Investigação

Inspetores da Opaq chegam a Duma para analisar suposto ataque químico

O governo francês afirmou ontem que é muito provável que tenham desaparecido as provas do lugar onde supostamente foi realizada a ofensiva química

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31

DAMASCO - Após fortes críticas internacionais contra os governos russo e sírio, os inspetores da Organização para Proibição de Armas Químicas (Opaq) chegaram à cidade de Duma, que foi alvo de um suposto ataque químico, informou ontem a agência estatal síria Sana. Os investigadores começaram a chegar à Síria no dia 11 e deveriam ter começado no domingo o trabalho de análise da cena do crime de 7 de abril, atribuído por países ocidentais ao presidente sírio Bashar al-Assad.

"Os especialistas da comissão de armas químicas entraram em Douma", informou a agência. Na segunda-feira, a Rússia havia dito que a chegada dos inspetores a Douma fora atrasada por causa do ataque realizado na noite de sexta-feira (madrugada de sábado) por Estados Unidos, Reino Unido e França, que visaram três instalações onde supostamente seriam produzidas e armazenadas armas químicas.

Também na segunda, 16, EUA, Reino Unido e França haviam acusaram Rússia e Síria de impedir a entrada dos investigadores na cidade para poder manipular o local do suposto ataque. A Rússia havia informado na segunda-feira que os agentes poderiam ter acesso a Duma na quarta-feira,18. Mais cedo, o diretor da Opaq, Ahmet Uzumcu, disse que os governos russo e sírio alegaram problemas de segurança.

O governo francês afirmou ontem que é muito provável que tenham desaparecido as provas do lugar onde supostamente foi realizada a ofensiva química, assinalou a chancelaria francesa. No entanto, em entrevista, Jan Van Aken, ex-inspetor de armas da ONU, disse que "sempre restam vestígios da substância usada que podem ser avaliados".

No comunicado, divulgado antes da notícia de que os inspetores haviam chegado a Duma, o governo francês pediu ao governo sírio que desse "acesso completo, imediato e sem obstáculos aos investigadores da Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq)".

EUA, Reino Unido e França realizaram uma operação militar conjunta no fim de semana contra pontos estratégicos do regime sírio em retaliação a Assad pelo suposto ataque químico. Com mais de 100 mísseis, os três países bombardearam o que afirmaram ser um centro de pesquisa e desenvolvimento de armas químicas perto da capital Damasco e dois armazéns de estocagem do armamento na província de Homs.

Ajuda da Europa

O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou na segunda-feira,16, que a França contribuirá com € 50 milhões para ajuda humanitária de urgência na Síria após uma reunião com um grupo de organizações não-governamentais (ONGs) em Paris. Os recursos serão alocados para ONGs e agências da Organização das Nações Unidas que estão trabalhando em solo na Síria, incluindo o escritório da ONU para assuntos humanitários, disse o gabinete do presidente francês.

"Nesta noite, eu reuni ONGs que trabalham em solo na Síria. Diante da situação humanitária, a França está criando um programa de emergência de 50 milhões de euros", disse Macron em sua conta oficial no Twitter.

Guerra de grandes proporções?

Cerca de 20 ONGs participaram da reunião com Macron no Palácio do Eliseu, incluindo Action Aid, Handicap International, Cruz Vermelha e Care. Segundo estimativas da ONU, cerca de 13 milhões de pessoas, incluindo 6 milhões de crianças, estão precisando de ajuda humanitária na Síria, abalada por uma guerra que já dura sete anos e deslocou milhões.

O ministro do Exterior alemão, Heiko Maas, disse nesta terça-feira que o processo de paz deve ser garantido e que canais de comunicação com a Rússia são necessários para alcançar uma solução política para os sete anos de guerra no país árabe. Ainda que a Alemanha tenha apoiado a operação militar ocidental, sem participar, ele disse que os alemães podem contribuir com esse canal:

"O objetivo que estão buscando no Ministério do Exterior é manter a Alemanha como parte valiosa da iniciativa de paz", disse ele em coletiva de imprensa. "O objetivo é que, em nosso papel, possamos ser aqueles para abrir a janela do diálogo com a Rússia. Precisamos usar este momento para pôr o processo político em andamento novamente. Também precisamos da Rússia para este diálogo".

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