Lesões incapacitantes

Dores nas costas são a maior causa de afastamento do trabalho no MA

Levantamento feito pelo Ministério do Trabalho aponta que 354 pessoas no estado deixaram de trabalhar devido ao problema; de 65% a 80% da população no mundo já desenvolveu este tipo de problema de saúde

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31
354 pessoas  no estado se afastaram de suas funções por dores nas costas
354 pessoas no estado se afastaram de suas funções por dores nas costas (dor nas costas)

Seja no escritório, no canteiro de obras, no comércio, vendendo seus produtos, ou mesmo agora, lendo esta reportagem (dependendo da posição em que o leitor esteja sentado ou deitado), em algum momento cidadãos do Brasil e do mundo já sentiram aquele incômodo na região dorsal que, dependendo do caso, pode até significar invalidez para atividades profissionais. Dados do Ministério do Trabalho (MTE), repassados a O Estado, apontam que, em 2017, a “dorsalgia” ou popular “dor nas costas” foi a principal causa de afastamento do trabalho e, em consequência, de concessão de benefícios sociais e/ou previdenciários, seguindo uma tendência nacional.

No total, de acordo com o Governo Federal, foram autorizados 2.282 benefícios por acidentes e adoecimentos no trabalho no Maranhão, uma média de uma concessão a cada aproximadamente seis horas. Por causa da demanda e quantidade de pacientes, especialistas aperfeiçoaram métodos que têm se mostrado, a cada dia, mais eficazes, como o RPG.

O fator de afastamento superou outras razões que, há alguns anos, eram líderes no quesito, como fraturas de braço, de ombro, luxações e distensões nas articulações. Segundo o MTE, somente no ano passado 354 pessoas em todo o território maranhense se afastaram de suas funções em decorrência de fortes dores nas costas. Especialistas apontam que, dependendo do grau da lesão e da exigência no local de trabalho, as concessões para este tipo de acometimento são necessárias e poderiam ser ampliadas para mais beneficiários.

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A quantidade de afastamentos em virtude de “dores nas costas” supera, por exemplo, as fraturas nas pernas (incluindo o tornozelo), que estão em segundo lugar no quesito federal. A “dorsalgia” supera as lesões nas pernas em 44%. As fraturas ao nível do punho e da mão, que incluem, por exemplo, os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (os chamados DORTs) foram responsáveis, de janeiro a dezembro do ano passado, por 147 afastamentos. Por sua vez, fraturas no antebraço (com 122 afastamentos) e no pé, exceto no tornozelo, com 118 afastamentos também estão entre as principais lesões que causam afastamento de trabalho no Maranhão.

Outros transtornos de discos intervertebrais, com 95 casos de suspensão das atividades de trabalho, também foram responsáveis pela sexta causa de acometimentos no estado. Fraturas nos ombros e nos braços afastaram, em 2017, 82 pessoas de suas jornadas de emprego. Luxações, entorses e distensões das articulações e dos ligamentos do joelho foram responsáveis por 46 afastamentos de trabalho no ano passado em todo o território estadual.

Além das causas ligadas a problemas no organismo, reações ao stress grave e transtornos de adaptação, ou seja, quando não há convergência entre a condição psicobiológica e a capacidade de realização de sua função no trabalho, também são fatores que estão entre os principais motivos de desligamento do trabalho. Em todo o ano passado, 38 pessoas no Maranhão deixaram de trabalhar devido ao problema.

SAIBA MAIS

Além das dores nas costas, outro problema comum e que acomete trabalhadores no estado do Maranhão é a chamada sinovite – ou inflamação da membrana sinovial. Trata-se de uma lesão grave em uma fina camada de tecido conjuntivo que reveste estruturas, como tendões, por exemplo. Além de causar fortes dores, a lesão também é responsável pela incapacitação permanente de muitas pessoas. Dados do MTE apontam que, em 2017, 38 pessoas se afastaram de suas atividades laborais em todo o estado. Além da sinovite, existe ainda a tenossinovite, ou inflamação na membrana que recobre o tendão.

Como tratar o popular “bico de papagaio”

Conhecida popularmente como “bico de papagaio” – expressão esta aceita por fisioterapeutas e médicos em geral – a osteofitose, é um dos males que atingem a coluna e causa uma das lesões mais comuns na região dorsal sendo também responsável por boa parte dos pedidos de licença dos trabalhadores das atividades laborativas no Maranhão. Estima-se que mais da metade da população acima dos 50 anos de idade no estado possua ou já tenha sofrido do problema, que causa fortes dores e pode, na maioria dos casos, levar ao tratamento cirúrgico.

O “bico”, ou osteofitose (referente ao osteófito, cujo formato lembra literalmente o bico da ave), aparece a partir do momento em que os indivíduos passam a se posicionar de maneira errada na hora de sentar, de ficar em pé, de ler um livro, dentre outras situações do dia-a-dia, causando a desidratação do disco intervertebral e a formação dos osteófitos, o que favorece a aproximação das vértebras e torna possível a compressão das raízes nervosas. No local de trabalho, especialmente para quem fica por horas em uma mesma posição, o problema aparece devido à rigidez natural ou adquirida da coluna vertebral, que causa a calcificação das vértebras, provocando imensas dores nas costas.

Assim que aparece no organismo, normalmente é considerada irreversível. No entanto, de acordo com os especialistas, pode e deve ser controlada em tempo hábil, para evitar – nos casos mais graves – até a ausência de mobilidade do paciente. Segundo os especialistas, a fisioterapia manual (sem a utilização, na prática, de aparelhos), a reeducação postural e a prática orientada de exercícios físicos ajudam, neste caso, a recuperar a estabilidade, afastando assim as dores.

Para a fisioterapeuta Emanuelle Sá, formada pela Universidade Estadual do Piauí (PI), é necessário tratar o mal o quanto antes. “Pessoas acima dos cinquenta anos de idade, em especial, costumam apresentar estas dores. É fundamental que elas procurem um médico para o tratamento mais específico acerca do caso”, disse.

Tira-dúvidas – Afastamento por dorsalgia (dor nas costas)

A liberação das atividades laborais devido às dores nas costas, além da autorização e comprovação médica de que, de fato, o cidadão, depende ainda do aval do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Para esclarecer essas e outras dúvidas sobre o tema, O Estado conversou com o médico do trabalho Carlos Frias, que atua na área desde 1987.

Como se dá inicialmente a avaliação de um paciente que, até aquele momento, tem potencialmente dorsalgia?

Carlos Frias – É necessário, num primeiro momento, saber das características do (a) paciente, ou seja, saber qual sua idade, seu peso, quais os seus hábitos, ou seja, se é sedentário, como é sua alimentação. A partir daí é construído um perfil do mesmo para que seja elaborado, em tempo hábil, um diagnóstico acerca do caso.

A partir da comprovação de que aquele (aquela) paciente está incapacitada para as suas atividades laborais, o que o médico do trabalho deve fazer?

Carlos Frias – Cada caso é um caso, é sempre importante frisar isso. Mas neste caso, o médico ou a médica pode emitir um atestado para que a pessoa fique liberada de suas funções de trabalho por quinze dias. A partir do décimo sexto dia, conforme explicita a legislação sobre o tema, o (a) interessado (a) deve procurar uma agência do INSS mais próxima para, a partir daí, solicitar um benefício como o auxílio-doença, por exemplo.

O tempo de afastamento, de forma preliminar, é medido por quem?

Carlos Frias – Nos casos de dorsalgia, normalmente pelo médico e preferencialmente pelo profissional ligado ao INSS. Ele pode, por exemplo, optar por um tempo maior de afastamento, ou seja, que varie de trinta a noventa dias, dependendo do grau da lesão. É neste momento que geralmente é feito o Nexo Técnico, ou seja, a relação entre a lesão e a atividade desenvolvida pelo trabalhador. Ou seja, é feita uma avaliação para se saber se, de fato, aquela dor nas costas é oriunda do esforço laboral ou se partiu de outros fatores.

É possível mensurar o percentual de pessoas que, diagnosticadas com dorsalgia, conseguem voltar às atividades laborais?

Carlos Frias – Sem dúvida que a maioria. Em alguns casos, a pessoa não volta para a sua função original e é encaixada, digamos assim, em uma outra tarefa que não exija tanto esforço físico. Um serviço que realiza essa readaptação de maneira casual é o setor de Reabilitação do INSS.

E sobre formas de se evitar a dorsalgia, o que o senhor sugere?

Carlos Frias – Não há segredo. Além da boa postura corporal, é importante que o paciente pratique, com frequência, atividades físicas para estimular a recomendada postura corporal. A alimentação, neste caso, também é fundamental e ajuda a evitar dores crônicas nas costas.

Causas das dorsalgias

Dor na região torácica
Dificuldade na respiração
“Pontada” na região do tórax
Sensação de queimação nas costas
O que fazer para evitar as dorsalgias
Evitar o uso de saltos altos
Praticar atividades físicas
Alimentar-se bem, com frutas e verduras em geral
Evitar dormir de bruços

Fonte: https://minutosaudavel.com.br

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