Wikileaks

Equador corta comunicação de Assange com o exterior em sua embaixada em Londres

Quito justificou medida como represália a ativista por interferir em assuntos de outros países. Dois dias antes, fundador do Wikileaks se manifestou sobre represálias do Reino Unido à Rússia após envenenamento de ex-espião

Atualizada em 11/10/2022 às 12h32

LONDRES - O Equador anunciou ontem que cortou os sistemas de comunicação "com o exterior" de Julian Assange, refugiado em sua embaixada em Londres. A medida é uma nova represália por interferir em assuntos de outros países.

Em um comunicado, o governo Lenín Moreno adverte o ciberativista australiano que pode adotar "novas medidas diante do descumprimento do compromisso [de não interferir] por parte de Assange".

"A medida foi adotada diante do descumprimento por parte de Assange do compromisso escrito que assumiu com o governo em dezembro de 2017, com o qual obrigava-se a não emitir mensagens que representassem uma ingerência em relação a outros Estados", diz o comunicado oficial do governo.

Depois de sucessivos pedidos por parte da Chancelaria equatoriana, Assange voltou a se manifestar sobre questões políticas que afetam outros países na segunda-feira,26, quando criticou pelo Twitter a decisão do governo britânico de expulsar diplomatas de Moscou em resposta ao envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal.

"Apesar de ser razoável que Theresa May [primeira-ministra britânica] pense que o Estado russo é o primeiro suspeito, até agora as provas são circunstanciais", comentou o ativista.

O fundador da Wikileaks - organização que revelou esquemas de espionagem secretos da agência americana NSA (Agência de Segurança Nacional) - já havia tido a comunicação cortada uma outra vez, em 2016.

Hóspede incômodo

Assange buscou refúgio na embaixada equatoriana fugindo de um mandado de prisão europeu porque a Suécia o reivindicava como suspeito de crimes sexuais cometidos em 2010. A Justiça sueca arquivou a investigação, mas a polícia britânica ainda quer prendê-lo por violar os termos de sua liberdade condicional em 2012.

Assange também teme sair da embaixada e acabar em uma prisão dos Estados Unidos pelo vazamento de segredos de Estado do país.

Em várias ocasiões, o governo de Quito criticou o fato de seu hóspede interferir em assuntos de países terceiros, como nas últimas eleições dos Estados Unidos -- nas quais o Wikileaks divulgou mensagens comprometedoras da campanha da candidata Hillary Clinton -- ou na recente crise política na Catalunha, onde se posicionou em favor dos independentistas.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.