Geheime Staatspolizei

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31

Alguns conhecem o termo acima, em alemão, por um nome mais simples: Gestapo.
Era a polícia secreta do líder alemão Adolf Hitler (Polícia Secreta do Estado, em tradução livre), organização nazista que investigava e prendia – muitas vezes sob tortura – opositores do regime.
Curiosamente, cometia atrocidades com base no Decreto do Presidente do Reich para a Proteção do povo e do Estado. O povo, como se sabe, não tinha nada com isso.
O Maranhão acordou ontem sacudido pela notícia de que – não fosse a revelação da imprensa, notadamente de O Estado –, o governo Flávio Dino (PCdoB) pode ter tentado implantar algo parecido.
A distribuição de um memorando pelo Comando da PM em Barra do Corda era claro: os militares da região deveriam identificar e cadastrar lideranças políticas que fazem oposição ao regime comunista maranhense. Todos potenciais causadores de “embaraço ao pleito eleitoral”.
A ordem específica – de “fichar” apenas opositores – evidencia o caráter eleitoral do uso da estrutura da PM contra adversários.
Foi uma desastrada tentativa de criação da Geheime Staatspolizei do Maranhão. Felizmente abortada no nascedouro pela divulgação do caso.

Repercussão
Ganhou rápida repercussão nacional a notícia sobre a espionagem do governo Flávio Dino contra opositores no Maranhão.
Jornalistas e veículos de todo o país assustaram-se com a postura da PM local, sendo usada para perseguir adversários políticos.
E ninguém parece ter engolido o argumento do Palácio dos Leões de que não houve comando superior para a ordem.

Só nazista
O jornalista Leudo Costa, do Rio Grande do Sul, foi duro ao criticar a espionagem do governo Flávio Dino.
Segundo ele, “só o governo nazista fez isso”. “Isso é de uma gravidade sem precedentes”, declarou, em vídeo compartilhado nas redes sociais.
O gaúcho comparou a prática dos comunistas maranhenses com a dos militares após o golpe de 1964. “Nem os presidente militares fizeram isso”, completou.

Alarme
O vice-presidente da OAB-MA, Pedro Augusto Alencar, mostrou preocupação com o caso de espionagem.
Em entrevista à TV Mirante, ele declarou que a revelação liga um sinal de alerta na sociedade maranhense.
- [A revelação do caso serviu para] ligar um alarme, para que se busque a punição de todos os envolvidos - disse.

Gaguejou
O secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, tentou explicar, em entrevista à TV Mirante, por que pediu o fim das investigações da PF contra ele.
Disse que não teme nada em sua vida, nem no passado, nem no futuro, e que não deve explicações à Justiça.
- Quem deve explicações não sou eu, mas a Polícia Federal - argumentou, ao criticar o inquérito em que se apura se ele participou de fraude a licitação na UPA de Chapadinha.

Tropeço
Na entrevista à TV Mirante, Carlos Lula tropeçou – assim como já havia feito sua defesa – sobre o suposto arquivamento de um inquérito contra ele.
Disse ele - assim como os defensores, em um dos habeas corpus - que a desembargadora Mônica Sifuentes, do TRF-1, já havia arquivado o feito. Não é verdade.
“O IPL 0606/2017 SR/DPF/MA não foi por mim arquivado, mas tão somente determinei o arquivamento da Petição Criminal 0036712-28.2017.4.01.0000/MA”, decidiu Sifuentes no processo.

Na Justiça
Segue sendo resolvido na Justiça o destino da eleição para a Mesa Diretora da Câmara de São Luís.
Em decisão tomada na sexta-feira, 20, o juiz Marcelo Matos e Oka deferiu liminar do PTB e mandou que o presidente da Casa, Astro de Ogum (PR), marque imediatamente a eleição.
O comandante do Legislativo municipal havia publicado edital marcando o pleito apenas para o dia 8 de agosto.

DE OLHO

R$ 18,3 milhões é o desvio na Saúde do Maranhão, segundo apontado pela Polícia Federal, entre os anos de 2015 e 2017.

E MAIS

• É tão flagrante o abuso no caso da espionagem de adversários no Maranhão que até a Famem, controlada por aliados de Flávio Dino, emitiu nota de repúdio.

• O procurador Regional Eleitoral, Pedro Henrique Castelo Branco, criticou o fato de o memorando da PM para monitorar opositores do governo não esclarecer “de forma idônea a necessidade do ‘levantamento eleitoral’ solicitado”.

• Para o procurador, a ordem “não observa direitos fundamentais presentes na Constituição Brasileira, que garantem a liberdade de manifestação e de expressão, bem como o livre exercício da convicção política”.

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