Caso Mariano

Andrea Murad quer investigação da PGR ao Governo Flávio Dino

Deputada quer esclarecimentos a respeito das denúncias deixadas em carta pelo médico Mariano de Castro, encontrado morto em Teresina

Ronaldo Rocha da editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31
Andrea Murad formalizou denúncia contra Flávio Dino
Andrea Murad formalizou denúncia contra Flávio Dino (Andrea Murad)

A deputada estadual Andrea Murad (PRP) formalizou ontem à Procuradoria-Geral da República (PGR), pedido de abertura de inquérito contra o governador Flávio Dino (PCdoB) por causa das denúncias contidas em uma carta cuja autoria é atribuída ao médico Mariano de Castro, encontrado morto na semana passada em Teresina (PI).

A carta, que segundo o advogado José Carlos Sousa dos Santos é autêntica, foi escrita por Mariano enquanto ele ainda estava preso preventivamente no Complexo Penitenciário de Pedrinhas. A divulgação, contudo, ocorreu dois dias antes da morte do médico, período em que ele já cumpria prisão domiciliar.

Na representação, que foi encaminhada para a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, Andrea Murad destaca alguns dos principais pontos da carta deixada por Mariano e que já está sob a análise da Polícia Federal (PF).

Ela informou a citação ao nome de Flávio Dino e do secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, alvo do inquérito 0606/2017, da PF, que apura desvios de dinheiro público em Chapadinha.

“É urgente que Vossa Excelência adote as medidas cabíveis e necessárias para fazer cessar os ilícitos”, destaca a representação.

Andrea também destacou na representação, o fato de Mariano de Castro ter demonstrado arrependimento por ter participado de uma organização criminosa na estrutura da Secretaria de Saúde.

“Peço perdão a todos [...], principalmente a minha mãe. Eu não precisava, e por amizades não adequadas, terminei ajudando no erro [...] vou pagar pelo erro [...] é justo [...] o importante é o aprendizado. Estava vivendo sempre com o coração apertado, agora estou melhor”, transcreveu a parlamentar.

Desvios - Mariano de Castro, preso por desvios de dinheiro público da Secretaria de Estado da Saúde (SES) nem novembro do ano passado, no mesmo esquema que também levou para a cadeia a ax-secretária adjunta da pasta, Rosângela Curado (PDT), relatou na carta como funcionava a dinâmica dos crimes.

Na descrição dos atos ilícitos, segundo documento da parlamentar encaminhado a Dodge, há detalhes sobre pagamentos efetuados a pessoas que não tinham nomeação no Governo; distribuição de kits médicos – sem cobertura contratual -, para municípios administrados por aliados do governador Flávio Dino; distribuição de lucros de contratos de prestadores de serviço com aliados do governador; envio oculto de dinheiro público para maternidades que já recebiam regularmente recursos do estado; pagamento ilegal de serviços e “mimos” a aliados do chefe do Executivo por empresas contratadas pela Secretaria de Saúde e pagamento de caixões e translado a filiados do PCdoB.

Na tribuna da Assembleia Legislativa, logo após ter protocolado a representação, Murad cobrou apuração do caso.

“Eu acho que não podemos restringir esse escândalo da saúde em torno somente de funcionários. Isso que eu tenho dito sempre, porque não foram atos isolados. E a carta do Mariano demonstra claramente isso. Foram usados como instrumento para financiar gastos ordenados pelo governador”, finalizou.

OUTRO LADO

O Estado entrou em contato com a Secretaria de Estado da Comunicação para obter um posicionamento do governador Flávio Dino (PCdoB) a respeito da representação formalizada na PGR. Até o fechamento desta edição, contudo, não houve respostas.

Aliados de Dino reagem à representação

Os deputados da base governista Marco Aurélio (PCdoB) e Bira do Pindaré (PSB) reagiram à representação da deputada Andréa Murad (PRP) contra o governador Flávio Dino (PCdoB).

Para os aliados do comunista, a denúncia carece de fundamentação e tem por objetivo desgastar a imagem do chefe do Executivo.

Marco Aurélio lembrou da delação do ex-executivo da Odebrecht, José de Carvalho Filho, no bojo da Operação Lava Jato, e que apontava Dino como beneficiário de R$ 200 mil para a campanha eleitoral de 2010.

O parlamentar enfatizou que a denúncia foi arquivada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Na ocasião, o tribunal não permitiu a realização de investigação em desfavor do chefe do Executivo.

“Não fosse o governador Flávio Dino um homem íntegro e com a capacidade de ter um debate com o estado e com o Brasil, sua reputação teria sido abalada”, disse.

Bira do Pindaré, por sua vez, tentou minimizar a representação e citou o processo eleitoral deste ano como motivo para a denúncia.

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