Cansados de esperar

Moradores constroem abrigos em paradas de ônibus no Quebra-Pote

Da entrada ao ponto final do bairro, é possível ver os abrigos construídos pela população; alguns simples, outros mais produzidos, mas todo independentes

Monalisa Benavenuto / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31

[e-s001]Em diversos pontos do bairro Quebra-Pote, na zona rural de São Luís, moradores se uniram e construíram, por conta própria, abrigos nas paradas de ônibus do bairro. De acordo com a população, a região só possui um ponto de ônibus instalado pela Prefeitura.

Da entrada ao ponto final do bairro, é possível ver os abrigos construídos pela população. Alguns mais simples, outros mais produzidos, mas todos feitos independentes do poder público. Cansados de esperar pela atuação da Prefeitura, os moradores vem se juntando constantemente, arrecadando cimento, tijolos, areia e todos os materiais necessários para a construção de abrigos que possam lhes proteger da chuva e do sol, enquanto aguardam os coletivos.

O aposentado Antônio Sebastião de Sousa, morador do bairro há 30 anos, contou como acontece o mutirão. “Cada um dá uma parte, o presidente da associação trouxe madeira, eu dei areia e cimento, outros deram tijolos, e a gente se junta para comprar a madeira que falta para cobrir”, explicou.

Quando falta material, o serviço precisa ser interrompido, como esclareceu o lavrador Manassés Gomes, de 58 anos, um dos moradores que trabalha nas obras dos abrigos. “Nós já estamos há três meses construindo essa, mas faltou dinheiro, faltou material e com a dificuldade a gente ainda não conseguiu terminar”, contou o lavrador.

Em outro ponto do bairro, o proprietário de uma chácara providenciou um abrigo coberto e com assento para evitar acidentes, pois a antiga parada de ônibus da região ficava na entrada da chácara, segundo uma moradora.

O vendedor Edvaldo Andrade também construiu uma parada que, além de servir à comunidade, funciona como uma venda de verduras e peixes. “Primeiro eu fiz uma barraquinha de palha para começar uma venda de peixe. Aí fui aumentando e no ano passado e construí como está agora”, esclareceu.

Edvaldo Andrade contou que apenas uma parada do bairro foi instalada pela Prefeitura. “Lá embaixo há uma parada que fizeram por causa da praça. É só essa que foi feita por eles”, ressaltou.

Próximo ao ponto final do bairro, outro grupo de moradores se mobilizou e construiu paradas padronizadas, como contou o técnico em Nutrição e morador do bairro Marcos Vinicius Firmino. “As paradas têm os potes do lado, para representar a comunidade. São bem ornamentadas. São cerca de 50 moradores. A gente se reúne todo sábado, pede doação de material de construção, a mão de obra a gente mesmo custeia e vai fazendo os pontos de ônibus. Já foram feitos três e tem previsão para fazer mais seis. Em cada parada a gente gasta entre R$ 500,00 e R$ 700,00”, segundo Marcos Vinicius.

[e-s001]O morador explicou que, além das paradas, a comunidade resolve outras necessidades do bairro. “Até a pavimentação a gente faz. Mês passado, a gente comprou uma caçamba de asfalto para pavimentar a rua, porque tinha uma cratera horrível”, ressaltou.

Apesar do que é visto em bairros como o Quebra-Pote, a Prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT) tem divulgado desde 2016 a instalação de abrigos nas paradas de ônibus em São Luís.

O Estado manteve contato com a Prefeitura para entender por que o bairro da zona rural de São Luís não foi beneficiado com esses serviços, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.

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