Preocupação epidemiológica

Detento com suspeita de meningite teve contato com 13 presos

Informação foi confirmada a O Estado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). Paciente teria apresentado sintomas da doença quatro dias antes de sua morte.

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h32
Crianças e adultos devem ser imunizados contra meningite
Crianças e adultos devem ser imunizados contra meningite (Meningite)

O detento do Presídio São Luís 3, do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, Moisés Oliveira Lima, de 24 anos, que faleceu com suspeita de meningite no sábado, dia 31 de março, teve contato com outros 13 presos da unidade prisional enquanto estava enfermo. Ele permaneceu internado, por quatro dias no Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão I), conforme divulgado pelo Instituto Médico Legal (IML). Temendo a possibilidade de surto da doença nas instalações carcerárias, o Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário do Maranhão (Sindspem) solicitará, com urgência, a imunização do trabalhadores do PSL 3.

Até o fechamento desta edição, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) não informou os nomes dos presos que tiveram contato com Moisés Lima. Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que, em Pedrinhas, existem dois núcleos de saúde, em que são disponibilizados aos detentos profissionais multidisciplinares, que contam com equipamentos de raio-X, odontologia, farmácia e todo o material utilizado comumente para primei­ros socorros. Ainda de acordo com a pasta, os presos que tiveram contato – além dos profissionais de saúde e agentes penitenciários mais próximos ao paciente – farão exames e adotarão procedimentos preventivos.

Apesar de informar acerca da estrutura disponibilizada aos presos em Pedrinhas, a SES informou que, “por não se tratar de unidade de saúde”, os detentos enfermos (ou seja, com algum sintoma de doença grave) são encaminhados a uma unidade de saúde fora dos limites das instalações carcerárias. Segundo apurou O Estado, foi o que aconteceu com o preso Moisés Lima.
Ele foi encaminhado, após receber os primeiros atendimentos no Núcleo de Saúde de Pedrinhas, no dia 28 do mês passado – 24 horas após apresentar febre alta e outros sintomas – para o Hospital Clementino Moura (Socorrão II).

Diante do quadro de saúde considerado grave, o preso foi transferido, no mesmo dia em que chegou ao Socorrão II, para o Hospital Djalma Marques (Socorrão I). Apesar dos cuidados, o paciente faleceu. Mesmo confirmando a internação do preso no Socorrão I, O Estado apurou, com fontes internas na unidade, que não consta nenhum dado sobre ele nos setores de emergência e das UTIs do hospital.

O Estado também confirmou com funcionários que participaram do exame cadavérico de Moisés Lima que ele apresentava to­dos os sinais de meningite. Até o momento, o Governo não confirmou quando serão divulgados os resultados dos exames que atestarão ou não a doença no paciente.

NOTA DA SES SOBRE O CASO

O preso Moisés Oliveira Lima estava bem de saúde até o dia 27 de março, quando apresentou febre alta e outros sintomas. Imediatamente, a equipe de segurança prisional o levou a um dos Núcleos de Saúde do Complexo Penitenciário São Luís, onde ficou no atendimento separado (mesmo ainda não tendo o diagnóstico). Na manhã seguinte (28), o interno foi encaminhado ao Hospital Municipal Clementino Moura (Socorrão II), e transferido, em seguida, ao Hospital Municipal Djalma Marques (Socorrão I). O preso permaneceu internado ali por quatro dias, e faleceu sábado (31), por suspeita de meningite.
Tão logo recebeu a notícia, a gestão prisional acionou a Secretaria de Estado da Saúde (SES) e a Vigilância Sanitária para que os 13 (treze) presos que tiveram contato com o interno enfermo; a enfermeira e os Agentes que escoltaram este até o hospital fossem submetidos aos procedimentos de ‘profilaxia’ (utilização de procedimentos e recursos para prevenir e evitar doenças).
O Sistema Penitenciário do Maranhão, atualmente, é dotado de uma estrutura médica para atender aos custodiados. No Complexo Penitenciário São Luís, por exemplo, há dois Núcleos de Saúde, onde trabalha uma equipe multidisciplinar, compostas por profissionais de saúde, lotados no sistema prisional e também na Secretaria de Estado da Saúde (SES), a exemplo de médicos, enfermeiros e especialistas. Lá, os presos dispõem de equipamentos de raio-X, odontologia, farmácia, e todo o material utilizado comumente para primeiros socorros.

Sindicato dos agentes penitenciários solicitará imunização para todos os presos e funcionários

O presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário do Maranhão (Sindspem), Ideraldo Gomes, informou nesta sexta-feira, 6, a O Estado que encaminhará, na próxima segunda-feira, 9, ofício à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) solicitando a imunização dos presos de unidades prisionais e funcionários contra a meningite. O pedido será feito a partir do caso ocorrido com o detento Moisés Oliveira Lima e da suspeita de que outras pessoas que tiveram contato com ele tenham sido infectadas.

Segundo o presidente da entidade, a suspeita de que um preso tenha sido infectado por meningite põe em alerta toda a comunidade prisional e pessoas que lidam diariamente com os detentos. “Trata-se de uma doença extremamente contagiosa e que necessita de cuidados urgentes”, dis­se. Ainda de acordo com o dirigente, apesar da suspeita, até o momento nenhum familiar de agente procurou o sindicato para alegar infecção por meningite. “Até o momento, não recebemos nenhuma denúncia sobre o caso”, disse.

O apelo, ainda de acordo com o dirigente, será de imunização dos presos, independentemente do crime cometido. “Todos são seres humanos, apesar dos crimes que praticaram. Quer sejam de alta periculosidade, quer não, todos merecem os cuidados médicos”, disse.

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