Espionagem

Espionagem: novo documento da PM cita coordenador das eleições

A TV Mirante trouxe com exclusividade documentos que mostram ações do coronel Heron Santos - ligado ao PCdoB - para que policiais catalogassem adversários

Ronaldo Rocha da editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31
Flávio Dino e coronel Luongo, comandante geral da Polícia Militar.
Flávio Dino e coronel Luongo, comandante geral da Polícia Militar. (Flavio Dino e Coronel Luongo)

SÃO LUÍS - Em novo memorando circular do Comando de Policiamento do Interior da Polícia Militar (PM), de número 114/2018, cujo teor foi revelado ontem, cita a existência de um “coordenador das eleições 2018” com atuação na polícia. O documento “vazado” à imprensa é o quarto do escândalo da espionagem que ganhou repercussão nacional na semana passada, após O Estado revelar com exclusividade a ordem – atestada pela autenticidade de memorandos - de monitoramento de políticos que fazem oposição ao governador Flávio Dino (PCdoB).

O memorando 114/2018 é do dia 20 de abril e cita o memorando anterior, 098/2018, do dia 6 de abril, que trata da ordem para que todos os batalhões realizassem o monitoramento eleitoral.

Coronel comunista
Ontem, o jornalista Alex Barbosa, da TV Mirante, revelou, com exclusividade, documentos que apontam para a possibilidade de este “coordenador das eleições 2018” ser, ainda que de forma não oficial, o coronel Heron Santos. Barbosa mostrou cópias de depoimentos de policiais que revelam ações de Heron para que eles fizessem a catalogação de adversários de Flávio Dino.

Heron Santos concorreu a deputado estadual nas eleições de 2014 pelo partido do próprio Flávio Dino, o PCdoB. Ele é historicamente ligado à família do deputado federal Rubens Júnior, também do PCdoB.

No ofício revelado somente ontem de manhã, há indicação de que a “coleta de dados eleitorais nos órgãos competentes que estão diretamente relacionados ao assunto” seja referida como solicitação direta, ao “Coordenador das Eleições de 2018”. O documento é assinado pelo coronel Zózimo Paulino da Silva Neto, comandante do Comando de Policiamento do Interior.

Os dados a que se refere a circular 098/2018 – observada pelo memorando 114/2018 – dizem respeito à verificação de políticos que podem “causar embaraços” nas eleições. “Os comandantes das UPMs deverão informar às lideranças que fazem oposição ao governo local (ex-prefeito, ex-deputado, ex-vereador) ou ao Governo do Estado, em cada cidade, que podem causar embaraços ao pleito eleitoral”, destaca o documento.

Escândalo
O monitoramento da oposição determinada pela Polícia Militar ganhou repercussão nacional. Veículos de todo o país creditaram ao governador Flávio Dino a ordem para a “espionagem”. O caso está sendo analisado pela Procuradoria-Regional Eleitoral.

Um pedido de intervenção federal formalizado por 10 partidos à Procuradoria-Geral da República (PGR) – com a justificativa de ameaça à lisura do pleito eleitoral - também está sob a análise.

Desde a divulgação dos documentos, o governo e lideranças governistas na Assembleia Legislativa têm tentado desqualificar os documentos, que acabam sendo chancelados pela revelação de novos documentos, desmentindo a versão governista.

OUTRO LADO

Nota da SSP

Sobre o memorando enviado pelo coronel Zózimo Paulino, no dia 20 de abril, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) esclarece que:

1. Em nenhum momento foi constituída, pelo Comando da Polícia Militar do Maranhão, a função de “coordenador de Eleições 2018”.

2. Qualquer coordenação desta natureza só será feita em momento oportuno, em apoio à Justiça Eleitoral.

3. O Coronel Zózimo Paulino da Silva Neto será ouvido na Sindicância que apura os fatos.

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