Sem perigo

“Não temos surto de meningite em São Luís”, afirma infectologista

Após o registro de quatro óbitos relacionados à doença, muitas pessoas ficaram temerosas e a busca pela imunização contra a doença aumentou nos postos de saúde; especialista tranquiliza população sobre a possibilidade de surto

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31
Rosângela Cipriano é médica infectologista do Hospital São Domingos
Rosângela Cipriano é médica infectologista do Hospital São Domingos (infectologista)

Diante do medo da população de São Luís sobre suspeita de existência de surto de meningite, a médica infectologista do Hospital São Domingos, Rosângela Cipriano, esclarece sobre isso, detalha o que é essa doença e orienta sobre como agir em casos de surgimento de sintomas.

Há um surto de meningite em São Luís?
Não estamos enfrentando um período de epidemia de meningite. Esclareço que existem vários tipos de meningite no mundo e sempre acontecem alguns casos isoladamente, como ocorreram em São Luís ultimamente, mas esses casos não tinham nenhum contato entre eles, ou seja, não eram relacionados, não podemos dizer que houve transmissão de uma pessoa para outra, ou seja, não temos epidemia da doença.

O que é meningite?
A meningite é a inflamação das membranas que envolvem e protegem o cérebro. Vários problemas podem inflamar essas meninges, inclusive causas que não são de infecção – químicas ou traumáticas. Temos dois principais tipos de meningites: as bacterianas e as virais. No caso das meningites infecciosas existem várias bactérias ou microorganismos que podem causar a inflamação, mas o caso mais preocupante e que todos temem são as bacterianas, principalmente as menigogócicas.

Por que a bacteriana é a mais temida?
Porque esse tipo pode ser transmitido de uma pessoa para outra, mas há prevenção e controle. A prevenção é feita com a vacina, que é muito eficaz. Existem vários tipos de meningite bacteriana, transmitidas por pneumococos, enterococcus e outros, mas o mais comum no Brasil é a meningogócica, para a qual há vacina, inclusive disponibilizada na rede pública, a meningocócica C, que faz parte do calendário vacinal de crianças, que devem tomá-la em duas doses até os 5 anos de idade, e uma na adolescência. Para os outros tipos e para os adultos, encontra-se a vacina na rede privada.

Quando é diagnosticada a meningite meningocócica, o que se deve fazer?
Quando o paciente vai ao hospital e se identifica a meningite bacteriana meningocócica, já se tomam todas as medidas de proteção, primeiro dos profissionais de saúde, e se notifica à Vigilância Sanitária, para a proteção dos comunicantes, que são as pessoas que tiveram contato mais próximo com o paciente. A Vigilância inclusive faz esse trabalho de bloqueio dos comunicantes com muita seriedade e capacidade. Somente essas pessoas é que precisam receber a medicação profilática. Essas medidas são tomadas para que se evite que o caso tome grandes proporções. Mas para cada caso existe uma conduta específica e mesmo nos casos mais graves, os hospitais têm todas as condições de identificá-los e tratá-los corretamente.

Quais os principais sintomas?
Os sintomas são geralmente febre muito elevada, dor de cabeça, dificuldade de movimentar o pescoço e de encostar o queixo no peito. Isso é um alerta para que as pessoas procurem o hospital para o diagnóstico. Podem ocorrer também manchas na pele, mas não se deve esperar que elas apareçam para buscar socorro médico.

Quais os riscos de transmissão?
Mesmo nos casos de meningite menigogócica, que é a mais grave, quando o paciente começa a ser tratado, depois de 24 horas que está usando o antibiótico, não há mais risco de transmissão para outra pessoa, por isso não é necessário pânico. Não estamos em situação de epidemia e nos casos em que há diagnóstico da doença há o tratamento. Aos primeiros sintomas deve-se procurar o médico para que ele faça o diagnóstico e adote o tratamento adequado no momento certo.

E as meningites virais, quais os riscos de transmissão?
As meningites virais, tipo mais comum no Brasil, não representam nenhum risco de transmissão de uma pessoa para outra. O correto é se informar, vacinar contra a meningite menigogócica e sempre procurar o médico em caso de qualquer sintoma para o diagnóstico correto e ser iniciado o tratamento.

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