Diplomacia

Seul e Pyongyang marcam 1ª cúpula em mais de 10 anos

Reunião deverá acontecer no dia 27 de abril; a ameaça dos seus programas nuclear e de mísseis chegou ao auge no ano passado, provocando uma crise diplomática global envolvendo também sobretudo a China, o Japão e os EUA

Atualizada em 11/10/2022 às 12h32
O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, ao lado do líder supremo norte-coreano, Kim Jong-un
O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, ao lado do líder supremo norte-coreano, Kim Jong-un (O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, ao lado do líder supremo norte-coreano, Kim Jong-un)

SEUL - A Coreia do Norte e a Coreia do Sul marcaram para 27 de abril a sua primeira cúpula com a presença do líder supremo Kim Jong-un, de Pyongyang, e o presidente Moon Jae-in, de Seul, em mais de uma década, disseram autoridades sul-coreanas. Enquanto os dois lados se engajam num processo de reaproximação, com delegações de ambas as partes já tendo cruzado a fronteira para visitas oficiais, Kim estaria se comprometendo com a desnuclearização do seu regime. A ameaça dos seus programas nuclear e de mísseis chegou ao auge no ano passado, provocando uma crise diplomática global envolvendo também sobretudo a China, o Japão e os Estados Unidos.

As duas Coreias já haviam concordado em realizar a cúpula no vilarejo de fronteira de Panmunjom, depois que enviara uma delegação a Pyongyang para se encontrar com Kim neste mês. Anteriormente, autoridades de alto nível do Norte haviam viajado a PyeongChang para os Jogos Olímpicos de Inverno, que se tornaram palco para as primeiras movimentações dos esforços para o alívio das tensões na Península Coreana.

Um comunicado conjunto lido pelas delegações do Sul e do Norte na quinta-feira,29, diz que os dois lados concordaram em realizar a Cúpula Sul-Norte 2018 na Casa da Paz sul-coreana. Panmunjom, localizada na fronteira e situada na Zona Desmilitarizada entre os dois países, foi o cenário da assinatura do armistício da Guerra da Coreia (1950-1953).

Kim será o primeiro governante norte-coreano a pisar em território sul-coreano desde o fim da guerra — a sua irmã, Kim Yo-jong, fez a primeira visita de uma pessoa da dinastia Kim neste ano, no marco 6dos Jogos Olímpicos de Inverno. De acordo com a versão oficial norte-coreana, seu avô e predecessor Kim Il-sung entrou várias vezes em Seul durante o conflito, cidade que caiu em duas ocasiões sob o controle das forças norte-coreanas. Os países já celebraram duas reuniões de cúpula, em 2000 e em 2007, mas ambas aconteceram em Pyongyang.

Os Jogos Olímpicos de Inverno, organizados em fevereiro pela Coreia do Sul, estimularam uma rápida aproximação entre as duas Coreias. Esta fase de distensão acontece após vários anos de inquietação com os programas balístico e nuclear da Coreia do Norte, que acirraram os ânimos e provocaram uma troca de ofensas pessoais e ameaças entre o presidente americano, Donald Trump, e Kim Jong-un.

As delegações das duas Coreias, cada uma com três membros, se reuniram no Pavilhão da Reunificação, no lado norte-coreano de Panmunjom.

"Os últimos 80 dias produziram vários acontecimentos sem precedente nas relações intercoreanas", destacou Ri Son-gwon, que preside o Comitê Norte-Coreano para a Reunião Pacífica da Península.

Kim na China

Paralelamente, o chefe da diplomacia chinesa, Yang Jiechi, viajará a Seul para informar o presidente sul-coreano sobre os resultados da visita de Kim Jong-un a Pequim. Kim visitou a China em sigilo nesta semana. A escolha de Pequim para sua primeira viagem ao exterior desde que assumiu o poder, no fim de 2011, parece demonstrar o retorno dos laços diplomáticos com os chineses ao primeiro plano na politica externa de Pyongyang.

China e Coreia do Norte são aliadas desde que lutaram juntas na Guerra da Coreia, e Pequim é o principal sócio econômico do regime de Pyongyang. Mas as relações bilaterais passaram por uma crise nos últimos anos, em consequência do crescente apoio da China às sanções econômicas da ONU, que pretendiam impedir as ambições nucleares norte-coreanas.

Kim e o presidente chinês, Xi Jinping, elogiaram as relações históricas dos países durante a viagem do líder norte-coreano a Pequim. No encontro, Xi aceitou um convite para visitar a Coreia do Norte, segundo a agência norte-coreana KCNA.

"Sem dúvida, minha primeira visita ao exterior deveria ser à capital chinesa. É meu dever solene", disse Kim, de acordo com a KCNA.

Desnuclearização da Península

O norte-coreano afirmou ainda na visita que é favorável à desnuclearização da Península Coreana, segundo a agência chinesa Xinhua. Mas destacou que espera "medidas progressivas e sincronizadas para alcançar a paz" por parte de Seul e Washington. Analistas destacaram que as duas partes tinham interesse na reunião: Pyongyang para obter o apoio de Pequim; a China para proteger os interesses no que considera um país sob sua influência.

Além disso, na quinta-feira, 29, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, iniciou uma visita diplomática à Coreia do Norte. Durante a visita, as reuniões abordaram "o desenvolvimento do esporte na República Popular da Coreia, depois da exitosa participação" de seus atletas nos Jogos de Inverno de PyeongChang, assim como a preparação dos atletas norte-coreanos "para uma classificação ou uma participação nos Jogos Olímpicos de 2020 em Tóquio, nos Jogos de Inverno de 2022 em Pequim e nas edições dos Jogos da Juventude de 2020 e 2022", destacou o órgão.

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