Ameaça

"A Guerra Fria voltou", alerta o secretário-geral da ONU

Antonio Guterres afirma que a situação na Síria representa agora o maior perigo para a paz e segurança internacionais; Rússia diz ter "provas irrefutáveis" de que ataque em Duma foi montagem

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31
Secretário-geral da ONU, António Guterres, alerta sobre o retorno da Guerra Fria
Secretário-geral da ONU, António Guterres, alerta sobre o retorno da Guerra Fria (Secretário-geral da ONU, António Guterres, alerta sobre o retorno da Guerra Fria)

NOVA YORK - O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou sobre o retorno da Guerra Fria e denunciou que a situação na Síria representa agora o maior perigo para a paz e segurança internacionais.

"A Guerra Fria voltou", disse Guterres ao Conselho de Segurança das Nações Unidas durante uma reunião solicitada pela Rússia para discutir as tensões em torno da Síria, depois que os Estados Unidos ameaçaram disparar mísseis contra o país em resposta ao suposto ataque químico do fim-de-semana.

O termo "Guerra Fria" refere-se ao período histórico de tensões e conflitos indiretos entre os EUA e a antiga União Soviética a partir do final da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1991.

Caos no Oriente

Segundo o chefe da ONU, o Oriente Médio vive hoje uma situação de "caos" e alertou sobre o risco de que os conflitos aumentem até um ponto incontrolável. "As crescentes tensões e a incapacidade de alcançar compromissos para estabelecer um mecanismo de prestação de contas (sobre o uso de armas químicas na Síria) ameaçam levar a uma total escalada militar", disse Guterres.

O secretário-geral disse que esta nova Guerra Fria apresenta, além disso, maior perigo, uma vez que as fórmulas que existiam há décadas para administrar riscos já não estão presentes.

Guterres insistiu com as potências internacionais sobre a necessidade de pactuarem a implementação de um mecanismo que atribua responsabilidades pelo uso de armas químicas na Síria, algo que existiu até novembro, quando a Rússia bloqueou sua continuidade.

“Se houver impunidade, estaremos encorajando o contínuo uso de armas proibidas”, disse o líder das Nações Unidas.

Provas irrefutáveis

A Rússia disse dispor de provas irrefutáveis de que o suposto ataque químico de sábado,7, contra a cidade de Duma, no reduto opositor de Ghouta Oriental, foi uma montagem para culpar Moscou e o regime de Damasco.

"Temos dados irrefutáveis de que se trata de uma nova montagem, e que por trás está a mão dos serviços secretos de um país que nestes momento trata de estar na vanguarda da campanha contra a Rússia", disse o ministro de Relações Exteriores russo, Serguey Lavrov.

Lavrov respondia assim às acusações dos Estados Unidos e seus aliados de que o governo de Bashar Al-Assad, protegido pela Rússia, lançou esse suposto ataque no qual morreram cerca de 50 civis.

Em entrevista coletiva após se reunir com seu colega holandês, o chanceler russo lembrou que uma missão de especialistas da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) está agora a caminho da Síria.

"Acredito que devem chegar a Damasco amanhã [ sábado, 14,] pela manhã e confiamos que se dirijam sem demora a Duma, onde nossos especialistas, que já estiveram no local, não acharam nenhum rastro do uso de armas químicas, seja cloro ou outra coisa", explicou.

Ao mesmo tempo, Lavrov advertiu contra a repetição na Síria das aventuras "militares como as que aconteceram em Líbia e no Iraque".

Lavrov reagia assim aos planos anunciados pelo presidente americano, Donald Trump, de atacar a Síria com "mísseis inteligentes" em represália pelo suposto ataque com armas químicas em Duma, no qual morreram 42 pessoas com sintomas de ter sido expostas a um agente nocivo.

A Rússia defende que as acusações do uso de armas químicas em Duma por parte das forças governamentais sírias são uma tentativa de justificar uma intervenção militar no país árabe.

A este respeito, Moscou, que considera "inadmissível" culpar Damasco do uso de armas químicas em Duma, advertiu que as consequências de um possível ataque dos EUA e seus aliados contra o Exército sírio seriam "graves", especialmente se as forças russas desdobradas no país forem afetadas.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.