Mudança no cenário urbano

Península da Ponta d’Areia busca autonomia

Em franca expansão na última década, uma das áreas mais nobres de São Luís se abre para novos empreendimentos

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31
Península vem se desenvolvendo  ao longo  dos anos
Península vem se desenvolvendo ao longo dos anos (peninsula)

Se antes do início da década de 1990 ainda era uma das regiões mais pacatas da cidade, atualmente a área da Península da Ponta d’Areia (com aproximadamente 5 mil moradores, 35 condomínios, três hotéis e cerca de 1.300 apartamentos) está em franco desenvolvimento e se torna, a cada dia - com o surgimento de empreendimentos de diversos serviços em seu entorno - mais independente. O trecho, que corresponde à região que engloba a revitalização do Espigão Costeiro, além de hotéis, bares e clubes, é considerado um dos mais valorizados do Brasil, pela avaliação dos corretores, quanto ao preço do me­tro quadrado.

Estima-se – de acordo com levantamento feito por O Estado e com base no relatório feito pelo Índice FipeZAP – que a região da Península (com valor estimado médio de R$ 6,3 mil por metro quadrado) ainda está abaixo do valor métrico de áreas em cidades como Rio de Janeiro (R$ 9,8 mil), São Paulo (R$ 8,7 mil) e Brasília (R$ 8,2 mil). Em contrapartida, a área ludovicense supera cidades como Fortaleza, município conhecido por seus grandes empreendimentos na orla. Apesar do índice abaixo da concorrência, um imóvel na Península tem custo mínimo estimado em R$ 890 mil. Em sua maioria, os apartamentos nesta região da cidade superam o R$ 1 milhão.

O crescimento da região da Península se deu, basicamente, com a consolidação da Lei nº 3.253, de 29 de dezembro de 1992 (que dispõe sobre o zoneamento, parcelamento, uso e ocupação do solo urbano da cidade). Foi esta legislação que permitiu, por exemplo, a criação, na Península, das chamadas superquadras, com logística semelhante à adotada em cidades como Brasília. O conceito das superquadras, que norteou as primeiras construções desta região de São Luís, a partir da segunda metade da década de 1990, consiste em edifícios alongados, com liberação do térreo para a circulação de usuários.

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Para situar fisicamente, as superquadras na Península estão dispostas do lado direito da Avenida Dr. Jackson Kepler Lago da área (de quem vem no sentido Avenida Ana Jansen e quem se dirige para o Memorial Bandeira Tribuzi). “Foram estas construções, de 12 a 15 pavimentos em média, que possibilitaram a valorização atual desta área da cidade”, disse o presidente do Instituto da Cidade (Incid), ligado à Prefeitura de São Luís, José Marcelo do Espírito Santo.

O dirigente enfatizou ainda que, na região das superquadras (em que constam no momento os empreendimentos mais valorizados da região da Península), predominam os imóveis verticais, ao contrário da quadra à margem esquerda da Avenida Dr. Jackson Kepler Lago (no sentido praia da Ponta d’Areia /Memorial Bandeira Tribuzi), com a prevalência de lotes unifamiliares. “Os empreendimen­tos à esquerda são mais antigos e tradicionais. A partir do crescimen­to do mercado imobiliário, em especial, em meados do fim da década de 1990, os empreendimentos começaram a mudar a paisagem deste trecho da cidade”, enfatizou o presidente do Incid.

Espigão e outras construções
Com 572 metros de expansão, a revitalização do Espigão Costeiro – entregue em novembro de 2014 pela então governadora do Maranhão, Roseana Sarney – possibilitou o incremento da paisagem da Península. Com a urbanização, que incluiu a construção de bancos, proteções laterais, ciclovias e quiosques, a obra ainda é considerada uma das mais importantes no segmento urbanístico da cidade, nos últimos anos.

Além da urbanização, o Espigão em si, construído para resolver o problema do assoreamento na região da Ponta d´Areia, também foi feito e serve como atrativo para turistas. Somada à urbanização do Espigão, também foi entregue o Memorial Bandeira Tribuzi, na mesma data. O local, que faz referência a um dos principais nomes da literatura e jornalismo do estado, estava abandonado há anos e afastava frequentadores da Península, já que o espaço servia como abrigo de usuários de drogas.

Coletivos e emprego
Apesar de estar em uma área cuja grande parcela populacional goza de boa saúde financeira, a área da Península também possui oferta positiva de coletivos que atendem, em sua grande maioria, funcionários dos empreendimentos da área. A Península, aliás, também possui boa oportunidade de emprego e renda para mulheres. As chamadas diaristas costumam faturar oferecendo sua mão de obra para famílias que residem na Península.

SAIBA MAIS

LEVANTAMENTO DO METRO QUADRADO EM CAPITAIS BRASILEIRAS

Rio de Janeiro – R$ 9,8 mil
São Paulo – R$ 8,7 mil
Distrito Federal – R$ 8,2 mil
Niterói – R$ 7,2 mil
Florianópolis – R$ 6,8 mil
São Luís – R$ 6,3 mil (em referência à Península)

Fonte: FipeZAP

ESTÁ NA LEI

Lei nº 3.253, de 29 de dezembro de 1992 dispõe sobre o zoneamento, parcelamento, uso e ocupação do solo urbano e dá outras providências.

A presente Lei dispõe sobre a divisão do Município em zonas, define normas de parcelamento e uso do solo do Município, bem como estabelece as intensidades de ocupação, utilização e as atividades adequadas, toleradas e proibidas, tendo em vista os seguintes objetivos:

Orientar e estimular o desenvolvimento urbano;
Minimizar a existência de conflitos entre as áreas residenciais e outras atividades sociais e econômicas;
Permitir o desenvolvimento racional e integrado do aglomerado urbano;
Assegurar concentração urbana equilibrada, mediante o controle do uso e do aproveitamento do solo;
Assegurar a reserva de espaços necessários à expansão disciplinada da cidade.

NÚMEROS

5 mil moradores residem aproximadamente na área da Península
R$ 6,3 mil é o custo estimado médio do metro quadrado na Península*
35 condomínios
3 hotéis
1.300 apartamentos

*Valor sujeito a variações do mercado

Fontes: Associação dos Moradores da Península

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