Ameaça

Farc diz que acordo de paz da Colômbia está em seu ponto mais crítico

A crise é motivada pela detenção, com fins de extradição aos Estados Unidos, por tráfico de drogas, de Jesús Santrich, um dos líderes da organização

Atualizada em 11/10/2022 às 12h32

BOGOTÁ - O acordo de paz da Colômbia está em "seu ponto mais crítico", disse ontem Iván Márquez. o número 2 da antiga guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que se transformou no partido político Força Alternativa Revolucionária do Comum, de mesma sigla. A crise se deve à detenção, com fins de extradição aos Estados Unidos, por tráfico de drogas, de Jesús Santrich, um dos líderes da organização.

"Com a captura de nosso camarada Jesús Santrich, o processo de paz se encontra em seu ponto mais crítico e ameaça ser um verdadeiro fracasso", afirmou Márquez em um comunicado lido em uma coletiva de imprensa na capital colombiana .

Santrich foi preso ontem em Bogotá pelo Ministério Público da Colômbia com base em uma circular vermelha da Interpol a pedido da Justiça dos Estados Unidos, que o acusa de continuar se dedicando ao narcotráfico, mesmo depois da assinatura do acordo de paz em 24 de novembro de 2016.

"A detenção de Santrich faz parte de um plano orquestrado pelo governo dos Estados Unidos com a ajuda do Ministério Público colombiano", acrescentou Márquez. O número 2 da antiga guerrilha disse que esse suposto plano "ameaça todo o ex-comando, com o propósito de decapitar a direção política do partido e sepultar os anseios de paz do povo colombiano".

Debandada

Segundo a Farc, a detenção de Santrich "tem como objetivo forçar a debandada do processo (de paz) para justificar a continuidade da violência". No comunicado, Márquez pediu ao presidente colombiano, Juan Manuel Santos, "que cumpra o acordo e sua palavra" e solicitou "uma reunião de urgência".

"A Colômbia toda tem que reagir, o sucedido é muito grave, estão levando o processo de paz ao despenhadeiro do descumprimento, da perfídia", disse Márquez em declarações aos jornalistas.

O chefe das Farc insistiu que, diante da detenção de Santrich, deve haver uma reação do Executivo colombiano e do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para a Paz, mas o presidente Santos foi enfático ontem ao dizer que não hesitará em assinar a extradição caso seja necessário.

O acordo de paz garante a não extradição de membros das Farc por crimes cometidos antes da assinatura do documento e por ocasião do conflito armado, mas isso não cabe no caso de Santrich, porque, segundo as autoridades, as acusações de narcotráfico são posteriores à assinatura do acordo.

Junto com Santrich foram capturados outros três indivíduos identificados como Marlon Marín; Armando Gómez e Fabio Simón Younes Arboleda.

Ao ser perguntado hoje sobre se Marlon Marín é seu parente, Iván Márquez, cujo nome de batismo é Luciano Marín Arango, respondeu: "efetivamente", e acrescentou que "tudo faz parte da montagem armada pelo procurador-geral da nação".

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