Perseguição

Espionagem da PM a adversários de Dino é repudiada por deputados

Parlamentares que integram a bancada de oposição na Assembleia Legislativa afirmaram que vão levar caso de espionagem do Governo à órgãos internacionais

Ronaldo Rocha da editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31
Documento da Polícia Militar determina espionagem a adversários do Governo
Documento da Polícia Militar determina espionagem a adversários do Governo (Circular manda polícia monitorar adversários de Flávio Dino)

Os deputados que integram a bancada de oposição na Assembleia Legislativa repudiaram o ato de espionagem – a mando do Governo do Estado -, exercido pela Polícia Militar contra adversários do governador Flávio Dino (PCdoB).

O monitoramento da PM aos políticos que fazem oposição a Dino foi revelado por O Estado na edição de sexta-feira. A reportagem mostrou o teor da Circular nº08/2018 do Comando de Policiamento de Área do Interior da PM, que determina o envio de respostas [da tropa], em caráter de urgência, sobre a identificação de adversários [ex-deputados, ex-prefeitos e ex-vereadores] que podem provocar “embaraços no pleito eleitoral”.

O deputado Adriano Sarney (PV) classificou o ato como uma “perseguição sem precedentes”.

“Uma perseguição sem precedentes no Brasil após a democratização. Vamos acionar os órgãos nacionais e internacionais para combater esse ato ditatorial do governo comunista no Maranhão”, disse.

Andrea Murad (PRP) assegurou que formalizará denúncia ao Ministério Público Eleitoral. Ela falou da ameaça às eleições 2018.

“Vou denunciar Flávio Dino para a Procuradoria-Geral Eleitoral junto ao Tribunal Superior Eleitoral. É muito grave e o caso se confirme essa violência, a única forma de garantir a lisura do pleito é uma intervenção federal”, enfatizou.

Edilázio Júnior (PSD) tratou o caso como um escândalo nacional. Ele afirmou que o ato é passível de um pedido de impeachment contra o governador Flávio Dino. “É um escândalo, um absurdo, uma perseguição sem precedentes. Flávio Dino tenta instituir uma ditadura no estado. Persegue, mente e manipula”, assegurou.

Já o deputado Eduardo Braide (PMN), disse que a espionagem da PM a mando do Governo “beira a insanidade”.

“Onde o governador Flávio Dino quer chegar com tanta perseguição? Que o governador é autoritário, todo o Maranhão já sabe. Mas é preciso dar um basta a esse tipo de prática que já beira a insanidade. Um governador deve ter é o controle dos atos de seu governo – que está precisando e muito -, e não das ações de seus opositores políticos. O mais grave é usar a Polícia Militar como instrumento nessa perseguição, prática que deveria ter acabado junto com a ditadura. Para quem afirmou no seu discurso de posse que os Leões do Palácio nunca mais iriam rugir contra o povo, o que vemos é que a mudança tão falada ficou só na promessa. O povo maranhense merece ser livre de verdade”, pontuou.

Sousa Neto (PROS) reagiu ao ato institucional da PM e cobrou investigação do Ministério Público para que seja garantida a lisura do pleito eleitoral.

“Um verdadeiro absurdo. É necessário e urgente que haja investigação sobre esse fato, do contrário, comprometerá a lisura do processo eleitoral deste ano. Não podemos permitir que esse Governo criminoso volte a agir, como fez nas eleições municipais, que usou às forças de segurança para perseguir adversários, abusou do poder e da máquina pública em favor dos seus aliados”, finalizou.

Já o deputado estadual Wellington do Curso (PSDB), afirmou que tomará medidas cabíveis no âmbito da Comissão de Direitos Humanos do Legislativo Estadual.

"Como presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, vamos tomar posicionamentos firmes", enfatizou.

OUTRO LADO

O comandante da Polícia Militar do Maranhão, coronel Jorge Luongo, assinou uma nota de esclarecimento sobre o tema. Na nota, ele classifica o documento como “um equívoco” e afirmou que a PM vai tornar sem efeito a Circular nº 08/2018. Abaixo, a íntegra da nota.

Nota

A Polícia Militar do Maranhão vem a público esclarecer que o documento que circula nas redes sociais onde supostamente se determina às Unidades do Interior que identifiquem lideranças antagônicas ao Governo Local e Estadual é um equívoco grave e sem precedentes, não autorizado pelo Comando da Instituição Policial Militar, que na sua gênese procurava tão somente catalogar dados informativos e estatísticos que subsidiassem um banco de dados para a elaboração do planejamento do policiamento das eleições 2018.

Informa que logo que este equívoco foi identificado, tomou medidas imediatas para corrigir tal erro e tornar sem efeito tais medidas, assim como instaurou um procedimento de apuração legal para as devidas providências que o caso requer.

Coronel PM Jorge Luongo – Comandante geral da Polícia Militar do Maranhão

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