Tensão

Irã diz que deixará acordo nuclear se Estados Unidos saírem

O ministro do Exterior do Irã, Mohammad Javad Zarif, disse que é inaceitável renegociar o acordo nuclear; o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaça abandonar pacto que considera ''desastroso''

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31
O ministro iraniano do Exterior, Mohammad Javad Zarif, rejeita renegociar acordo com os EUA
O ministro iraniano do Exterior, Mohammad Javad Zarif, rejeita renegociar acordo com os EUA (O ministro iraniano do Exterior, Mohammad Javad Zarif, rejeita renegociar acordo com os EUA)

TEERÃ - O governo do Irã não continuará no acordo nuclear de 2015, se os Estados Unidos saírem do pacto, declarou um funcionário de alto escalão ontem, no momento em que o presidente americano, Donald Trump, ameaça abandoná-lo em 12 de maio.

"Se os Estados Unidos se retirarem do acordo nuclear, nós também não continuaremos", afirmou Ali Akbar Velayati, conselheiro para Assuntos Internacionais do aiatolá Ali Khamenei, líder religioso do país, em declarações publicadas no site da televisão pública.

Mais cedo, o ministro do Exterior do Irã, Mohammad Javad Zarif, disse que é inaceitável renegociar o acordo nuclear. " O Irã não vai renegociar o que foi acordado há anos e foi implementado", disse ele em mensagem em vídeo no Youtube. "Deixe esclarecer absolutamente de uma vez por todas: não vamos terceirizar nossa segurança, nem renegociar ou acrescentar um acordo que já implementamos com boa vontade".

O ministro acusou os EUA de "violar consistentemente o acordo nuclear, particularmente ao fazer bullying contra outros para evitar que empresas voltem ao Irã".

Desde sua campanha para presidente em 2016, Trump sustenta que o acordo nuclear do Irã é um dos piores já feitos e que precisa ser consertado pelas potências envolvidas: Rússia, China Reino Unido, França, EUA — cinco membros do Conselho de Segurança da ONU —, mais a Alemanha.

O pacto tem como meta comprometer o Irã a não produzir a bomba atômica, em troca da suspensão de sanções internacionais implementadas até então. Ainda que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ligada à ONU, ateste que o governo iraniano está cumprindo a sua parte no acordo, o governo de Donald Trump tem expressado dúvidas sobre esse fato, além de chamar o acordo de "desastroso".

O pacto entrou em vigor em outubro de 2015 e passou a ser aplicado em janeiro de 2016 durante o governo do ex-presidente democrata Barack Obama.

Apelo a Trump

Ontem, o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo a Trump para não desistir do acordo nuclear com o Irã, evocando o perigo de uma guerra iminente. Em entrevista à rede britânica "BBC", Guterres chamou o tratado de 2015 de uma "importante vitória diplomática" e disse que o magnata deveria repensar em mantê-lo.

"Não devemos nos desfazer a menos que tenhamos uma alternativa válida para isso", disse ele, acrescentando que vivemos em "tempos muito perigosos".

O pedido de Guterres acontece apenas alguns dias depois de Israel revelar "arquivos secretos", acusando o Irã de ter armas nucleares escondidas. De acordo com o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, os documentos forneceram provas de que o acordo nuclear foi "baseado em mentiras".

Por sua vez, aliados europeus, a França, o Reino Unido e a Alemanha concordaram que o atual acordo é a melhor maneira de impedir o desenvolvimento das armas

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