos que, após pedirem informações a ela, decidiram efetuar disparos contra o veículo em que a policial estava.

Ainda conforme a polícia, hou­ve troca de tiros entre Iran e os criminosos, e durante o confronto a policial foi atingida na região do peito. Ela foi socorrida e encaminhada para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Araçagi, mas não resistiu à gravidade dos ferimentos e acabou morren­do. Além da policial morta, dois suspeitos também morreram e um foi preso.

A Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) informou, em nota, que o bairro Araçagi é alvo de patrulhamentos ostensivos e preventivos, desenvolvidos pela 3ª Companhia da Polícia Militar do 8º BPM e por agentes do 20º BPM. As ações incluem revistas diárias a veículos e pedestres. A SSP ressaltou que somente em 2017 as operações executadas pela Delegacia de Rou­bos e Furtos (DRF) e Superintendência de Polícia Civil da Capital (SPCC) prenderam mais de 20 suspeitos de cometerem assaltos à residências e pontos comerciais no bairro. Em 2018, as ações continuam intensificadas, com o objetivo de inibir quaisquer tipos de delitos.

Por fim, a SSP frisou que a comunidade local pode efetuar denúncias anônimas por meio do número 190, auxiliando, assim, as forças de segurança no mapeamento dos locais com maior incidência de crimes.

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